O PRINCIPADO DA POESIA BRASILEIRA

Não faremos, neste artigo, um ensaio minucioso ou exaustivo a respeito dos “Príncipes dos Poetas Brasileiros”. Objetivamos tão-somente enumerá-los, um a um, a fim de que os tenhamos bem vivos na memória e também para que todos aqueles que ainda não os conheçam, deles tomem ciência, agora, ao menos minimamente.

Passando pelo crivo de votação, a exemplo de todos os eleitos, até hoje, os bardos que enfocaremos, apenas de leve, apresentar-se-ão conforme a sequência cronológica dos pleitos realizados, lá desde o passado mais distante, até os nossos dias atuais. Portanto, nas linhas que seguem, apresentamos o Principado da Poesia Brasileira.

De cada um dos intelectuais laureados com o título, sem longas minudências, iremos traçar um perfil muito sucinto, sob os seus aspectos biobibliográficos – reiteramos –, ao menos minimamente. Assim, uma exposição lúdica, sem quaisquer pretensões de dissecar a vida e a obra, assim como tampouco a crítica, dos “Príncipes dos Poetas Brasileiros”, aqui postos em questão, nesta síntese.

Ressalte-se, no esforço de iniciar o certame, com pioneirismo absoluto, o papel de destaque da revista "Fon-Fon", do Rio de Janeiro, que, 1907, com a participação de intelectuais de todo o País, elege Olavo Bilac como o nosso primeiro poeta a implantar o tão almejado posto no panteão do Principado da Poesia Brasileira. Somente em 1959 é que outro órgão da imprensa imita a iniciativa. Ainda, no Rio, o jornal "Correio da Manhã", de saudosa memória, faz ascender Guilherme de Almeida como o quarto escolhido, na hierarquia dos "príncipes". Agora, sem mais delongas, vamos aos laureados.

1. OLAVO BRÁS MARTINS DOS GUIMARÃES BILAC (Rio de Janeiro, RJ, 1865-1918). Iniciou os cursos de Medicina e Direito, mas não se formou em nenhuma faculdade. Em 1887 iniciou carreira de jornalista literário e, em 1888, teve publicado seu primeiro livro, “Poesias” (volume compendiando as seguintes coleções: “Panóplias”, “Via - Láctea”, “Sarças de Fogo”. Mais tarde foi acrescido de outras composições, . Nos anos seguintes, publicaria crônicas, conferências literárias, discursos, livros infantis e didáticos, entre outros. Destacou-se como republicano e nacionalista. Escreveu a letra do “Hino à Bandeira” e fez oposição ao governo de Floriano Peixoto. Foi membro-fundador da Academia Brasileira de Letras, em 1896. Em 1907, foi o primeiro a ser eleito “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, pela revista Fon-Fon. De 1915 a 1917, fez campanha cívica nacional pelo serviço militar obrigatório e pela instrução primária. Destaca-se em sua obra poética o livro póstumo “Tarde” (1919). Parte das crônicas que escreveu em mais de 20 anos de jornalismo está reunida em livros, entre os quais “Vossa Insolência” (1996). Com Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, Bilac forma o grande trio do Parnasianismo brasileiro.

1. 1. OUTRAS OBRAS: Crônicas e novelas, prosa (1894); Sagres, poemeto (1898); Crítica e fantasia (1904); Poesias infantis (1904); Conferências literárias (1906); Dicionário de rimas (1913); Tratado de versificação (1910); Ironia e piedade, crônicas (1916); Contos pátrios (sem data, em colaboração com Coelho Neto); Tarde (1919) - Poesia, org. de Alceu Amoroso Lima (1957).

