Zumbi não morreu: passados 314 anos, mas a saga ainda continua: “A morte não existe. A morte existe pra quem vive debaixo da bota dos outros”.

MORRE ZUMBÍ DE PALMARES

Em 20 de novembro de 1695, morre degolado o Zumbi, do Quilombo dos Palmares, denunciado por um antigo companheiro. Ele comandava os escravos do local que diziam que era a Terra da Promissão. Foi o último líder da resistência do maior quilombo que a história do Brasil já conheceu.

Eu não diria que Zumbi foi o último, mas o primeiro entre os milhares que surgiram depois dele.

Zumbi não morreu, ele se multiplicou. Ele renasce em cada um que se levanta contra a opressão, e contra os abusos e os ranços da escravidão, ainda presentes na cabeça dos empresários que ainda exploram o trabalhador tratando-o como mero objeto, “recurso” humano. É preciso varrer da nossa história a mentalidade de senhor e senhora de engenho ainda presente em muitas empresas e lares onde as empregadas nem registro em carteira possuem. Há empresas onde o trabalhador não pode nem respirar e é vigiado, e o tempo todo, monitorado, como se tivesse numa senzala moderna.

O patronato brasileiro e estrangeiro ainda trata o trabalhador como um mero subordinado, trata-o os senhores de engenho tratavam seus escravos no passado. Vivemos numa sociedade herdeira dessa mentalidade escravista e colonialista. A mentalidade dos políticos é assim, a sociedade, os pais criam seus filhos assim, seja ele branco pobre ou negro. Por muito tempo filhas de negras só brincou com boneca branca para inculcar na criança que o ideal de pessoa era a pessoa branca, outros mecanismos de rejeição à raça foram sendo introduzidos como o alisamento de cabelos, casamento entre brancos e negros incentivado pelos próprios portugueses para “purificar” a raça e fazer o negro desaparecer aos poucos da sociedade. Embora essa idéia de “purificar” a raça seja uma tática nazista adotada por Hitler na Alemanha dos anos 30 e 40, os nossos colonizadores já antecediam essa idéia, só que permitindo o casamento de negros e brancos. Já que não podiam eliminá-los fisicamente como tentaram fazer com os judeus, então adotemos a “política do liquidificador”, misturando as raças onde uma supostamente “superior” eliminaria a outra. Bela ilusão. A maioria da população brasileira hoje é negra, graças a Deus que essa idéia absurda não deu certo, e apesar de o Pelé ter preferido uma loira, o negro se multiplicou na sociedade e Zumbi continua dando dor de cabeça para os escravagistas modernos. A cor-Zumbi, a agilidade-Zumbi, a coragem e o orgulho-Zumbi renascem a cada dia naqueles que abominam o racismo, o machismo e modo truculento em que as forças policiais agem quando se defrontam com um negro pelas ruas de São Paulo, Rio e outros Estados brasileiros. As abordagens são sempre violentas geram dor e revolta. Zumbi renasce em cada criança negra que desde pequena aprende a valorizar a cultura negra, seus ritos, costumes e crenças. Em cada menino que pede ou vende bala nos faróis e vivem à margem da sociedade e que estão nos guetos e nas “cracolândias” da vida.

Zumbi renasce em cada capoeirista que não encara a capoeira como uma mera dança e folclore, mas a vê como luta e símbolo da resistência dos negros fugidos da escravidão que se embrenhavam nas florestas em direção aos quilombos. Por que transformar uma luta em folclore? Por que transformar capoeira em dança? Berimbau em instrumento? É fácil, transformando em folclore e dança o que era luta vira mito e o que era resistência vira fantasia; o que era luta vira dança e passa a ser visto assim pelas pessoas que se tornam menos resistentes aos preconceitos, assim eles vão se perpetuando e permanecerão ativos na sociedade racista brasileira. Uma maneira de minar a consciência do próprio negro é transformar sua luta em mito, fantasia e dança. Não seria o carnaval um bom exemplo de acomodação, para evitar uma luta mais ampla no combate aos preconceitos? Não seria um mecanismo que visa fortalecer o “Mito da Democracia Racial” e que ilude e nos faz acreditar que negros e brancos são mesmos iguais como está na lei?

Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

Nada mais propício para homenagear o maior líder negro, que com todas as suas energias, lutou contra os abusos e a escravidão. Mesmo sendo criado por um padre, e tendo sido bombardeado pela ideologia branca europeizada, ele não se rendeu aos apelos de deixar morrer o que tinha de mais precioso: a sua cultura. Mesmo com todo esforço para aculturá-lo sob os moldes e os mecanismos da cultura branca e do modo de pensar religioso imposto pelo cristianismo europeizado católico, e mesmo falando o latim, ele não deixou que seu instinto de guerreiro africano morresse com sua cultura, assim, Zumbe é também o símbolo da luta pelo resgate da cultura africana no Brasil, ele representa muito mais que uma simples luta contra a escravidão, é sim, a personalização de toda uma cultura de um povo, de um continente desprezado, ignorado e explorado. Zumbi representa a sua origem, representa as raízes de um povo que foi retirado de sua terra e de seu povo para satisfazer os desejos mais inescrupulosos dos brancos que colonizaram o Brasil. Para um povo que luta pelo resgate da consciência, nada mais expressivo que a sabia frase do Mestre Alípio: “A morte não existe. A morte existe pra quem vive debaixo da bota dos outros”.

Parabéns a todos os irmãos negros desse país, parabéns aos que lutam e não se venderam como os “Pitas” e os “Pelés” da vida, como os “Agnaldos e Timóteos”, que só aparecem na mídia e em ocasiões especiais, mas pouco ou quase nada mostram um comprometimento para com a luta historicamente encampada pelo movimento negro.

Parabéns ao que não se deixaram “embranquecer” e nem aderiram sem refletir a filosofia branca, parabéns aos que como Zumbi sofreram todas as tentativas de aculturamento, mas resistiram até o fim, preservando a verdadeira identidade da cultura herdada da África.

Jogadores brasileiros que jamais podem entrar nessa homenagem

Homero Fonseca em seu blog ao citar o livro “O Negro no Futebo Brasileirol”, obra de Mario Rodrigues Filho, editora Muhad, 2003, relata a seguinte história:

“... numa noite dos anos 50, um dirigente do Fluminense levava, em seu “Cadillac”, dois jogadores, o Orlando Pingo de Ouro e o Robson. Na esquina de uma rua mal iluminada das Laranjeiras, um casal de pretos, enlaçados e visivelmente embriagados, “surgiu como do chão, ou de dentro da noite”, diante do carro. Na freada brusca, Orlando foi projetado contra o para-brisa, ganhando um galo na cabeça, e explodiu de raiva. Elegantemente, em se tratando do linguajar do mundo futebolístico, Mário Filho omite os palavrões, registrando que “o mínimo que gritou para o casal de pretos foi: - Seus pretos sujos!” E como o homem e a mulher houvessem seguido como se nada tivesse acontecido, Orlando enfureceu-se ainda mais, sendo acalmado por Robson:

- “Faz isso não, Orlando. Eu já fui preto e sei o que é isso.”

Mário arremata comentando que, jogando pelo Fluminense, o supra-sumo da elite carioca, “Robson não se sentia preto. Sabia apenas que tinha sido preto. Que nascera preto. Como podia ser preto se pertencia à família do Fluminense?” Mas essa história não acaba ai, 55 anos depois, neste ano de 2009 completando 59 anos, tem jogador ainda que se declara branco mesmo sendo negro. Veja:

“Acho que todos os negros sofrem (com o racismo). Eu, que sou branco, sofro com tamanha ignorância?”

Pena que até Ronaldinho fenômeno se declarou branco! É de Ronaldo Luís Nazário de Lima a frase da semana. Num comentário sobre a discriminação racial nos estádios de futebol, o Fenômeno se declarou branco. Na entrevista ao repórter Sérgio Rangel, da Folha de S.Paulo, Ronaldo surpreendeu com a frase: “Acho que todos os negros sofrem (com o racismo). Eu, que sou branco, sofro com tamanha ignorância?”

Pelo menos três problemas são revelados no artigo de Mirian Leitão:

• “A escolha de Ronaldo desmascara o mito da democracia racial brasileira.”

• “A declaração de Ronaldo tem a ver com o ideal de embranquecimento dos negros brasileiros. Eles incorporaram o conceito de superioridade branca. Por isso, ser mestiço não é suficiente.

