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Literatura é resistência

E falar sobre literatura é resistência. Resistir é lembrar que não se pode apenas receber a informação, implica reação. Além do que se apresenta é possível inferir dos enunciados outras realidades. O que é um sarau? Sarau é toda aquela reunião onde ouve-se música, assiste filme, filosofa, lê-se trechos de livros, faz-se poesia, as pessoas se encontram. E em toda parte que nome daremos ao fato de que nutre-se o ódio aos homens e procura-se espoliá-lo? Talvez por isso saraus sejam tão necessários. Hoje estão acontecendo mais de 40 deles.

Colecionar esta diversidade de exemplos vivos dos momentos de elaboração criativa da realidade: quando se elenca alguns saraus pensamos na Cooperifa, no Binho, no sarau da Ademar, no Pavio da Cultura em Suzano orientados por (r)evolucionários. As pessoas olham e ficam inspiradas. É para a auto-estima dos moradores da região onde podem ser encontradas crianças, jovens e idosos. Donas-de-casa, operários, professores e estudantes. Trocam-se experiências e incentivos. E travam a luta incansável contra a ignorância, mediocridade, conformismos e tristezas. Movimento dos sem palco, um quilombo, um lugar onde não se pergunta de onde você é, de que credo, cor, ou opção sexual. Só respeito e silêncio e o nome para ser chamado.

Realizamos 7 edições do Sarau da Cesta na FFLCH-Letras. O último Sarau da Cesta do ano 2009, mas não menos importante, contou com a presença de integrantes do Sarau da Casa das Rosas e a Turma do Morro do Querosene. Aliás, esta sétima edição não é a derradeira, mas o sarau mais recente, isto é, num movimento gradativo, consciente e revolucionário estamos prenchendo os hiatos: um conjunto de escritores mais ou menos conscientes do seu papel, um conjunto de receptores e um mecanismo transmissor. Sarau da Cesta, FFLCH-Letras, Revista Áporo e, a não menos que excelente coleção Feito Na Letras, coordenada pelo professor Vicente Pietroforte.

Historicamente, a primeira edição foi no dia 3 de Abril no EPEL(Encontro Paulista dos Estudantes de Letras – que não acontecia há 20 anos) no lado externo ao prédio da Letras. A segunda edição aconteceu em 15 de maio com o tema: Você vai deixar sua vida ser regulada pelo mercado? Neste dia incorporamos um carrinho de supermercado que utilizamos como cavalete para um dos colaboradores pintar quadros, mais adiante serviu e serve para carregarmos os chapéus, banco, mancebo, tintas, além, é claro, de uma cesta cheia de livros para compartilharmos as obras, as palavras, os silêncios! Na terceira edição em 8 de Junho nos incorporamos ao movimento de greve na USP. Realizamos o sarau em frente à reitoria com o carro de som do SINTUSP(Sindicato dos Trabalhadores da USP), com a participação de funcionários lendo poemas. E a quarta edição com o lançamento do livro Ávida Espingarda(feito de alunos da Letras). Na quinta feira, dia 24 de Setembro, a quinta edição do Sarau da Cesta junto com poetas do Sarau do Querô e integrantes da Revista Áporo entre outros guerreiros da poesia: Primavera dos Bixos!!!! Fizemos a sexta edição do Sarau da Cesta, na quinta dia 29 de Outubro, em co-realização com o Noite nas Tavernas, iniciativa do Centro Acadêmico(C.A) da Letras, gestão Olhos Livres, que aliou-se ao sarau desde o primeiro momento até sua última hora de mandato. O núcleo temático foi o período de eleições para o C.A: Vote Sarau da Cesta!!!!

O Sarau da Cesta é independente de partidos e movimentos políticos universitários. É mais um movimento do que um evento uma vez que confiamos na frente única, passeatas e greves como instrumentos de pressão da classe trabalhadora e na necessidade da arte. Não nos mantemos alheios nem externos às questões concernentes à instituição universitária. Arte e política inseparáveis, assim como educação e livro são imprescindíveis. (Texto escrito em 2009)

Laureatti
Enviado por Laureatti em 27/12/2009
Reeditado em 28/10/2020
Código do texto: T1997385
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