2. ANTÔNIO MARIANO ALBERTO DE OLIVEIRA (Rio de Janeiro, RJ, 1857-1937). Publicou seu primeiro livro de poesia, "Canções românticas", em 1878. Na época, trabalhava como colaborador do “Diário”, com verso e prosa, sob o pseudônimo Atta Troll. Em 1883 conheceu Olavo Bilac e Raimundo Correia, com os quais formaria a tríade do Parnasianismo brasileiro. Formou-se em Farmácia, no Rio, em 1884. Iniciou o curso de Medicina, mas não chegou a concluí-lo. Na época, publicou "Meridionais" (1884), com introdução de Machado de Assis, e em seguida "Sonetos e Poemas" (1885/6) e "Versos e Rimas" (1895). Foi inspetor e diretor da Instrução Pública Estadual e Professor de Português e História Literária no Colégio Pio-Americano. Em 1897 tornou-se membro-fundador da Academia Brasileira de Letras. Publicou "Lira Acaciana" (1900), "Poesias" (1905), "Ramo de Árvore" (1922), entre outras obras poéticas. Foi eleito o segundo "Príncipe dos Poetas Brasileiros", em 1924, por concurso da revista Fon-Fon. Em 1978 foram publicadas suas "Poesias Completas". Alberto de Oliveira é um dos maiores nomes da poesia parnasiana no Brasil.

2. 1. OUTRAS OBRAS: Versos e rimas (1895); Poesias completas, 1a série (1900); Poesias, 2a série (1906); Poesias, 2 vols. (1912); Poesias, 3a série (1913); Poesias, 4a série (1928); Poesias escolhidas (1933); Póstumas (1944); Poesia, org. Geir Campos (1959); Poesias completas de Alberto de Oliveira, org. Marco Aurélio Melo Reis, 3 vols.

3. OLEGÁRIO MARIANO CARNEIRO DA CUNHA (Recife, PE, 1889-1958). Um dos poetas mais recitados nos salões de Botafogo e do Fluminense. Era filho de herói abolicionista e republicano. Estudou na Capital Federal (Rio de Janeiro) com o poeta Mário Pederneiras. Tentou carreira política, mas dela se desentou quando, por ordem de Hermes da Fonseca, foi mandado fechar o jornal “Última Hora”, cujo grupo fundador havia integrado. Sem ser totalmente avesso à arte moderna – admirava Portinari, Di Cavalcanti e Jayme Ovale – afirmava não querer compreender a poesia modernista. Ao verso livre e de ritmo descabelado opôs o alexandrino respeitoso e musical. Lírico incorrigível, é chamado o “Poeta das Cigarras”, pela preferência que teve para com elas. Em concurso promovido pela revista Fon-Fon, em 1938, Olegário Mariano foi eleito, pelos intelectuais de todo o Brasil, “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, em substituição a Alberto de Oliveira, detentor do título depois da morte de Olavo Bilac, o primeiro a obtê-lo. Além da obra poética iniciada em livro em 1911, e enfeixada nos dois volumes de Toda uma vida de poesia (1957), publicados pela José Olympio, Olegário Mariano publicou durante anos, nas revistas Careta e Para Todos, sob o pseudônimo de João da Avenida, uma seção de crônicas mundanas em versos humorísticos, mais tarde reunidas em dois livros: Bataclan e Vida Caixa de brinquedos. Sua poesia lírica é simples, correntia, de fundo romântico, pertinente à fase do sincretismo parnasiano-simbolista de transição para o Modernismo. Ficou conhecido como o "poeta das cigarras", por causa de um de seus temas prediletos.

3. 1. OBRAS: Angelus (1911); Sonetos (1921); Evangelho da sombra e do silêncio (1913); Água corrente, com uma carta prefácio de Olavo Bilac (1917); Últimas cigarras (1920); Castelos na areia (1922); Cidade maravilhosa (1923); Bataclan, crônicas em verso (1927); Canto da minha terra (1931); Destino (1931); Poemas de amor e de saudade (1932); Teatro (1932); Antologia de tradutores (1932); Poesias escolhidas (1932); O amor na poesia brasileira (1933); Vida caixa de brinquedos, crônicas em verso (1933); O enamorado da vida, com prefácio de Júlio Dantas (1937); Abolição da escravatura e os Homens do Norte, conferência (1939); Em louvor da língua portuguesa (1940); A vida que já vivi, memórias (1945); Quando vem baixando o crepúsculo (1945); Cantigas de encurtar caminho (1949); Tangará conta histórias, poesia infantil (1953); Toda uma vida de poesia, 2 vols. (1957).