• ‘Quem ascende socialmente embranquece.”

Segundo o artigo, Nei Lopes, escritor e sambista, também atribui ao dinheiro o fenômeno do embranquecimento do craque Ronaldo, que segundo o artigo de Mirian o mais surpreendente mesmo é o fato de, “apesar de estar em contato com a família, ele não se espelhar no pai negro”.

Outros exemplos péssimos: atitudes ridículas e racistas

Treinador espanhol da França: Durante um treino da seleção, o espanhol Luis Aragonés foi flagrado dando a seguinte orientação para o meia José Antonio Reys em relação ao atacante Thierry Henry (França): “Olhe para ele e fale: Eu sou melhor do que você, seu negro de merda”. Registrado pelas câmeras, o ataque racista resultou em uma “multa” de 3 mil euros e nenhum questionamento foi feito sobre a continuidade do técnico à frente do time espanhol.

Treinador ucraniano Oleg Blokhin ganhou lamentável notoriedade ao sugerir que todos os jogadores estrangeiros que atuam em seu país (africanos e negros em particular) são macacos, declarando à imprensa que seu time tinha que “aprender com o Shevchenko, e não com um Zumba-Bumba que ganha duas bananas para jogar”.

Alemanha: somente em 2005 foram registrados 14 mil ataques racistas –, que os organizadores, de forma vergonhosa, distribuíram vasto material alertando os torcedores para as áreas consideradas “perigosas” para negros e estrangeiros em geral (as chamadas “no go areas” – “não vá para tais locais”). Ou seja, ao invés de prender e punir os racistas, decidiram simplesmente “isolá-los”. Uma medida que não é somente absurda e ineficaz, como também estimula os ataques fora destas áreas.

Algo que ficou evidente no dia 19 de junho, quando um adolescente alemão de origem etíope foi brutalmente atacado por neonazistas em meio a gritos de “Negro de merda! Alemanha para os alemães!”. Até o dia 20 de junho, pelo menos outros 30 ataques já foram registrados nas cidades em que estão sendo realizados os jogos.

Quem melhor poderia ajudar a combater isso? Claro, eles quem mais se destacaram até a gora no Brasil e no cenário internacional: Pelé e Ronaldo. Mas...

“Uma atitude que está distante da omissão de gente como Pelé ou da vergonhosa assimilação do mito da democracia racial, como a de Ronaldo, que, no ano passado, declarou-se “branco”

Atitudes que valem a pena defender: Tommie Smith e John Carlos

Ao falar da falta de comprometimento hoje presente em alguns negros que deixaram se perder pelo aculturamento, pelo dinheiro, sucesso ou pela fama, Wilson H. da Silva diz em seu artigo, que “a simples presença em campo, ou mesmo o desempenho fantástico de jogadores negros e estrangeiros estão longe de serem suficientes para se combater o racismo. Neste sentido, outro exemplo histórico no esporte tem que ser resgatado. Em 1968, em meio aos protestos que varriam o mundo, dois velocistas norte-americanos – Tommie Smith e John Carlos – ao receberem suas medalhas nas Olimpíadas do México, ergueram seus punhos, na típica saudação dos Panteras Negras e declararam: “Esta é uma vitória dos povos negros de todos os lugares da Terra”.

JÁ QUE ESTMOS NUMA SOCIEDADE RACISTA...

É preciso resgatar a consciência e denunciar lutando para fazer valer a lei. Veja o que diz o Artigo 5º da CF/1998 em seu inciso XLII: a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.

Não foi à toa que Joaquim Nabuco teria dito:

