EDUCAÇÃO AMBIENTAL: uma Abordagem Interdisciplinar em Santa Inês

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: uma Abordagem Interdisciplinar em Santa Inês

A educação ambiental se constitui numa forma abrangente de educação que se propões atingir os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo; permanente; que procura incutir no educando uma consciência critica sobre a problemática ambiental, compreendendo – se como critica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais.

Na primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental – Conferencia de Tbilisi – organizada pela UNESCO em 1977, diz que:

A educação ambiental é o resultado de uma orientação e articulação de diversas disciplinas e experiências educativas que facilitam a percepção integrada do meio ambiente, tornando possível uma ação mais racional e capaz de responder às necessidades sociais (...) Para a realização de tais funções, a educação ambiental deveria (...) enfocar a análise de tais problemas através de uma perspectiva interdisciplinar e globalizadora, que permite uma compreensão adequada dos problemas ambientais.

O mesmo documento inclui a interdisciplinaridade como um de seus princípios básicos, afirmando que a Educação Ambiental deve ser aplicada "um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo especifico de cada disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada” (Dias apud Maria Jacqueline, 2008; p. 01).

O Governo Federal emitiu o Parecer N°226/87, de II de março de 1987 (MEC. 1987 apud Travassos 2004; p. 13), indicando o caráter interdisciplinar da educação ambiental e recomendando sua realização em todos os níveis de ensino. A Lei 9.795 de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, tem como um de seus princípios “o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade”. (Maria Jacqueline 2008; p. 02)

O projeto focaliza o Centro de Ensino Jansen Veloso, localizado entre a BR 316, Rua do Campo e Rua do CEMA, no município de Pio XII - MA. É uma escola Estadual que pertence a gerência de Santa Inês – MA, funciona nos três turnos, com ensino fundamental e médio, com um total de 864 alunos, 41 professores, 2 diretores e 3 vigias. Possui colegiado e conselho fiscal.

Este projeto de pesquisa visa disponibilizar informações, por meio de pesquisas, recursos teóricos e práticos envolvendo o tema EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Numa abordagem Interdisciplinar, visando a compreensão e a contextualização dos conhecimentos abordados; implicando em aprendizagens de conteúdo de várias áreas e sob diferentes prismas; Possibilitando a escola, a ajudar o corpo docente e discente a perceber a correlação dos fatos e ter uma visa integrada, ou seja, holística do mundo em que vive.

Segundo Talamani e Sampaio (2003:12), [...] Educação Ambiental é uma dimensão da educação, é a atividade intencional da prática social em relação com a natureza e os outros seres humanos, com o objetivo de potencializar essa atividade humana tornando-a mais plena de prática social e ética ambiental. E mesmo estando relacionada a diferentes áreas do conhecimento, a Educação Ambiental é educação, relacionando-se então aos paradigmas e metodologias das ciências humanas e sociais:

Nessa perspectiva, (Weied, 1997:73) afirma:

A educação tem como papel fundamental à formação de consciências individuais e coletivas. Quando se trata de Educação Ambiental falamos de uma consciência que, sensibilizada com os problemas socioambientais, se volta para uma lógica social: a de uma sociedade sustentável, onde a partir de uma compreensão da interdependência dos fenômenos sócio ambientais, humanidade e natureza se reconciliem e busquem uma forma de vida mais harmônica e compartilhada.

(Travassos, 2004:08), enfatiza a importância da Educação Ambiental ser objeto de discussão mais ampla “incluída nos programas escolares de todas as áreas de conhecimento, visto que todas elas têm como objetivo principal preparar o homem para viver em sociedade, para existir junto com o outro e com a natureza”.

O termo Educação Ambiental surgiu em 1965, na conferência de Educação da Universidade Keele, Inglaterra, com a recomendação de tornar-se parte essencial da Educação de todos os cidadãos.

