No limite da loucura

Assunto polêmico, difícil de discutir, mas que precisa ser encarado de frente é a questão dos vícios, das drogas, do tráfico, do crime organizado.

Hoje em dia vemos polícia fraca, traficantes fortalecidos, valores invertidos. A mídia enfoca, os políticos prometem, todos reclamam, mas o horizonte continua negro – sem previsão de bom tempo.

O traficante dá toque de recolher e a comunidade obedece. O terror predomina onde deveria reinar a paz. Mas, o que fazer? O poder econômico comanda tudo – e isso é fato real e inquestionável. A repressão é infrutífera numa cultura desestruturada, onde não se sabe mais quem é o “mocinho” . O “bandido” da sociedade pode ser o herói do adolescente desorientado.

O traficante recruta seus futuros e cativos clientes na porta da escola. Pessoas influentes da comunidade posam de “honradas” e comandam tudo na “surdina”. Autoridades competentes alegam impotência contra tentáculos poderosos... É realmente complicado e ninguém põe a mão no fogo apenas para vê-la queimada. Enquanto isso, a sociedade desmorona...

Então, por que não radicalizar de vez? A maioria dos viciados já se comprometeu com a morte e não faz questão de adiá-la. Pelo contrário, pagam adiantado para antecipá-la. Dispõe do que não tem pela droga que fazem questão de consumir e entristecem gratuitamente a família.

Robin Hood roubava dos ricos para dar aos pobres. Os traficantes estão podres de ricos e os viciados podres de pobres (de corpo e alma). A polícia federal poderia, então, tomar as drogas dos traficantes e, em vez de destruir, distribuí-las – de forma organizada e muito bem controlada – aos viciados cadastrados e sob controle das autoridades, já que eles vão, de qualquer forma, procurá-la. Isso afetaria as finanças dos traficantes que vivem e se fortalecem no monopólio da situação. Concorrência “desleal” que levaria qualquer organização à falência. Claro que para isso precisaria adequar a lei à nova realidade, com acompanhamento psicológico e tratamento adequado. Parece loucura? Pior é viver o terror de hoje em dia, quando a maioria enfia a cabeça no buraco como o avestruz. Se alguém tem proposta melhor que se manifeste... Pois a maioria apenas se cala – por medo ou omissão.

Quando não encontramos algo perdido devemos procurá-lo nos lugares mais inusitados. Às vezes se encontra o isqueiro na geladeira. Quem o colocou lá e porque fez isso, não vem ao caso. O importante é que era lá que ele estava. A lógica não existe quando lidamos com o irracional. Então, radicalizar pode fomentar um fórum para discutir adequadamente a situação. Quem sabe, até, errar um pouco na busca do caminho certo. Mas buscá-lo, em vez de considerar o problema insolúvel. Hoje já se distribui camisinhas e coquetel contra a AIDS. Tudo é paradoxo, quando se trata de algo incomum...

Lourenço Oliveira
Enviado por Lourenço Oliveira em 20/06/2006
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