Sarney nunca foi MDB

O presidente do Senado José Sarney é a prova de que políticos dificilmente renegam suas origens. Minha convicção dá-se por seu perigoso discurso na tribuna do Senado nesta segunda-feira. “Não há lei de imprensa...” disse ele em um dos trechos de sua oratória. Queixando-se da falta de privacidade na vida pública, deixou subtendida a necessidade de calar as vozes que denunciam atos questionáveis de quem deveria saber as exigências de uma vida pública. Então neste país que a política não se renova, apenas passa de gerações, nos remetemos ao passado, e lembrar que Sarney nasceu nas entranhas da arena, braço fiel da ditadura, e que ele próprio por fisiologismo e conveniências trocou pelo MDB, e num “golpe de sorte” ou ao acaso acabou tornando-se presidente deste país. Talvez este ato de “macaco velho” como se diz no jargão político trouxe-lhe o comando da maior sigla política da nação. Sarney nunca foi MDB. Suas raízes não estão fundamentadas no movimento democrático. Sua atuação não passa de simples defesa de seus próprios interesses, e seu discurso comprova de onde nasceu, e não me surpreenderá nada que ele próprio conduza e lidere algo que tente enquadrar a imprensa que notícia as falcatruas de quem “a priori” nos deveria dar exemplo. Uma Lei de Imprensa, como ele próprio falou. Sarney ainda esta fortemente ligado ao passado, e deveria perceber que o mundo mudou. A vida pública, cada dia está mais pública, e os políticos ou os políticos se atualizam a este novo mundo, com a informação instantânea, ou terão de proferir discursos de apologia á censura como fez o presidente do Senado. Um típico discurso de suas origens políticas.