De acordo com a portaria 773/93 do MEC, instituiu, em caráter permanente, um Grupo de Trabalho para EA com o objetivo de coordenar, apoiar, acompanhar, avaliar e orientar as ações, metas e estratégias para a implementação da EA nos sistemas de ensino em todos os níveis e modalidade.

A própria Constituição Federal de 1998, em seu artigo 225 parágrafo primeiro, inciso IV, reforçou a importância da temática ambiental no ensino formal a partir de duas medidas:

• Em 1997 o MEC lançou os Parâmetros Curriculares Nacionais, que incluíram o meio como um dos temas transversais;

• E em 199, o Ministério do Meio Ambiente criou a lei n° 9795, que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental.

Com base na nova lei da educação n° 9394/96, não se concebe mais uma educação fragmentada do saber, caracterizada por um completo isolamento das áreas/disciplinas, a Transdiciplinaridade, “[...] como método cientifico e como atitude pedagógica que quebra este isolamento pela circulação de conceitos e valores, só é valida quando sustentada por um novo olhar sobre as coisas”. (Gadotti, 200:39).

Com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais, Wolney Lobato (199:75) afirma que:

A educação ambiental sendo considerada uma modalidade educacional separada da educação e dominada por uma visão técnica (gestão) e retificada, isto é, reduzida ao conservacionismo ou à reciclagem de materiais (oficina de arte/ecologia). Ainda predomina um pensamento unidirecional.

Lobato ressalta ainda a importância da participação de todas as disciplinas na abordagem dos projetos ambientais, possibilitando uma maior integração entre o ser humano e a natureza, levando em conta a bagagem cultural das pessoas envolvidas no processo.

A lei n° 9795, de 27 de abril de 199 que dispõe da Educação Ambiental e instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental, no capitulo II, § 3°, inciso I, ficando estabelecido que:

I - O desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando a incorporação da dimensão ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes níveis e modalidades de ensino;

II - A difusão de conhecimentos, tecnologias e informações sobre as questões ambientais; [...]

Inserir as questões ambientais no contexto escolar e tarefa que precisa ser pensada e praticada a partir de ações concretas, levando em conta a diversidade cultural, social e econômica, bem como, a coerência ao Projeto Pedagógico da Escola.

Nesse contexto, é oportuno ressaltar (Carvalho, 1998:9):

A interdisciplinaridade é uma justa posição de diversas disciplinas, é uma maneira de organizar e produzir conhecimentos, buscando integrar as diferentes dimensões dos fenômenos estudados. Com isso pretende superar uma visão especializada e fragmentada do conhecimento em direção à compreensão da interdependência dos fenômenos da natureza e da vida. [...], à interdisciplinaridade como postura, como nova postura diante do ato de conhecer. [...], uma postura interdisciplinar em educação vai exigir uma abertura para mudanças que podem passar pela construção de novas metodologias, pela reestruturação dos temas e dos conteúdos curriculares, [...]

A Educação Ambiental pode ser vista como um novo momento de um projeto pedagógico que quer construir uma grande mudança de valores e posturas educativas, possibilitando aprender a ver e a pensar sobre como se produzem os problemas ambientais, quais são suas causas e como podemos resolvê-los.

Junto com o reconhecimento do ambiente, muitos conteúdos curriculares podem ser trabalhados. Conhecimento da área de Ciências, História, Matemática, Português, Geografia, artes e outros podem ser acionados para compreensão e discussão sobre a questão ambiental.

A Educação Ambiental inserida no âmbito escolar, como tema transversal ou contextualização-meio ambiente, tem papel fundamental na construção de conhecimentos que levam a um projeto de ensino-aprendizagem construtivo, possibilitando ao corpo docente e discente da escola valorizar a harmonia com o ambiente natural e social, partindo desse pressuposto, faz-se necessário trabalhar temas ambientais de forma interdisciplinar buscando a participação do aluno na resolução de problemas que envolvem o meio ambiente e o desenvolvimento da cidadania.