4. GUILHERME DE ANDRADE DE ALMEIDA (Campinas, SP, 1890-1969). Nasceu em 24 de julho. Filho do jurista e professor de Direito, Estevam de Almeida. Estuda nos ginásios Culto à Ciência, de Campinas, e São Bento e N. Sra. do Carmo, de São Paulo. No ano de 1912 forma-se em Direito e passa a exercer as atividades tanto no ramo da advocacia como na área jornalística. Trabalha ainda como cronista social e crítico cinematográfico, além de atuar como redator de diversos jornais paulistanos, entre eles "O Estado de S. Paulo". No ano de 1917 ele faz sua estréia literária com a publicação do livro "Nós". Nessa obra percebe-se claramente que o poeta ainda influenciado pela cultura neoclássica. No entanto, "o trato pessoal do verso e a liberdade das imagens" já revelam que estamos diante de um precursor do modernismo. Logo em seguida Guilherme de Almeida publica mais quatro livros, ainda com características neoclássicas; A Dança das Horas (1919); Messidor (1919); A suave colheita, Livro de Horas de Sóror Dolorosa (1920); Era uma vez... (1922). Sobre esses cinco primeiros livros escritos por Guilherme de Almeida, Manuel Bandeira referiu-se assim: "Todos cinco pertencentes ao clima parnasiano-simbolista, todos cinco revelando um habilíssimo artista do verso, que, com mais fundamento ainda do que Bilac, poderia dizer que imita o ourives quando escreve". Em 1959 Guilherme de Almeida é eleito, em concurso instituído pelo Correio da Manhã, o "Príncipe dos Poetas Brasileiros". Falece, na cidade de São Paulo, no dia 11 de julho de 1969.

4. 1. OUTRAS OBRAS: A - POESIA: Livro de horas de Soror Dolorosa (1920); A flauta que eu perdi (1924); Meu (1925); Raça (1925); Encantamento (1925); Simplicidade (1929); Você (1931); Poemas escolhidos (1931); Acaso (1938); Poesia vária (1947); Toda a poesia (1953). B - ENSAIOS: Do sentimento nacionalista na poesia brasileira, (1926); Ritmo, elemento de expressão (1926).

