Futuro ou interesse monetário?

Eu estive presente no Centro de Convenções da Amazônia participando do encontro aberto “Uma análise crítica do projeto Um Laptop por criança”, ministrado pelo Sr. Waldemar Setzer (USP), oferecido pela 59° Reunião da SBPC. No dia seguinte, entusiasmada pelo tema, procurei a Mesa-redonda com o tema: “Programa Um Computador por Criança”, tendo como coordenadora a Srª. Cláudia Maria Bauzer (Unicamp), oferecida no mesmo evento.

O projeto abordará cerca de 55 milhões de crianças e adolescente do ensino básico das escolas públicas do nosso país. Despertando preocupações em pais e mestres. O programa tem como objetivo dar um laptop para cada um dos alunos, na intenção de melhorar o rendimento escolar.

O que o programa esquece é que somos um país em desenvolvimento, sem estrutura para um projeto tão audacioso.

Nós somos o norte do Brasil. Somos a região que acompanha o desespero pelo abandono para com a educação. Vemos professores sem capacitação, salários baixos, escolas sem estruturas físicas, alunos sem carteiras, professores sem conhecimento pedagógico para usar um livro didático ou um simples projetor, que já está só na memória de alguns.

Portanto, acredito que a solução não é dar computadores portáteis aos nossos alunos. Não é disso que precisamos.

O programa não definiu o conteúdo dos softwares, mas garante que os jovens melhoraram o seu desempenho escolar. As estatísticas que foram apresentadas pelo Sr. Waldemar provam totalmente ao contrario. Dados de pesquisas científicas mostraram que crianças que possuem computador em casa têm um rendimento escolar menor que aquelas que não possuem. No projeto piloto que está sendo realizado em Porto Alegre, organizado pela Srª. Lea Fagundes despertou preocupações em muitos pais, pois os filhos estariam ansiosos para levar as máquinas para casa, ação essa que foi vetada pelos próprios pais. Um dos motivos é que algumas crianças já eram proibidas de usar o computador residêncial. Outro motivo é que muitos dos alunos retornam sozinhos para casa, correndo o risco de serem assaltados e as máquinas extraviadas. Esse fato muito importante, pois a responsabilidade da manutenção é exclusivamente do aluno. O programa alega que é de muito fácil manuseio, porém os computadores estão sendo guardados na sala do diretor durante a noite.

Minha grande preocupação é: Como e quanto pedagogos e profissionais da educação estão envolvidos neste projeto? Será que os interesses estão voltados para a melhoria da educação de todo o país? Ou os interesses estão voltados para a área da informática e acúmulos de algumas cifras?

Cada máquina está, hoje, no valor de U$ 175,00 dólares, para 55milhões de jovens, seria uma verba de abrir os olhos de muitos políticos.

São questões para NÒS, como sociedade refletirmos e mostrarmos nossa opinião, mostrar que estamos aqui, e que temos de alguma forma poder de escolha. Só quando a educação for levada a sério no nosso país vamos realmente desenvolver. Quando o Ensino Básico for tão quão importante ao PIB, as variações de Bolsas, a exportação, seremos um nação sólida com cidadãos dignos.

Cidália França
Enviado por Cidália França em 17/09/2009
Código do texto: T1815398
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