Segundo Travassos (2004:49), no âmbito das escolas é preciso que fique definido como objetivo pedagógico, qual o tipo de Educação Ambiental deve ser seguida: uma educação conservacionista cujos ensinamentos conduzem ao uso racional dos recursos naturais e a manutenção de um nível ótimo de produtividade dos ecossistemas naturais ou gerenciados pelo homem, ou uma educação voltada para o meio ambiente que implica uma profunda mudança de valores, uma nova cisão de mundo, o que ultrapassa bastante o estado conservacionista.

A escola é o espaço social local onde o aluno dará seqüência ao seu processo de socialização. É o local apropriado para aprendizado de comportamentos ambientalmente corretos, partindo das praticas do cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis e eco-interdependente. Para isso, a Educação Ambiental deve ser abordada de forma interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas das atividades escolares propostas.

O Município de Santa Inês desmembrado do município de Pindaré-Mirim, sob a Lei nº 2.723, de 19 de dezembro de 1966, foi emancipado no dia 14 de março de 1967, data em que se comemora a sua fundação.

Atualmente com uma população de 82.026 habitantes (Censo IBGE/2007), tem o seu serviço de limpeza pública executado pela Prefeitura Municipal de Santa Inês, através da Secretaria Municipal de Saneamento.

Possui uma Usina de Reciclagem e Compostagem de Lixo construída no ano de 1998, estruturada com um incinerador de animais mortos, galhos de árvores, etc., um incinerador de lixo hospitalar, um receptor do lixo, uma esteira com triturador, uma esteira para separação dos resíduos, uma balança para pesar material, um depósito de material e um pátio para depositar os resíduos, porém no momento essa estrutura não funciona em sua plenitude, por razões técnicas, o que está dificultando o processamento do lixo.

A coleta é feita em toda a cidade atingindo 42 bairros, atendendo 20.530 residências e uma média de 73.142 habitantes. Os coletores passam pelas ruas do centro de segunda a sábado, e nos bairros, em dias alternados.São utilizados para coletar os resíduos produzidos pela população 2 (dois) carros compactadores e 6 (seis) carretas puxadas por tratores, que retiram o entulho mais pesado, principalmente aquele produzido pela varrição das ruas e a capina.

O serviço de capina das ruas é realizado em toda a área urbana da cidade, mas o de varrição atende somente as ruas do centro, incluindo todas as praças, mercados e feiras livres. (Secretaria Municipal de Saneamento).

A Secretaria de Saneamento tem um planejamento de coleta, dividindo a cidade por setores, cada um com a programação de dias e horários marcados, devendo a comunidade ficar atenta ao calendário de atendimento do seu setor, conforme demonstrativo a seguir.

