Contabilidade para Crianças

Era uma vez o Carlinhos, um menino genial, inteligente, organizado e brincalhão. Olhando o seu baú de brinquedos, ficou pensando o quanto seus pais e parentes já haviam gasto para dar tudo aquilo a ele. Viu o quanto era privilegiado em ter todos aqueles BENS.

Já havia escutado que pessoas grandes tinham bens , mas também tinham obrigações e concordava, porque afinal elas que tinham pago os brinquedos para ele. Então ele resolveu fazer um levantamento de tudo que tinha. Mas queria fazer isso como gente grande. Sabia que era inteligente suficiente para isso.

Como era muito interessado e curioso, pegou um livro de Contabilidade, uma ciência que mede o tamanho do patrimônio das empresas. Viu que tudo tinha começado com a preocupação dos povos antigos em saber o que tinham, em medir o tamanho do rebanho. Ficou admirado deles contabilizarem tudo dando nós em cordas a cada ovelhinha que passava.

Pensou então em pegar uma corda para medir o patrimônio dele, até foi atrás de uma, mas era muito curta para o tanto de brinquedos que ele tinha. Já estava criando coragem pra pedir um novelo de lã da vovó, quando viu que poderia utilizar um método mais chique e prático. Era um tal método das partidas dobradas que ensinava que para cada APLICAÇÃO existe uma ORIGEM no mesmo valor, ou para cada débito existe um crédito.

Sabido que era, olhou para a bicicleta e logo foi partidobrando: a aplicação foi na Bicicleta e a origem foi meu pai. Olhou para a bola de futebol americano que a irmã tinha comprado, quando fez intercâmbio, pra ele pagar a ela devagarzinho com a mesada dele e partidobrou: a aplicação foi na bola e a origem foi a minha irmã.

Olhou pro album de figurinhas que havia comprado e partidobrou: a aplicação foi no album, mas a origem foi parte do meu dinheiro do cofrinho.

Viu um bolo de figurinhas que tinha e partidobrou: apliquei nas figurinhas e a origem também foi meu cofrinho. Pensou. E o dinheiro do cofrinho? Pensou, pensou e chegou a conclusão que a aplicação havia sido no dinheiro do cofrinho e a origem tinha sido a mãe , o pai, a vovó...Mas esse dinheirinho ele não teria que devolver não.

Se empolgou continuou com a leitura. Queria mesmo organizar e medir o seu PATRIMÔNIO. Descobriu então que tudo poderia ser representado como se tivesse tirado uma foto, como se parasse naquele momento e desse valor a cada bem, direito de receber um bem, ou alguma obrigação. A essa foto havia sido dado o nome de BALANÇO PATRIMONIAL.

Viu que como aplicação ele tinha uma bicicleta, uma bola e o dinheiro no cofrinho e que as origens tinham sido sua irmã, seus pais, avós e o próprio cofrinho que havia ficado mais pobre porque ele tinha tirado dinheiro de lá.

Organizando tudo, concluiu: do lado das aplicações ficam os bens e direitos, é chamado de ATIVO. E do lado das origens ficam as minhas obrigações e o que eu tenho de líquido, aquilo que é quase meu porque eu provavelmente não terei que devolver. Meus pais e avós não vão me cobrar enquanto eu existir, mas minha irmã vai sim!

E ficou encucado. E se todos resolvessem cobrar o que lhe deram? Agarrou o livro quase que pedindo socorro, estava se sentindo um endividado!

Tinha certeza que a Contabilidade deveria ter regras e ficou feliz quando descobriu que essas regras eram chamadas de PRINCÍPIOS CONTÁBEIS. Viu que um dos princípios informava que não podia misturar seu patrimônio com o de outras pessoas, era o da ENTIDADE. Era fácil de entender: cada macaco no seu galho! Tratou de tirar os brinquedos da irmã que estavam no seu baú. Separou as figurinhas dela também. Ela que fosse contabilizar o patrimônio dela!

Viu, também, que tinha o princípio da CONTINUIDADE e achou muito interessante. Por este princípio se encara que a empresa terá vida longa, e por isso não teriam que devolver o valor investido nelas pelos sócios. Então ele provavelmente não teria que devolver a seus pais e nem aos avós...

Ficou do lado do Ativo do Carlinhos o dinheiro do cofrinho(200), a bicicleta(300) e a bola(80). E do lado do Passivo a irmã(80), os pais e os avós(500). Como ele sabia que não seria cobrado pelos pais e avós, então ele disse:

-Eu tenho os BENS e DIREITOS menos minhas OBRIGAÇÕES, ou seja, 200+300+80, menos 80 que devo a minha irmã. Meu Patrimônio Líquido é 500!

E saiu feliz da vida. Para ele, seu patrimônio estava contabilizado.