De Bem com a vida

Olá, galera.

Devo confessar que venho resgatar uma dívida que tenho para com uma pessoa muito especial e, que por vezes me cobra uma dissertação sobre assuntos menos especializados, já que a grande maioria de meus textos é direcionada para um público seleto de atletas, que no caso específico são os triatletas. Até porque, o triathlon faz parte da minha experiência de vida e, muitos dos fundamentos, que utilizei na construção e modelação dos princípios que me regem dentro dela, devo ao triatlhon, razão pela qual me sinto bastante à vontade para discorrer sobre este tema. Por outro lado, é sempre um prazer estar em contato com o universo do triatlhon. Os triatletas são pessoas muito especiais, porque têm a coragem de se divorciar do sistema produtivo capitalista para correr na direção do ideal olímpico como forma de realização pessoal.

Então, inspirado nesta pessoa muito especial e em todas as que espelham mais almas do que corpos, venho fazer esta breve tentativa de me redimir. Ou seja, o foco da minha atenção vai estar mais direcionado para estas pessoas que procuram fazer da alma o seu cartão de apresentação, e, por conseguinte, acabam por nos transmitir um tremendo bom astral, brindando-nos com uma alegria que lhes são próprias.

Assim, pergunto-me: onde estão estas pessoas? Será que existe alguém entre nós que esteja realmente bem resolvido? Ou seja, pessoas que estejam de bem com a vida! Bom, estar de bem com a vida é estar em estado de celebração, independentemente, da direção das correntes que nos arrastam vida afora, é buscar o azul do céu ainda que haja nuvens e contemplar os rios de sentimentos que jorram de nossos corações.

Em tempos tão objetivos, onde os resultados têm que aparecer a qualquer custo, será que ainda há alguém que perde tempo com estrelas ou que consiga ter um olho na engrenagem da praticidade do mundo objetivo e outro ocupado com a contemplação do castelo d´alma?

Bem, se essas pessoas existem são como heróis, porque apesar do medo não hesitam pela opção da vida e de se lançarem no abismo de luz para encontrar o fogo de seu batismo. E a elas rendo minhas sinceras reverências, porque também acredito no sol que brilha dentro da pátria espiritual de nossas vidas.

Então, para aquelas pessoas em que um sorriso ainda é forma de dizer bom dia, digo-lhes que o corpo é tão somente um instrumento, um canal de materialização desta celebração e deste estado de contemplação permanente. Não nos prendamos apenas à forma; acreditar que somos apenas matéria é querer paralisar esse maravilhoso movimento, para prolongar a ilusão de um só dia. Na verdade, não dá para parar a macha estupenda do processo de amadurecimento ante à vida. Pois possuímos, além da juventude do corpo, a inexaurível e eterna juventude que se desenrola dentro do palácio do espírito. Neste somos indestrutíveis, eternamente novos e progressistas. Somos jovens, não no corpo caduco, mas de alma.

A mulher que faz da luta contra os cabelos brancos e as rugas seu maior projeto de vida torna-se a vítima preferencial do massacre realizado pela indústria de cosméticos. A beleza da mulher só tem sentindo a serviço da vida; a força do homem é feita para desgastar-se na edificação do trabalho consciente da vida. Passar o dia em frente do espelho, medindo bíceps e comparando o tórax com do vizinho do lado, dentro das academias, não tem sentido algum.

Malhar não é tão somente modelar o corpo, fazer com que ele se renove, mas é revigorar a energia vital que preludia a síntese química dos vários processos metabólicos que ocorrem dentro do seu interior. Desta forma, modela-se também fisicamente a filosofia que nos inspira, pois o corpo deve espelhar não somente o nosso exterior, mas, igualmente, sim o nosso estilo de vida.

Para tanto, um conjunto de regras (regime) se faz necessário, equilíbrio entre atividade física, saúde e uma boa alimentação balanceada parecem ser a chave do sucesso. Assim, atividade física tem que estar adequada aos nossos objetivos – nada de estereótipos que não representam a essência do que somos –, se agirmos com moderação poderemos perfeitamente equacionar saúde com malhação. Todavia a mente por vezes nos trai, jogando-nos em labirintos, cuja saída quase nunca pode ser achada sem que se passe por algum tipo de sofrimento.

Uma dieta equilibrada também faz parte da mágica, carboidratos, proteínas, lipídios e fibras, guardadas as devidas proporções, quando bem balanceados constituem os macronutrientes que o corpo necessita. São eles os responsáveis pelo acontecimento da mágica orgânica. Quando se tem ingestão deficiente de algum destes macronutrientes - em especial os carboidratos – ocorre a chamada desnutrição. Dada a importância dos carboidratos para a performance de exercícios aeróbios de curta e longa duração, recomenda-se que indivíduos que se exercitam regularmente devam consumir uma dieta entre 55% a 70% de seu total calórico na forma de carboidratos.