Quadro 1 – Roteiro Semanal da Coleta do Lixo

ROTEIRO SEMANAL DE COLETA DE LIXO CASEIRO/SANTA INÊS

Nº DE ORD LOCALIDADES QUANTIDADE DIAS DE COLETAS

CASAS HAB D S T Q Q S S

01 ÀGUA FRIA 06 23 x

02 ALTO DA RAPOSA 395 1448 X x X

03 ALTO DO ANGELIM 362 1310 X x

04 ALTO DO OLEGÁRIO 112 430 x x x

05 BAIRRO DA PALMEIRA 793 2995 x x x

06 BAIRRO DO AEROPORTO 789 2985 x x

07 BAIRRO MERC.MUNICIPAL 614 2144 X X X

08 BAIRRO BINE SABBAK 1851 6183 X X X

09 BAIRRO DO CEU 105 369 X x X

10 CANAÃ 665 2268 X X

11 CANECÃO 936 3054 X X

12 CENTRO DA CIDADE 4205 14139 X X X X X X

13 CONJUNTO DA CEPLAC 64 251 x X

14 CONJUNTO DA COHAB 324 1183 X X

15 CONJUNTO DA COHEB 994 4142 X X

16 CONJUNTO JARDIM BRASILIA 448 1661 X X X

17 CONJUNTO JARDIM NOVA ERA 200 671 X X

18 CONJUNTO JARDIM TROPICAL 42 147 X x X

19 CONJUNTO MUTIRÃO 405 1603 X X

20 CONJ. PARQUE SANTA CRUZ 311 1164 X x x

21 CONJUNTO VALE RIO DOCE 35 126 X X X

22 CUTIA PELADA 86 270 X X

23 NOVA SANTA INES 558 1997 X X X X

24 PARQUE PRAMORAR I 196 614 X X

25 PARQUE PRAMORAR II 330 1032 X X

26 RELÂMPAGO 30 55 x

27 SANTO ANTONIO 1136 3617 X X X

28 SÃO BENEDITO 777 3176 X X

29 SÃO CRISTOVÃO 207 711 X x

30 VILA ADELAIDE CABRAL 713 2788 X x

31 VILA CABRAL 202 1127 X X

32 VILA EDMUNDO RIOS 270 1052 X x X

33 VILA MARCONY FARIAS 921 3598 x x

34 VILA MILITAR 976 3262 X X X

35 VILA NOVA 125 427 X

36 VILA OLIMPICA 126 395 x

37 VILA PARENTE 143 481 x x

38 VILA CONCEIÇÃO 78 244 x

TOTAL GERAL 20.530 73.142 15 18 16 20 19 02

''LIMPEZA PÚBLICA SE FAZ COM O POVO''

Fonte: Secretaria de Saneamento/Prefeitura Municipal de Santa Inês

Diariamente são recolhidas 52 toneladas de lixo, depositados no pátio da usina, levando inúmeros catadores da comunidade a separarem manualmente latas, ferro, plásticos, vidros, papelão e outros materiais, que são vendidos em lojas de sucatas (intermediários), que comercializam com empresas recicladoras desses produtos, em outros estados.

Essa atividade vem formando uma cadeia de geração de renda do simples catador ao revendedor atacadista, e por esse motivo já está em discussão a possibilidade de ser criada na cidade, uma Cooperativa de Catadores de Lixo.

Com relação a serviços com resultados positivos prestados pelas Cooperativas de Catadores de Lixo, destacam-se cidades brasileiras como Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte, São Bernardo do Campo, Santo André, etc.

Citando-se aqui como exemplo, a cidade de São Bernardo do Campo que tinha um lixão com uma área de 40 hectares, considerado um dos maiores da América Latina, e durou por 30 anos, sendo fechado no ano de 2001. Desse lixão sobreviviam cerca de 100 famílias, entre essas pessoas havia muitas crianças e adolescentes. Tudo começou em 1998, com a implantação do Programa Lixo e Cidadania, vinculado ao Programa Nacional Lixo e Cidadania constituído pelo UNICEF, e outras instituições, cuja proposta é o fim da catação do lixo por crianças e adolescentes, e o destino final do lixo no Brasil.

Várias providências foram tomadas como a Implantação da Coleta Seletiva, através da qual são recolhidas em média sete toneladas de resíduos recicláveis; realizadas oficinas de reciclagem de papel envolvendo jovens de 16 a 21 anos, onde receberam dentro desse contexto, informações sobre educação sexual e a prevenção de uso das drogas, temas relevantes e necessários para pessoas nessa faixa etária, e em situação de vulnerabilidade.

Os agentes comunitários foram envolvidos para informar e encaminhar a esse público os serviços existentes no município. Enfim, várias atividades foram desenvolvidas para eliminar um problema tão grave e que submeteu a população a muitos riscos durante um longo período. (GRIMBERG apud Instituto Pólis)

A Constituição Federal deixa claro em seu Art. 225:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

O lixo produzido pela diversificação das atividades humanas existentes implica em problemas de natureza política, social, econômica, ambiental, e com a saúde da comunidade, por isso para que haja um trabalho de parceria entre o poder público e a sociedade civil organizada, será preciso uma união de esforços de forma consciente do papel que cada um poderá exercer para concretizar a meta de ter um ambiente saudável e livre da poluição de natureza diversas.