5. PAULO LÉBEIS BOMFIM (São Paulo, SP, 1926- ...). (Nasceu no dia 30 de setembro. Abandonou o curso de Direito, que havia iniciado por volta de seus 20 anos, preferindo continuar trabalhando como colaborador dos jornais “Diário de São Paulo”, “Correio Paulistano” e “Diário de Notícias”. Seu primeiro livro, “Antônio Triste”, lançado em 1946, com prefácio de Guilherme de Almeida e ilustrações de Tarsila do Amaral, recebeu o Prêmio Olavo Bilac, concedido pela Academia Brasileira de Letras, em 1947. Atuou como relações públicas da "Fundação Cásper Líbero" e fundador, com Clóvis Graciano, da Galeria Atrium. Produziu "Universidade na TV" juntamente com Heraldo Barbuy e Oswald de Andrade Filho; "Crônica da Cidade" e "Mappin Movietone". Apresentou na Rádio Gazeta, "Hora do Livro" e "Gazeta é Notícia". Entre 1971 e 1973 foi curador da Fundação Padre Anchieta, diretor técnico do Conselho Estadual de Cultura de São Paulo e representante do Brasil nas comemorações do cinqüentenário da Semana de Arte Moderna, em Portugal. Publicou, em 1951, "Transfiguração". Em 1952, "Relógio de Sol". Lança as primeiras cantigas, musicadas por Dinorah de Carvalho, Camargo Guarnieri, Theodoro Nogueira, Sérgio Vasconcelos, Oswaldo Lacerda e outros. Publica, em 1954, "Cantiga de Desencontro", "Poema do Silêncio", "Sinfonia Branca" e depois, em 1956, "Armorial", ilustrado por Clóvis Graciano. Em 1958, lança "Quinze Anos de Poesia" e "Poema da Descoberta". Publica a seguir "Sonetos"(1959), "O Colecionador de Minutos", "Ramo de Rumos" (1961), "Antologia Poética" (1962), "Sonetos da Vida e da Morte" (1963). "Tempo Reverso" (1964), "Canções" (1966), "Calendário" (1968), "Poemas Escolhidos" (1974), "Praia de Sonetos" (1981), com ilustrações de Celina Lima Verde, "Sonetos do Caminho" (1983), "Súdito da Noite" (1992), "50 Anos de Poesia" e "Sonetos" pela Universitária Editora de Lisboa. Em 2000 e 2001 publicou os livros de contos e crônicas “Aquele Menino” e “O Caminheiro”. Publicou, em 2004, “Tecido de lembranças” e, em 2006, quando o poeta completou 80 anos de idade, “Janeiros de meu São Paulo” e “O Colecionador de Contos”. Suas obras foram traduzidas para o alemão, o francês, o inglês, o italiano e o castelhano. Em 23 de maio de 1963, passou a ocupar a cadeira 35 da Academia Paulista de Letras tendo sido saudado por Ibrahim Nobre. Presidente do Conselho Estadual de Cultura e do Conselho Estadual de Honrarias e Mérito, na década de 70. O poeta é, ao completar 80 anos, o decano daquela Academia. Em 1982, recebeu o título Personalidade do Ano, concedido pela União Brasileira de Escritores. Em 1993, foi agraciado com o Prêmio pelo Cinqüentenário de Poesia, concedido pela União Brasileira de Escritores. Recebeu, em 1982, o Troféu Juca Pato de Intelectual do Ano, concedido pela União Brasileira de Escritores. É o atual detentor do Principado da poesia brasileira.

5. 1. OBRA LITERÁRIA: Transfiguração, 1951; Relógio de Sol, 1952; Cantigas, musicadas por Dinorah de Carvalho, Camargo Guarnieri, Theodoro Nogueira, Sérgio Vasconcelos e Oswaldo Lacerda; Cantiga de Desencontro, Poema do Silêncio, Sinfonia Branca. 1954; Armorial, 1956, ilustrado por Quinze Anos de Poesia e Poema da Descoberta, 1958; Sonetos" e O Colecionador de Minutos, 1959; Ramo de Rumos, 1961; Antologia Poética, 1962; Sonetos da Vida e da Morte, 1963; Tempo Reverso, 1964; Canções, 1966; Calendário, 1968; Poemas Escolhidos, 1974; Praia de Sonetos, 1981; Sonetos do Caminho, 1983; Súdito da Noite, 1992; Em 2000 e 2001 publicou os livros de contos e crônicas Aquele Menino e O Caminheiro; em 2004, Tecido de lembranças e, em 2006, Janeiros de meu São Paulo e O Colecionador de Contos.

BIBLIOGRAFIA & WEB

1 - LIMA, Ébion de. Curso de Literatura Brasileira, vol. 2. São Paulo: FTD, 3 vols., s/d.

2 - http://www.biblio.com.br/

3 - http://www.mundocultural.com.br/

4 - http://www.releituras.com/

5 - http://www.revista.agulha.nom.br/

6 - http://pt.wikipedia.org/

Fort., 04/12/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 04/12/2009
Reeditado em 04/12/2009
Código do texto: T1960029
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