“O nosso caráter, o nosso temperamento, a nossa organização toda, física, intelectual e moral, acha-se terrivelmente afetada pelas influências com que a escravidão passou 300 anos a permear a sociedade brasileira. A empresa de anular essas influências é superior, por certo, aos esforços de uma só geração, mas enquanto essa obra não estiver concluída, o Abolicionismo terá sempre razão de ser”. Joaquim Nabuco tinha, e ainda continua tendo razão. Exemplos como o de Ronaldo e de tantos outros, envergonham aqueles que são de etnia africana. Eu mesmo não sou totalmente de pele escura, entretanto, há negros na minha raiz étnico-histórico-cultural, há primos meus de pele bem negra mesmo. Eu sou misto de negro, índio e português. Nessa miscigenação com muito orgulho fui formado, descendente de bugres de Minas Gerais e de negros cuja origem ainda não descobri por falta de documentação, não êxito em me orgulhar em dizer: sou raça negra e também indígena, e apesar de meus pais terem me registrado como “Pardo”, discordo, porém não os culpo, pois quando fizeram o registro, o próprio escrivão fazia essa pergunta sobre a cor do filho a pessoas analfabetas e simples que nem tinham a condição na época de dissociar o racismo oficial da questão da cor da pele. Sem saber o que era racismo, colocava-se “Pardo” nos registros para indicar a cor dos filhos. Os próprios cartórios camuflaram o racismo por meio dos registros oficiais, que hoje podem ser mudados é claro.

Um fato triste no Brasil

Em 3 de fevereiro o dentista negro Flávio Sant’Anna foi assassinado por policiais em São Paulo, em 2004. Quais foram as justificativas apresentadas? Dizem que confundiram Flavio com um assaltante. Quantos não são confundidos? Por que já foram atirando? Sendo negro é fácil confundir. Parece quer só negro pode ser assaltante e bandido, branco não. Infelizmente essa é a mentalidade da cúpula militar, ranço ainda da época colonialista e da época da ditadura. Flávio foi covardemente abatido, e como disse o presidente da Fundação Cultural Palmares (FPC), o professor Ubiratan Castro...

“Esta é uma demonstração de como o racismo está instalado nas mentes dos brasileiros, e orienta a ação criminosa de quem deveria justamente combater o racismo: o denunciante, por ser negro e sabedor dos preconceitos raciais, deveria ter o cuidado de não acusar levianamente um outro negro; os policiais, como agentes da lei, deveriam ser os primeiros a combater o crime de racismo e, por dever de ofício, cumprir todos os procedimentos regulamentares de abordagem e detenção de cidadãos brasileiros.”

“Jovem, negro e pobre. Esse é o perfil de quem geralmente morre nas mãos da polícia. O racismo é um componente fundamental para explicar parte da violência. Uma pesquisa da fundação Perseu Abramo mostrou que 51% dos negros entrevistado já sofreram algum tipo de discriminação da polícia. Mais de 4% disseram já ter sido forçados assumir delitos que não tinham cometidos. Rubens Rodrigues de Lima, morador da favela Parque Novo Mundo, o preconceito. Em 2001, ao ser o filho adolescente apanhar durante uma batida policial, Lima questionou o método de abordagem. Tomou como resposta um tiro na perna e passou 11dias internado. A polícia continua perseguindo o comerciante, que não tem antecedente criminal.“Já vieram diversas vezes aqui para averiguar denúncias anônimas de roubo e seqüestro. Fico revoltado, mas acredito que um dia haverá Justiça’’, DIZ Lima. O PM Marcio Bagarolli, que atirou nele, foi condenado a uma pequena alternativa, já que a lesão foi considerada “leve’’ (pelos critérios legais, a lesão é interpretada como grave apenas quando incapacitas a vítima por, no mínimo, 30dias).

Para concluir, vai ai uma letra genial:

Quando um muro separa uma ponte une

se a vingança encara, o remorso pune

você vem me agarra, alguem vem me solta

você vai na marra ela um dia volta

e se a força e tua ela um dia e nossa

Olha muro, olha a ponte

olha o dia de ontem, chegando

que medo você tem de nos

olha ai

Voce corta um verso eu escrevo outro

voce me prende vivo eu escapo morto

de repente olha eu de novo

pertubando a paz exigindo o troco

vamos por ai, eu e meu cachorro

Olha um verso, olha outro

olha o velho, olha o moço chegando

que medo voce tem de nos

olha ai

O muro caiu, olha a ponte

da liberdade guardiã

o braço do cristo horizonte

abraça o dia de manha

olha ai.

