Aprendiz de Mãe...

Aprendiz de Mãe

Quem é a aprendiz de mãe ?

É a filha da mãe. Que numa bela noite, ou dia claro, por qualquer motivo, mesmo sem razão, querendo ou pura distração, planta dentro de si o germe do bicho chorão.

Depois deseja, enjoa, incha, espera. Imagina coisas. Sonha. Acorda assustada. Chora. Um pesadelo esquisito. Ri das bobeiras pensadas. Encuca com a cara frente ao espelho: gorda, feia de espantar marido!

Entra na fila do pré-natal. Visita o doutor. Toma vacina. Bebe fortificante. Brinca. Faz enxoval. Chá de berço. Trabalha.

São nove meses, quase um século!

Assim é a aprendiz de mãe: Um ser com emoção à flor da pele.

A filha da mãe começa a aprender com a mãe. É na relação com a mãe que a menininha vira mãe. Aumenta o conhecimento sobre a maternidade nas brincadeiras de bonecas, junto às amiguinhas, os amiguinhos. Vai inventando, imaginando os filhos que terá e como vai lidar com eles. Como vai dar banho, como vai trocar as fraldinhas, como vai educar o seu neném para ser um menino ou uma menina boazinha. O tanto que vai amá-lo.

Por isso mesmo, a mãe é importante para as futuras mamães. E as brincadeiras também.

Mesmo que a mãe esteja ausente, ainda é com a figura da mãe que a criança vai aprender. É bem possível que a criança, em suas brincadeiras, se comporte igualzinho à mamãe que perdeu. E quando for mãe de verdade poderá vir a ser do jeitinho da mamãe que gostaria ter.

Vou lembrar, ninguém vive sozinho.

Muito menos a futura mamãe pode estar sozinha. É preciso que o meio ambiente ofereça a atenção necessária para que ela possa levar adiante, da melhor forma possível, a sua gestação. O ambiente mais favorável para a mamãe é o próximo dela.

Seu companheiro é muito importante. Ele precisa “gestar” com ela. Oferecer carinho extra, paciência, compreensão ilimitada. Os familiares completam o palco onde desenrola a gravidez. São eles que podem oferecer o suporte para que a aprendiz sinta, com confiança, que é capaz de gerar e cuidar do seu bebe como ninguém.

Mas a vida não é o Paraíso.

Pode acontecer que falte à mamãe o cuidado do companheiro. Ele pode estar trabalhando fora. Ele pode estar ausente. Pode acontecer dela se sentir sozinha no mundo. Não importa.

O ambiente precisa estar atento à procura da aprendiz de mãe.

Não é muito o que ela necessita.

São pequenas coisas que a vizinhança tem à disposição, aos profissionais de saúde sobra ...é só acreditar e distribuir: um pouco de atenção, uma pitada de respeito, um pedacinho de carinho... até que, entre correrias, riso, choro, dor, suor, gritos, gemidos, sangue nasce o bichinho

Que alegria! O neném nasceu!... lindão, parece o papai ... lá fora, boquiaberto, babando de contentamento.

Agora sim, a mamãe vai testar o quanto aprendeu e vai aprender mais. É o bebe que vai completar o ensinamento da mãe. O recém nascido é o último professor da maternidade.

E não importa quantos filhos a mulher tenha. A cada novo parto terá que aprender, com este novo filho, como é ser mãe para ele.

Nos primeiros dias do nascimento a mamãe precisa ficar atenta, curiosa, paciente, por que o seu filhinho vai lhe ensinar uma coisa muito importante para os dois. Muito mais para ele. Pode ser determinante para o resto da sua vida. Pode ser a garantia para uma meninice sadia, para uma adolescência inquieta e para as possibilidades de uma vida adulta com saúde emocional. A esperança de tornar-se um ser capaz de enfrentar as dificuldades da vida, sem sucumbir, sem adoecer emocionalmente.

É uma coisa que ninguém sabe. Só o bebê sabe. É o jeito como ele quer ser pegado, agarrado, acariciado, amamentado. Como ele quer o colo da mãe.

O bebê precisa do colo da mãe, mas do jeito que ele quer. E quando a mãe consegue dar ao seu bebê o colo que ele precisa, ela contribui de maneira inimaginável para a sua saúde física e emocional. Podem acreditar, é o primeiro e maior presente que a mãe dá ao seu filho.

Ser boa mãe é ser suficientemente capaz de atender às necessidades ilimitadas de atenção de seu bebê nos primeiros dias.

Continuar a ser boa mãe é ser capaz de permitir que o filho abandone a posição de dependência absoluta para uma posição de interdependência.

É preciso que ele aprenda a existir separado da mãe. Ele deverá aprender que mãe e filho têm existência própria. É preciso que ele aprenda a viver no meio das pessoas. Ele deverá saber que o convívio social implica obedecer regras, normas. Cultivar valores que são comuns para muitas pessoas. A criança deve aprender a valorizar as crenças da sua comunidade. Deverá aprender a respeitar pessoas que são diferentes de si: na cor, no sexo, na idade, na religião, nos costumes. Ele precisará aprender a construir um projeto de vida, um objetivo para ser perseguido ao longo da existência, não importa o quanto o seu presente seja cheio de dificuldades.

A mamãe deverá educar seu filhinho com amor, paciência, tolerância, persistência e firmeza.

A sua criança precisa de educação para ser uma nova mamãe, um novo papai.

É mais ou menos assim que se aprende a ser mãe; sem estresse!

João dos Santos Leite

Psicólogo – CRP 04-2674

Joao dos Santos Leite
Enviado por Joao dos Santos Leite em 01/09/2009
Reeditado em 01/09/2009
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