O Brasil pós-Lula

Uma guerrilheira na presidência? Bem, isso não é nada, já tivemos um líder sindical, e ele não foi pior do que o professor da Sorbonne, que o marechal, ou o general. O fato é que o presidente sozinho não governa nada. Lula fez o seu pacto com o PMDB, coisa que o FHC também fez e a Dilma fará também.

Está passando. O governo Lula está passando, e brevemente acabará. Enfim. O mundo ainda não acabou. Entre tsunamis e marolinhas, dengue, gripe suína, mensalão e mensalinho, dossiês e CPIs, o mundo não acabou. O Mário Amato continua no país.

Um balanço, ainda que prematuro da era Lula pode inferir que o seu governo, se não foi do povo, para o povo e pelo povo, conseguiu reduzir a miséria e aumentar a renda da população, com crescimento do mercado como um todo, o que impulsionou a produção e possibilitou ao país enfrentar uma séria crise internacional sem grandes perdas.

Não, não foi do povo, pelo povo, para o povo, foi também para as agro-indústrias, e para a grande indústria, sim, pois como líder sindical ele sabe que o sucesso das empresas é a garantia do emprego.

Ousarei afirmar que o que chegou aqui nas praias ocidentais do sul foi uma marolinha mesmo.

Mais uma vez a intuição do líder popular não falhou e o otimismo que ele consegue imprimir à população é de fazer inveja aos líderes de outros partidos. Esse otimismo, os seus inimigos acham que é pura fanfarronice, traduzido em discursos, muitas vezes insuportáveis, soa como exagero. A classe média o odeia. A grande imprensa não perde a oportunidade de mostrar as suas falhas. Mas o povão não está ligando nem um pouco para as críticas e a tendência é de que votará eternamente em Lula, a menos que apareça um líder melhor, maior e mais confiável.

A grande pergunta é se ele conseguirá transferir os votos para a sua candidata preferencial, Dilma Roussef, que parece ser um azarão eleitoral, sem grande experiência em campanhas, apresentando um perfil individual de pessoa pouco simpática e até mesmo autoritária, o que em política não é uma qualidade.

Uma guerrilheira na presidência? Um ex-presidente da UNE no poder? Bem, isso não é nada para o líder da era pós-Lula, que terá que eliminar de vez a corrupção e a política da divisão do poder entre os aliados, como se este fosse um animal abatido que deve ser destrinchado, o que a era Lula tão bem evidenciou para a sociedade.

E, qualquer que seja o eleito, os programas sociais não poderão ser desativados, nem entregue à sanha dos especuladores o petróleo do pré-sal.

O governo Lula está acabando, e, brevemente, não teremos mais que ouvir os seus discursos na televisão. Graças.