Quadro 2 – Exemplos de Materiais e o Tempo de Decomposição

Lixo Tempo de decomposição

Cascas de frutas de 1 a 3 meses

Papel 03 a 06 meses

Pano de 6 meses a 1 ano

Chiclete 05 anos

Filtro de cigarro de 05 a 10 anos

Tampa de garrafa 15 anos

Madeira pintada 15 anos

Nylon mais de 30 anos

Fonte: http://< www.ufrrj.br > (Ano: 2008)

Quadro 3 – Ilustração dos Materiais com o Tempo de Decomposição

Fonte: http://< www.ufrrj.br > (Ano: 2008)

A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA nº 5, de 5 de agosto de 1993, que alterou e aprimorou dispositivos da Portaria Ministerial nº 53/79, define o Sistema de Disposição Final de Resíduos Sólidos, como o conjunto de unidades, processos e procedimentos que visam ao lançamento de resíduos no solo, garantindo –se a proteção da saúde pública e a qualidade do meio ambiente. (TRENNEPOHL, et.al.ano 2007).

Essa mesma Resolução classifica os resíduos sólidos em quatro grupos:

Grupo A: resíduos que apresentam risco potencial à saúde e ao meio ambiente devido à presenças de agentes biológicos.Pertencem a esse grupo: sangue e hemoderivados; animais usados em experimentação e ainda os materiais que tenham entrado em contado com os mesmos; excreções; secreções e líquidos orgânicos; meios de cultura; tecidos, órgãos, fetos e peças anatômicas; filtros de gases aspirados de área contaminada; resíduos advindos de unidade de isolamento; restos de alimentares de unidade de isolamento; resíduos de laboratórios de análises clínicas; resíduos de unidades de atendimento ambulatorial; resíduos de sanitários de unidade de internação e de enfermaria e animais mortos a bordo de meio de transporte. São Incluídos ainda neste grupo, as lâminas de barbear, bisturi, agulha, escalpe vidros quebrados, etc., sendo esses provenientes de estabelecimentos que prestam serviços de saúde.

Grupo B: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido as suas características químicas: drogas quimioterápicas e produtos por ela contaminados; resíduos farmacêuticos (medicamentos vencidos, contaminados, interditados ou não utilizados e demais produtos considerados perigosos (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos, conforme a NBR 10004 da ABNT).

Grupo C: rejeitos radioativos: materiais radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clínicas, serviço de medicina nuclear e radioterapia, segundo Resolução CNEN 6.05.(TRENNEPOHL, et.al.ano 2007).

Grupo D: resíduos comuns são todos os demais que não se enquadram nos grupos descritos anteriormente. (TRENNEPOHL, et.al.ano 2007).

Observando-se essas classificações faz-se necessário uma reflexão de todas as pessoas envolvidas com o acondicionamento do lixo, bem como aquelas que o manuseia desde a coleta até a destinação final, tendo em vista as características de cada grupo, que demonstram os perigos que podem causar à saúde humana e ao meio ambiente

Conscientizar a comunidade e todos os agentes que fazem parte do processo de coleta e separação do lixo é fundamental para que haja esclarecimentos, muitas vezes, inimagináveis dos perigos que podem provocar danos irreparáveis ao meio ambiente e a todos os seres vivos que fazem parte desse meio, seja ele animal ou vegetal.

Como ponto de partida da necessidade de haver discussões sobre a problemática da limpeza pública no município, com o propósito de envolver a Sociedade Civil, o Ministério Público do Meio Ambiente e a Prefeitura Municipal, foi instituído pelo Chefe do Poder Executivo Municipal , através da Portaria nº 248, de 23 de julho de 2007, um Núcleo Técnico do Meio Ambiente, composto por representantes do poder público e sociedade civil.