Essa é a letra de um samba chamado “Pesadelo”, e serve para que nesse dia memorável possamos refletir sobre os problemas raciais que ainda pairam sobre a mente colonizada e catequizada do povo brasileiro. Esse povo jesuitizado precisa saber que a luta continua e que o maior símbolo da resistência negra no Brasil é também um símbolo que quem jamais perdeu a sua origem, é o símbolo de quem jamais se deixou aculturar, porque, certamente entendia que aculturar-se seria tornar-se escravo duas vezes, uma vez de uma cultura e de uma religião imposta e outra vez escravo do homem que o aculturou. Aculturar é deixar-se escravizar! É atenção é preciso desmistificar a falsa história contada na versão oficial de que houve mesmo uma abolição em 13 de maio. A princesa não libertou ninguém, ela foi apenas um joguete nas mãos dos ingleses que precisavam ver o fim da escravidão para que pudesse introduzir aqui as novas tecnologias geradas pela Revolução Industrial ocorrida no século XVIII, a abolição foi uma substituição de mão de obra que aconteceu num processo lento sem que os negros pudessem se preparar para os novos desafios, aliás, como iriam se preparar, se tudo que os capitalistas da época queriam era se livrar deles? Como o feudalismo na Europa atravancava o desenvolvimento do capitalismo e impedia o lucro fácil da burguesia, a escravidão aqui era um entrave para que o capitalismo inglês pudesse ser introduzido no Brasil. Então vem o golpe fatal: Abolição!

Além de ter o compromisso, como professor de História, ajudar a desmistificar o feito da Abolição enaltecendo Zumbi, sinto-me mais compromissado ainda, em militar a favor do resgate da cultura negra e, junto com os alunos desmistificar também a falsa idéia de que a CAPOEIRA é simplesmente uma dança e simplesmente um folclore. Não, CAPOEIRA é LUTA.

Capoeira é luta de libertação, é luta contra a opressão. O negro não é bobo, ele continuou lutando, mesmo depois da abolição. Entendeu que aquilo era uma farça, e por isso, não reconhece o 13 de maio como uma data representativa da luta contra a escravidão.

Viva o dia 20 de novembro. E para esse dia, nada mais propício para homenagear esse grande herói e despertar a consciência que o filme “Besouro”.

A história nasceu a partir do livro Feijoada no paraíso, do escritor, cartunista e publicitário Marco Carvalho. “Não conhecia nada do personagem e nunca fui ligado a capoeira. Quando li o livro, fiquei fascinado com a trajetória de Besouro e vi que daria um filme incrível”, continua o diretor. Capoeirista que vive no Recôncavo Baiano nos anos 1920, Besouro, órfão desde criança, foi criado por Mestre Alípio, referência na luta de resistência dos negros, que ainda viviam sob o jugo de uma cultura escravocrata, mesmo que a escravidão tivesse sido abolida no país havia algumas décadas. Para a tela grande, o personagem ganhou aura mística, envolvendo-se com a cultura dos orixás contra os abusos do coronelato local.

Passados 314 anos, a saga ainda continua: quer saber como? Assista o filme “BESOURO” e desperte um pouco mais a Consciência Negra para lutar contra todas as formas de intolerância e contra todos os mecanismos de dominação imposta pelo capitalismo a negros, “índios” ou brancos, seja homem ou mulher. Essa luta é de todos...

Zumbi não morreu! É por isso, que encerro este artigo com a frase do grande Mestre Alípio protagonizado no filme Besouro em cartaz nos cinemas brasileiros:

“A morte não existe. A morte existe pra quem vive debaixo da bota dos outros”.

Referências

– SHIMIDT, Mario - Nova História Crítica do Brasil.: Ensino Médio. Edit. Nova Geração.

– MACEDO, José Rivair e OLIVEIRA, Mariley W. – Brasil .Uma História em Construção. – 5ª série. Edit. Do Brasil S.A.

Outras consultas:

http://noticias.terra.com.br/interna/0,,OI112080-EI1411,00.html

http://radioativoblog.blogspot.com/2009/06/besouro-capoeira-no-cinema.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Zumbi_dos_Palmares

http://www.pstu.org.br/copa_mat_racismo.htm - Quando o racismo entra em campo - ESPECIAL - FUTEBOL E RACISMO - Wilson H. da Silva, da redação.

http://www.cultura.gov.br/site/2004/02/10/nota-de-repudio/ - Nota de Repúdio.

http://www.sspj.go.gov.br/search/busca_pub.php?publicacao=97 – Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás.