A Arte de Ser Professor

Quando um amigo pediu para que eu escrevesse algo sobre “A Arte de Ser Professor”, visto que para ele eu sou uma professora brilhante (ele é um leitor de Augusto Cury), fiquei pensativa... Será que realmente sou uma boa professora? Será que eu sou uma professora brilhante? Interrogações que nos fazem pensar. E quando ele disse o título “A Arte de Ser Professor”, lembrei-me de Ovídio com a obra "A Arte de Amar", pois para mim, educar é um ato de amor. Então, a arte de ser professor é ter a arte de amar o que faz, amar sua profissão, amar seus alunos, amar as vitórias e as derrotas também, pois com esta última também aprendemos. E como as derrotas nos ensinam! Elas são estímulos para continuarmos na concretização de nossos sonhos, elas são mais um motivo para chegarmos ao final da competição e dizer para si mesmo: “Eu não sou um derrotado, pois não desisti.”

O tratado de Ovídio é sobre a sedução e o jogo amoroso. E a arte de ser professor? Também é um tratado de sedução e de jogo amoroso? Creio que sim, pois o professor seduz o aluno ao jogo amoroso do conhecimento. Como é maravilhoso ter amor aos estudos, a um novo mundo!

Então, o que é ser professor? Posso dizer que feliz é aquele que passa aos outros o que sabe e que nessa semiose também aprende, como diz Guimarães Rosa: “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”. Esta é uma grande máxima, pois nessa troca de conhecimentos sempre aprendemos algo com o outro. E posso dizer com franqueza, aprendemos muito com nossos alunos, temos na sala de aula um grande potencial humano que pode transformar nosso país em uma grande nação. Como disse Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”. E eu acrescento: Um país se faz com seres humanos livres, honestos, dignos, éticos e educados porque todos eles tiveram mestres dedicados, e estes foram respeitados por seus governantes.

E o que é a Arte? Por que a Arte de Ensinar?

Podemos nos basear nas ideias de dois grandes filósofos gregos: Aristóteles e Platão consideram Arte imitação da vida, mas para Platão significa copiar e para Aristóteles a arte imita a vida nas suas virtualidades criadoras, a Arte cria (mimese). Então, a arte tanto cria como também imita. E a Arte de Ensinar seria criação e imitação da vida em que os professores são atores no palco da sala de aula com o objetivo no qual os alunos possam tirar do processo ensino-aprendizagem lições de amor, conhecimento, respeito, cidadania e ética para que eles possam colocar em prática por toda a vida deles, a Arte sai da sala para o mundo.

Poetizando, digo que ser professor é importar-se com o aluno como um ser humano e não apenas em mais um na lista de frequência; é olhar para eles e pronunciar o nome deles e não o número de matrícula; é perceber o aluno numa dimensão de um agricultor que cultiva uma planta muito rara, que esta precisa de cuidado, atenção e amor para que possa ser transformada em uma bela árvore e desta brote excelentes frutos. Creio que o professor conseguirá ver bons frutos se ele amar o que faz, se ele cuidar da planta com amor, mas não esquecendo para que o mestre dê amor é necessário que ele receba também amor. E o amor de qualquer profissional é ser respeitado pelo trabalho que cumpre. O mundo só viverá em harmonia se tiver amor e respeito ao próximo.

Então, a arte de ensinar é o professor amar o trabalho pelo qual fez opção e ser respeitado pelos alunos e órgãos institucionais como profissional. Pois, como diria Orígenes Lessa, todos nós precisamos ter "O Feijão e o Sonho" em nossas vidas.

A todos os professores um Feliz Dia do Professor, com amor, respeito e dignidade.

Profa. Gildênia Moura - 15.10.2009