GOVERNADOR CELSO RAMOS DE TODOS NÓS

GOVERNADOR CELSO RAMOS DE TODOS NÓS

46 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICO - ADMINISTRATIVO

*Professor Miguel João Simão

Governador Celso Ramos de todos que te querem bem, que te preservam e te cuidam. Governador Celso Ramos do homem praiano, “manézinho” dos Ganchos, que nasceu a beira do mar e viu a cidade crescer, o povo aumentar, as casas se multiplicarem, as vilas se formarem em bairros cheios de ruas e vielas vindos com o progresso.

Cidade que começou à beira mar sob o cheiro da maresia, cercada de baleias, onde o negro sofrido carregou no ombro a marca do trabalho. Trabalhou tanto que enriqueceu a coroa, no esfola, esfola da baleia, avançando sobre a carne dura, derretendo fígado do cetáceo e cuidando para não se perderem as barbatanas.

O negro sofreu, correu, fugiu, a terra ficou desprezada, aniquilada sem gente, sem cor.

Nas outras bandas, pra bandas dos Ganchos, que para o Inglês Mawe eram apenas a baia “De Dois Ganchos” e que depois disseram que eram três, enganchando ainda mais o que já era enganchado, o crescimento começou mais rápido. O terceiro Ganchos era chamado de Sacco dos Ganchos. Mas sacco, ainda mais com dois “c” parecia desrespeito ao povo bom daquelas bandas. Aí resolveram deixar pra lá e chamar de Saco apenas as imediações do rio inferninho, onde a abundância do camarão e do peixe era coisa de deixar gente de boca aberta. Chamaram de Porto Feliz. E por Porto Feliz permaneceu até mais ou menos lá pelos idos de 1910, quando cismaram com o terceiro Ganchos novamente. Isso mesmo! Outro Ganchos. Como ficava de canto e já tinha o do Meio e o de Fora chamaram de Canto dos Ganchos. Boa essa. O povo se acostumou, mesmo tendo que aturar os padrinhos que diziam que quem gosta de canto é vassoura. Mais aí, a resposta vinha no ato, quando o pau velho não roncava: “melhor ser vassoura do que viver enganchado, e era assim, sempre foi assim, mas vai ser sempre assim quando um de um lado não entrar em acordo com o outro. Havendo acordo, é tudo paz.

No final tudo passou a ser Ganchos, mesmo não sendo Ganchos e não querendo ser Ganchos até o outro lado das bandas da Armação eram chamados de Gancheiros. Bastava dizer que era dessas bandas que era Gancheiro e pronto. E isso era bom, todo mundo Gancheiro. Até que Patrocínio e Princesa homenagearam o Celso.

Verdade! Homenagearam o homem batizando a cidade com o nome dele e como ele era Governador do nosso Estado, ainda fizeram o trabalho completo para que ninguém tivesse dúvida.

Passou então a se chamar de Governador Celso Ramos, mas só no papel, porque Gancheiro que é Gancheiro continua sendo de Ganchos.

E só foi chamado de Governador Celso Ramos porque bem antes, no dia 6 de novembro de 1963, o Deputado Ivo Silveira, Presidente da Assembléia Legislativa, sanciona a Lei que torna Ganchos em Município. Sancionou a Lei que Miguel Pedro dos Santos criou desmembrando Ganchos de Biguaçu. A Câmara Municipal de Biguaçu aprovou e foi levada a Assembléia.

Peraí! Emancipação? Como é isso então?

É assim, Miguel Flôr, Gancheiro do Canto dos Ganchos, natural dessas terras, amante da terra onde nasceu, cresceu e que viveu, foi eleito Vereador no Município de Biguaçu, representando o Distrito de Ganchos.

Melhor do que ele, ninguém sabia das dificuldades, das amarguras que esse povo vivia. A gente boa da Armação sem estrada, sem condições, vivia quase isolada.

Em Ganchos e região havia precariedade em tudo, e tudo isso deixava o homem indignado.

Tinha lá a turma do contra, que viviam por aqui e puxavam pra lá (Biguaçu). Miguel Pedro dos Santos era do PSD (Partido Social Democrático) e os Udenistas (UDN –União Democrática Nacional) não acreditavam que a municipalização poderia dar certo para Ganchos.

Mas, inteligentemente, Miguel levou o Projeto e com sabedoria colocou à apreciação no momento certo, na hora exata. Não deu outro bicho! Foi um tal de disse me disse, que alvoroçou a Comarca inteira. Numa tacada só separam Antonio Carlos e Ganchos de Biguaçu. Fala verdade! Tava na hora, não é mesmo?

E aí não ficou por isso não. Para consolidar ainda mais, para fechar com chave de ouro ou chave de fenda como dizia o tio Cino Seu Miguel Flôr ainda teve o gostinho de disputar o pleito eleitoral de 1965, o primeiro para escolha do Prefeito de Ganchos e levou a vitória na urna. Fala sério, mais do que justo né? O homem capricha no Projeto, faz tudo bonitinho e aí vem outro querendo pegar depois de feito. Como dizia seu Lola “tas é tolo! Não é bom nem pensar dispôs de tanto trabalho, nós perdê a premera leição, é di indoidá”.

E é nesse sentimento de lembranças quando falo de seu Lola, que lembramos de uma terra sem condições de trabalho, sem perspectivas de vidas melhores. Que lembramos de tantos personagens importantes que ajudaram a escrever cada capítulo, cada página da nossa história.

Ganchos cresceu, novas idéias surgiram, novos desafios para os seus governantes, novas oportunidades para seu povo.

São 46 anos de emancipação, mais de 4 décadas que começou o desenvolvimento da terra. Quantas coisas foram feitas!

Da abertura da primeira estrada que liga Areias de Baixo a Armação passando por Caieira, Antenor e Costeira aberta no governo de Miguel Pero dos Santos até o asfaltamento dessa mesma estrada, agora feita e concluída no Governo de Anísio Anatólio Soares.

Tudo foi transformado, obras feitas, marcadas pelo suor do rosto do povo trabalhador, planejado e executado por seus governantes.

Cada um deixou sua marca de trabalho, marca que registrou sua passagem pelo poder executivo municipal.

Governador Celso Ramos, da terra boa de se viver, do homem bom e acolhedor.

Governador Celso Ramos de todos nós, a terá que acreditamos, que amamos e defendemos.