Os exercícios físicos aeróbicos: correr, pedalar, nadar, spinner e caminhar são os que proporcionam os melhores resultados em termo de bem estar físico e mental, em função dos efeitos provocados sobre o humor pelas substâncias neurotransmissoras endorfina, serotonina, dopamina ou mesmo pela própria ideia de estar fazendo algo que tem a propriedade de impelir para que se siga em frente denotando, por analogia, a forma de como proceder diante da vida cotidiana, que em última análise, representa a ideia de progresso e desenvolvimento interior do indivíduo.

Por outro lado, quando se estabelecem metas do tipo distância, tempo, velocidade e grau de dificuldade, levando o corpo à zona limítrofe da resistência física e, por conseguinte, quando estas metas são atingidas experimenta-se um estado de euforia e de prazer inexplicável. Poder ir além, testar nossos limites e descobrir novas dimensões da alma... É preciso, verdadeiramente, vivenciar essa experiência para entender como o coração incendeia-se ao descobrir ser real o poder de superação que existe dentro de nós.

Adoro estar com estas pessoas de almas, porque antes de tudo têm fé em si próprias e sabem que o fundamental para o início de uma longa caminhada é simplesmente o primeiro passo, bem como conseguem compreender que antes que um problema se revele no corpo, como sintoma, ele se manifesta primeiro na psique como tema, ideia, desejo ou fantasia. Essas manifestações quando encontram condições e espaços interiores ideais, proporcionam impulsos para tornar repleta de energia (original) suas vidas. Todavia, as pessoas que adotam normas muito rígidas, de maneiras a não permitir que se manifestem esses impulsos, pois questionam a validade dos mesmos e acabam estabelecendo novas prioridades. Essas pessoas rígidas demais, acabam por se transformar numa ilha de auto repressão em que os impulsos são contidos. E passam a viver com a convicção de que “esses problemas” não existem.

Essa tentativa de fechar a “janela d’alma” leva ao primeiro nível da sintomatologia física, e, numa fase mais aguda, à patologia. Assim, se conclui que muitos dos males que nos atingem dependem do padrão de pensamento cultivado no seio de nossa psique. O imaginário é como um oceano que se apresenta à febre do navegador ávido pela aventura de navegá-lo. Somos, em tese, aquilo que pensamos ser, ou seja, a nossa filosofia de vida revela o lado prático de nossa existência. Por assim dizer, nada do que é concreto hoje, existia antes de ter sido pensamento, sentimento, sensação ou ideia.

Um impulso positivo de energia que viaja pelo astral em forma de inspiração de pensamento, tem que ser captado e canalizado para o lado material como um benefício a serviço da nossa realização. De outra sorte, transforma-se em mais um pensamento que o vento leva ou nalguma forma de frustração que acaba virando espinho do nosso sofrimento. Daí ocorrem desequilíbrios energéticos, no fluxo de pensamentos, que acabam se transformando nas muitas formas de patologias clínicas.

Na verdade, não existe uma receita para felicidade. Este é um conceito muito subjetivo, que cada um tem uma maneira própria de vivenciar e interpretar a grandiosidade de sua peculiaridade. Refletir, imaginar, meditar, trabalhar, estudar... não existe uma receita certa.

Pensar mundos como um vagabundo que conta estrelas, sem se preocupar com este que já foi pensado, talvez seja uma das maneiras para deixar que a onda da vida nos carregue, proporcionado assim o surf por dentro das nossas emoções. Por outro lado, o trabalho consciente no mundo das realizações nos faz desejar mais e mais este fluxo de sensações, no sentido de tornar concretos nossos sonhos, crenças e, como consequência, nossa dignidade de ser humano.

Cada um de nós escolhe um caminho peculiar dentro da vida para sua realização, um ramo do conhecimento humano, uma religião, um esporte, uma filosofia ou uma opção (trabalho, arte ou mesmo nada). O importante é sempre buscar motivação para dar o primeiro passo e assim se lançar nesta grande jornada que é a vida. Não devemos esquecer que durante a jornada – que é um processo de individualização próprio –, existem os oásis que servem de ponto de recreios e de encontros, onde se vivem paixões, angústias, amores, amizades e passatempos de mundos transcendentais.

Lembremo-nos que praticar esporte é também uma forma de interagirmos com a vida e com as pessoas, e, portanto, uma das inúmeras maneiras que podemos utilizar para sermos felizes.

Então, de coração para coração, que comungam no esporte uma forma de manter aquecido o sol da pátria espiritual, desejo a todos que a alegria seja a estrada do azimute de seus caminhos!

(Fábio Omena)

Ohhdin
Enviado por Ohhdin em 03/01/2010
Reeditado em 14/05/2013
Código do texto: T2008535
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