A competência dos juízes de Deus

O Cristianismo divide a humanidade entre cristãos e não cristãos. Esses dois corpos de pessoas estão envoltos tanto em questões espirituais, quanto materiais. E, não raro, é cenário de conflitos internos e externos. O atendimento de tais e tais requer um corpo de autoridades, aqui denominados de “os juízes de Deus”, os quais são capacitados por Ele mesmo para cumprirem essa importante missão de Deus, primeiro na Terra e, depois, no Céu.

A competência é a capacidade que alguém tem para desempenhar uma determinada atribuição. Sempre que surge um conflito, o primeiro ponto a ser discutido é a competência, ou seja, quem estará apto para julgar o caso. Isso é necessário para que a decisão não venha ser invalidada, em face de sua prolação por um juízo incompetente.

I – Competência terrena. A Igreja é o Corpo de Cristo (1 Co 12:27). Vem sendo edificada por Ele, desde os tempos de sua vinda à Terra como enviado de Deus, para sofrer o castigo que pesava sobre a humanidade, por conta de sua desobediência. Com seu sacrifício, Jesus proporcionou a paz entre o Criador e a criatura (Mt 16:18, Jo 3:16; Is 53:4-5; Jo 14:27). Portanto, a Igreja é uma edificação divina: obra direta do Espírito Santo, que utiliza os homens como instrumentos de sua atuação, da maneira e da forma que melhor lhe convém (Jo 14:26; 16:8-11; 2 Co 3:4-6; Ef 4:11-12).

Sendo uma associação de pessoas, embora não devesse ter litígios em face de sua natureza espiritual, infelizmente a Igreja não está isenta de ter os seus conflitos internos e externos (1 Co 6:5). Então, eis que surge a pergunta: quem é competente para julgá-los?

1. Questões internas. Nas questões internas, os líderes da Igreja são competentes para atuar como juízes e procurar resolvê-las, de forma que tais conflitos não necessitam de serem levados aos demais tribunais. O Senhor outorgou tal competência à liderança de sua Igreja (1 Co 5:12-13; 6:1-3).

É certo que a principal missão da Igreja no mundo não é a de julgamento, mas de dar continuidade ao processo de salvação daqueles que jazem perdidos nas trevas (Lc 1:76-79; Mc 16:15). Estamos no tempo da graça. Segundo o próprio Jesus, Ele não viera ao mundo para julgar, mas para buscar e salvar o que se havia perdido (Lc 9:51-56; 19:10).

O processo de salvação visa a libertação do acusado. É salvo aquele que, estando condenado por algo que fez ou deixou de fazer, recebe o perdão (a remissão) ou é resgatado por alguém (remição). A ação de Jesus cancelou o escrito de morte que existia contra nós (Mc 10:45; At 3:19; Cl 2:14; Gl 5:1).

É de ver que a nossa dívida de pecados para com Deus Pai não foi perdoada por Ele. Ela foi paga por Jesus com o seu próprio sangue. Era uma dívida que somente poderia ser quitada com a morte; e foi o que Jesus fez. O que foi pago não foi perdoado. Agora, de lá para cá, passamos a pertencer ao nosso resgatador, Jesus Cristo. Ele nos comprou. Pagou o preço que era exigido por nossa vida. Morreu em nosso lugar. E, portanto é nosso dono. Como tal, Ele pode nos perdoar os pecados que temos cometido desde então. Para estes, já não se exige mais o resgate, mas apenas a confissão e o perdão. Porquanto, não haverá necessidade de Cristo morrer muitas vezes por nossa causa (Sl 49:8; At 20:28; 1 Co 6:20; 2 Pe 2:1; 1 Jo 1:9; 2:1; Hb 9:28).

Assim, em que pese termos como missão principal a evangelização, não estando imune quanto ao envolvimento em problemas de diversas ordens, fomos investidos de autoridade pelo Senhor da Igreja, para julgar todos os conflitos internos, tanto os de natureza material, como já enfocado, quanto os de natureza espiritual (Mt 18:18-20; 1 Co 6:2;).

2. Questões externas. Nas questões externas, ou seja, naquelas que decorram das relações entre membros e não-membros da Igreja, ou entre descrentes de um modo geral, a competência é dos tribunais de justiça instituídos pela sociedade. Essas autoridades, além da delegação humana, também recebem a competência divina para atuar no ofício de julgar seus semelhantes. Todavia, todas as pessoas investidas de tal autoridade, também são consideradas como ministros de Deus e a desobediência às mesmas equivale à desobediência a Deus. (Rm 13:4; 1 Co 5:12-13).

II – Competência espiritual. No fim dos tempos haverá outros julgamentos. A Bíblia fala da atuação dos juízes de Deus durante em 1 Co 6:3 e Ap 20:4. Diz ainda que haverá um juízo após a morte em Hb 9:27, pelo qual somente os crentes não haverão de passar, conforme Jo 5:24. Por último, fala do Trono Branco, o juízo final, em Ap 20:11-15.

Conclusão. Veja-se que a organização de Deus é perfeita. Nela, todos têm uma função a desempenhar, dentre as quais está a de juiz. É importante que cada um conheça bem o seu papel e assim exerça com fidelidade e responsabilidade as funções que lhe foram confiadas. Para tanto, faz-se necessário a oração e o aprofundamento no estudo da Palavra de Deus, para que cada um possa ser aprovado como obreiro que maneja bem a Palavra da Verdade (2 Tm 2:15).