IPSIS VERBIS

                                                         Sérgio Martins PANDOLFO*


     "Ipsis verbis" é expressão latina (ipsis = mesmo; verbis = palavra, termo) que confere a ideia de reproduzir uma frase ou um texto com as mesmas palavras do autor; exatamente igual; sem tirar nem pôr. O período deve ser transcrito entre aspas, seguido da citação do autor.
     Muitos são de opinião que citar é querer exibir erudição, leitura farta e variada. Já para outros, repetir frases proferidas ou escritas por alguém é tão somente tentar homenagear o autor que não somente pensou antes sobre o tema como também o exprimiu melhor. Para o jornalista e escritor Daniel Pizza “Somos criados à base de frases feitas. Há chavões universais e nacionais que os mais velhos repetem para os  mais novos como se a mera repetição já fosse sinal de validade total e eterna”. E cita alguns desses brocardos: “A esperança é a última que morre”; “O tempo é o melhor remédio”; “Pense duas vezes antes de agir”.
     Fato é que há frases que são verdadeiramente “lapidares”, pérolas literárias e que, por enunciar conceitos concisamente expressados e de grande alcance doutrinário ou de persuasão, costumam ser utilizadas a basto por escritores e oradores. Por isso mesmo é que existem publicações específicas disponíveis para serem consultadas por quem deseja delas se valer para retirar alguma sentença ou citação, a fim de enriquecer ou enrijecer o conteúdo de seus escritos.
     Neste texto repertoriamos algumas dessas frases, selecionadas aleatoriamente e que consideramos serem exemplares do que atrás conceituamos. Ei-las:
     “O livro é um mudo que fala; um surdo que responde; um cego que guia; um morto que vive”. Padre Antônio Vieira
     “Depois de praticar a literatura durante mais de 60 anos, publicando 16 livros de prosa e 25 de poesia, não cultivo ilusões, mas continuo acreditando, com o mesmo fervor, na beleza da palavra e no texto elaborado com arte”. Carlos Drummond de Andrade, poeta.
     “Acho que a literatura, tal como as artes plásticas e a música, é uma das grandes consolações da vida, e um dos modos de elevação do ser humano sobre a precariedade da sua condição”. Carlos Drummond de Andrade, poeta.
     “O homem que trabalha com as mãos é um operário. O homem que trabalha com as mãos e com o cérebro é um artesão; o homem que trabalha com as mãos, com o cérebro e com o coração é um artista.” São Francisco de Assis.
     “A mocidade brasileira lê pouco, fala mal e escreve pior”. Sérgio Correa da Costa, embaixador brasileiro.
     “Acredito que nas amizades verdadeiras, o sentido de espaço /tempo é anulado". Aline de Mello Brandão, SOBRAMES-PA.
     “Os discursos devem ser como o biquíni: suficientemente longos para cobrir o assunto, mas suficientemente curtos para serem interessantes.” Osvaldo Aranha, embaixador brasileiro, ex-presidente da ONU.
     “Continuam nossas lutas/ podam-se os galhos, colhem-se as frutas/ e outra vez se semeia...” Mestre Cartola, compositor brasileiro, “Todo o tempo que eu viver” (fragmento).
     “As palavras têm sexo. E casam-se. O casamento delas é que se chama estilo.” Machado de Assis
     “Sendo ao mesmo tempo forma e conteúdo, tanto as palavras como a frase exigem a correção que dedicamos aos elementos fundamentais de nosso equipamento existencial.” Carlos Heitor Cony, escritor; da ABL
     “Pode o homem tornar-se culto pela cultura dos outros; mas só se torna sábio, pelas próprias experiências”. Mansur Chalita, escritor e pensador.
     “A Medicina e a Literatura se completam. Elas compreendem a pessoa humana”. Moacyr Scliar, médico e escritor. Da Academia Brasileira de Letras
     “A ciência consiste em saber. Em crer que se sabe está a ignorância”. Meraldo Zisman, SOBRAMES-PE
     “Por maior ou mais poderoso que seja um homem, um dia ele já coube na barriga de uma mulher”. Anônimo
     “Todos os dias, a criatura humana, mesmo que nem o perceba, está a escrever um fragmento de sua própria história e das razões de seu viver.” Luiz Alberto Soares, médico e escritor, SOBRAMES-RS
     “O Brasil é o último país feliz do mundo”. Franco Zeffirelli, produtor cinematográfico
     “Aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes; mas não aprendemos a simples arte de vivermos juntos como irmãos". Martin Luther King
     “A bebida sacia a sede; o alimento extingue o desejo de nos alimentarmos; mas a prata e o ouro nunca chegam a satisfazer a avareza”. Plutarco
     "Eu não me envergonho de corrigir meus erros e mudar minhas opiniões, porque não me envergonho de raciocinar e aprender". Alexandre Herculano.
     “Quem escreve olha a sua obra como seu filho, e todo o mundo sabe que pai acha graças e bondades na “querida prole””. Joaquim Manuel de Macedo – Prefácio em seu livro A Moreninha – 1844
     O autor deste texto também se permitiu pinçar de seus próprios escritos, produzidos ao longo de cerca de trinta e cinco anos de exercício literário, algumas frases que julga expressarem fielmente as experiências e convicções sentidas e consentidas no desempenho desse nem sempre ameno labor. A seguir:
     “O passado preservado alimenta o viver presente e amplia os horizontes do porvir”.
     “Língua; sentimento de nacionalidade; cultura, ciência e pesquisa autônomas são os pilares essenciais da soberania nacional”.
     “Gratidão é algo que não tem paga, mas tampouco se apaga”.
     “Belezas essencialmente diferentes são incomparáveis. Cabe tão-somente admirá-las”.
     “O estilo é inerência do autor”.
     “A literatura é a sublimação da palavra”.
     “Nenhuma mais humana na prática do dia-a-dia. Nenhuma mais divina na obtenção da cura” (a Medicina).
     “O que caracteriza o grande Cirurgião não é o elevado número de intervenções realizadas, mas a precisão da indicação cirúrgica”.
     “Nada mais patético, na Medicina, que o tecnicismo extremado, limitante, que apequena e soterra a quem é dele vezeiro”.
     “A escravidão é uma mancha negra que enodoa nosso torrão verde e amarelo.”
     “Caminhos alcatifados, floridos, não podem levar à glória. Os caminhos da glória hão que ser, necessariamente, pedregosos, quase ínvios”
     “Belém, a atalaia do Norte”.
     “Belém, a metrópole das águas à foz do rio-mar plantada”.
     “É apanágio dos chatos o querer tudo dizer”
     “Patrimônio conservado é povo bem educado”
     “No rio-mar de minha existência não há lonjuras”
     “A etimologia é a certidão de nascimento da palavra”

Nota: No alto quadra-dístico, lema do jornal O Paraense (1842-1844), primeiro a ser ediado no Pará, de Felipe Patroni e do cônego João Batista Gonçalves Campos (Barcarena, 1782 — Barcarena, 31 de dezembro de 1834) foi um religioso, jornalista e advogado brasileiro.

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(*) Médico e Escritor. ABRAMES/SOBRAMES
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Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 19/12/2009
Reeditado em 02/05/2012
Código do texto: T1986009
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