Esse Núcleo Técnico é composto por 17 (dezessete) membros e tem por objetivo discutir as questões que diz respeito ao serviço de limpeza pública, buscando encontrar soluções na melhoria dos serviços, além de fazer um trabalho de sensibilização junto à comunidade, na tentativa de envolvê-la no processo da preservação do meio ambiente até culminar na formação do Conselho Municipal de Meio Ambiente.

Em 18 de março de 2002, foi criada a Lei nº 336/2002, que dispõe sobre a Política Ambiental do Município de Santa Inês, sendo também um instrumento que norteia juntamente com a Lei do Plano Diretor, a Constituição Federal e outras leis correlatas, um planejamento de ações que venham mudar a realidade atual da problemática do lixo em Santa Inês.

No mês de dezembro de 2007 foi criada a lei que Dispõe sobre a criação da disciplina “Educação Ambiental” nas escolas públicas municipais de Santa Inês. A lei entrou em vigor a partir do dia 1º de janeiro de 2008, e foi inserida na grade curricular do Ensino Infantil (Pré-Escola), até a 8ª Série do Ensino Fundamental, cujo propósito é conscientizar as crianças e adolescentes, na busca de formar cidadãos conscientes com uma mentalidade diferente, e que sejam multiplicadores no processo da Educação Ambiental.

Ressaltando exemplos de cidades brasileiras no avanço da Educação Ambiental dos seus habitantes, principalmente pela limpeza pública, cita-se Curitiba, capital do Paraná que se destaca nacionalmente como exemplo de limpeza e preservação.

Os moradores de Curitiba são tidos como exemplo de colaboração em ajudar a manter a cidade limpa, porque além de acondicionarem corretamente os resíduos, somente colocam fora das residências perto da hora da coleta, o que evita extravio das sacolas e o derramamento do lixo nas ruas, são também fiscais dos serviços. Os coletores passam três vezes na semana, sendo feita a coleta diurna nos bairros mais afastados e a coleta noturna no centro da cidade e bairros circunvizinhos.

Curitiba recolhe 32 mil toneladas de resíduos, que são depositados em um aterro municipal. Os serviços executados na limpeza da cidade são: coleta de lixo domiciliar, coleta de lixo reciclável, o serviço de lavagem da feira e a varrição manual e mecanizada de ruas.

A cidade se destaca principalmente pelos projetos realizados, sendo um deles a coleta dos resíduos recicláveis, denominado “Lixo que Não é Lixo”, que recolhe papéis, plásticos, vidros, sucatas de fogão, televisão, máquina de lavar, etc.

Em outro projeto denominado “Câmbio Verde”, o Poder Público firmou convênio com a Federação Paranaense das Associações da produção agrícola e repassa às famílias que ganham entre 0 e 5 salários mínimos.Para participar do programa a pessoa leva ao ponto de troca, em datas e horários previamente determinados, cinco quilos de materiais recicláveis e recebe em troca um quilo de produtos hortifrutigranjeiros

A execução desse projeto tem inúmeros benefícios porque induz a população a separar o lixo orgânico do inorgânico, adotar procedimentos para a destinação final dos resíduos sólidos, e ainda reforça a alimentação da camada menos favorecida da população. Existe ainda a coleta de resíduos domésticos especiais perigosos, que são celulares, pilhas, baterias, tinta, lâmpadas e o óleo, cujo recolhimento é feito do seguinte modo: em um dia do mês, fica um caminhão próximo a um dos terminais de ônibus da cidade permitindo aos moradores de qualquer parte do município descartar esse tipo de material.

Resíduos de origem perigosa como aqueles provenientes do sistema de saúde passam por um tratamento em microondas para depois serem dispostos corretamente, inclusive uma das tendências do momento, muito importante e que dará suporte à manutenção da saúde do meio ambiente, é a implantação dos Laboratórios Ambientais que receberão das empresas responsáveis pela coleta do lixo urbano, no que tange aos resíduos industriais e de serviços de saúde, parte do material para análises, e posteriormente fazer a disposição final. (MAROTO, Juliana, p. 13).

