MATAR O PRÓPRIO FILHO

ESCREVI E ESCREVO ESTES ARTIGOS, COMO FIZ EM CRUZADA PARA REDUZIR PARA DEZESSEIS ANOS A MENORIDADE PENAL NO BRASIL, QUANDO DA MORTE DO MÁRTIR JOÃO, ARRASTADO PELAS RUAS DO RIO.

ADVERTIDOS OS BANDIDOS POR MOTOCICLISTAS QUE EMPARELHARAM COM O CARRO QUE ARRASTAVA O MÁRTIR JOÃO, RESPONDERAM QUE ERA UM JUDAS.

E SE DIZ QUE MENORES DE DEZESSEIS NÃO ENTENDEM, AINDA, O ATO CRIMINOSO, MAS PODEM VOTAR PARA ELEGER QUEM DEFINE O ATO CRIMINOSO E POR ELE NÃO PODEM RESPONDER.

ESCREVO COMO PROFISSIONAL DA ÁREA DATAM QUARENTA ANOS, INICIADA A ATIVIDADE COMO ADVOGADO, MAGISTRADO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E ATUALMENTE CONSULTOR JURÍDICO. AGRADEÇO OS COMENTÁRIOS E MEU OBJETIVO É SOMENTE ESCLARECER DE UMA FORMA MAIS TÉCNICA, DISPENSANDO O QUE NÃO SEJA SÉRIO.

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MATAR O FILHO.

Matar o filho ou concorrer passivamente para sua morte é contrariedade à lei moral indescritível.

A maior dor do mundo é a perda de um filho, o que aconteceu com meu pai ao perder meu irmão que não conheci, aos dois anos, então filho único.

Meu pai escreveu uma frase para ser posta no túmulo por prima-irmã, a quem cometeu o encargo nunca realizado, por ordem contrária que dava sempre, frase que conheci quando ao falecer meu pai, minha prima me mostrou escrita com sua letra; dizia:

“ DEPOIS DE SUA MORTE COMPREENDI QUE A VIDA É UMA ILUSÃO QUE MATA.”

Sim, morremos como morreu para o mundo minha mãe, deixando de tocar piano e pintar, quando seu primeiro filho se foi.

Trancou-se por quase um ano em seu quarto, mandou vender todos os pertences que existiam na casa.

Compreender que a vida é uma ilusão que mata, é desfecho inexorável em um fato como tal, é tragar seu interior e devolvê-lo ao pó de onde viemos, vagar e sobreviver como fizeram meus pais, a ponto de dizer meu pai a um amigo, o pai do Jorge Sader, em conversa que o velho Sader meu grande amigo me confidenciou, depois da morte de meu pai; disse então: o Panza tinha umas coisas, me disse um dia que amava muito seus filhos vivos, mas amava mais seu filho morto.

O velho e invulgarmente inteligente Jorge Sader, estava surpreso por não entender, felizmente, por não ter passado por isto, a dor da saudade, dor moral que punge mais que a física.

A dor de perder um filho, ferida gigantesca que não cicatrizará nunca, só aumentará pela distância.

Compreender como matar ou eliminar rastro da morte de um filho, uma filha, e ainda querer se livrar, é a própria danação, a tomada do corpo pelo demônio, já que alma não pode existir.

Na história, uma das mais aterradoras cenas do inferno descrito por Dante Alighieri na obra "A Divina Comédia", é a danação imposta ao faminto Conde Ugolino della Gherardesca, condenado a roer o crânio do arcebispo Ruggieri, seu inimigo, até o fim dos tempos.

Uma passagem dúbia no relato literário de Dante, rendeu ao nobre italiano a fama de canibal pérfido, que teria devorado filhos e netos enquanto estiveram confinados com ele na cadeia, em uma torre.

Ugolino envolveu-se numa aliança política desastrada com o arcebispo Ruggieri, em Pisa.

Acusado de traição, acabou confinado em uma torre com os filhos e netos em 1289.

A chave foi atirada no Rio Arno. A curiosidade popular e a literatura de Dante alimentaram especulações sobre os acontecimentos no cárcere. Teria comido os filhos e netos.

A cena está imortalizada na “Porta do Inferno", fantástica escultura de Rodin”.

Ontem o STJ repeliu nova ordem pedida pela defesa (?) do casal Nardoni.

Disse desde o começo da infantilidade da tese de negativa de autoria diante dos fatos.

Só esperamos a mobilização da sociedade para revogação da "Lei de Execução

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 16/01/2010
Reeditado em 30/05/2010
Código do texto: T2032654
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