O trabalho da coleta é dos resíduos é feito por uma empresa terceirizada, contratada pelo município através de licitação, possuindo caminhões com capacidade de 15 a 18 m³, além de varredores e coletores devidamente capacitados.

Curitiba é considerada a cidade brasileira com maior área verde por habitante, 51 m² o que dificulta o serviço de limpeza pública, mas o trabalho é tão bem feito, que em pesquisas do IBGE, Curitiba é colocada como a capital do serviço de limpeza urbana do país.A cidade trabalha o processamento do lixo com tecnologia de ponta, tendo uma comunidade consciente da importância de mantê-la conservada e livre dos resíduos tão prejudiciais à vida das pessoas.

A inserção, portanto, da disciplina “Educação Ambiental” na rede municipal de ensino da cidade de Santa Inês – MA, está embasada na necessidade de conscientizar os alunos desde o Ensino Infantil (Pré-Escola), da importância de manter a sobrevivência das espécies, de proteger a biodiversidade, os recursos naturais (água, ar e solo), e garantir às gerações futuras o direito de usufruírem desses recursos.

Sabe-se que a Educação Ambiental na grande maioria das escolas é abordada como um dos temas transversais, porém em pesquisas realizadas nas escolas municipais de Santa Inês detectou-se que dessa forma havia uma grande defasagem de conhecimentos com relação aos temas ambientais, e principalmente no que diz respeito ao devido cuidado com os resíduos produzidos pela população.

Melhorar a qualidade dos serviços de limpeza da cidade de Santa Inês é o principal objetivo desse projeto, que ao reunir todas as informações teóricas e práticas, buscará a formação da parceria entre o poder público e a sociedade civil, através de ações que modifiquem a realidade atual e se possa oferecer aos moradores da cidade de Santa Inês, uma melhor qualidade de vida, bem como reduzir os vetores causadores de doenças provenientes do lixo.

Comparando-se o Brasil com a nação mais rica do mundo, os Estados Unidos, pode-se verificar a disparidade no que diz respeito à reciclagem do lixo como potencial econômico.

Os Estados Unidos produzem em torno de 10 bilhões de toneladas de lixo sólido por ano, enquanto que o Brasil diariamente produz 150 mil toneladas. Do lixo produzido no Brasil, 60% vai para os lixões, aterros sanitários irregulares, leitos de rios ou é queimado.Poucos municípios brasileiros trabalham o lixo através da coleta seletiva, alternativa ecologicamente correta para reduzir a poluição do solo, da água e do ar. Além disso, gera empregos e aumenta a vida útil dos aterros sanitários.

O Brasil destaca-se como nação recicladora de alumínio, porém pouco reaproveita vidros, plásticos, latas de ferro e pneus, isso faz com que o país desperdice 4,6 bilhões de reais.Segundo o economista Sabetai Calderoni, do livro “Os bilhões perdidos no lixo”, se o Brasil aplicasse por dia 200 toneladas da fração orgânica dos resíduos sólidos domiciliares, daria para implantar uma usina termelétrica com capacidade para atender uma população de 30 mil habitantes. (Calderoni apud Jornal do Senado, 2008, p.6).

Mesmo com tudo isso o Brasil lidera atualmente o mercado mundial de reciclagem de latas de alumínio para bebidas, segundo a Associação Brasileira de Alumínio- ABAL, e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Lata de Alta Reciclabilidade - ABRALATAS, no ano de 2006, dos mais de 11 bilhões de latas produzidas no Brasil, 94,4% são reaproveitadas. (Giosa et. al. 2006 apud Zevzikovas, 2007, p.10).

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Tete
Enviado por Tete em 02/02/2010
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