MERITOCRACIA: QUEREM AVALIAR OS PROFESSORES, MAS ESCREVENDO ERRADO

“Porque gado a gente marca Tange, ferra, engorda e mata. Mas com gente é diferente… Se você não concordar, não posso me desculpar. Não canto pra enganar; vou pegar minha viola, vou deixar você de lado, vou cantar noutro lugar.” (Chico Buarque, 1968)

Observem a questão abaixo. Ela fez parte da prova dos professores efetivos da rede estadual do Estado de São Paulo no dia 2 de fevereiro de 2010. Foi aplicada por ordem do secretário de educação Paulo Renato e do governador Serra que prometem aumentar em até 20% o salário do professor que alcançar a média estipulada. Quais são os ERROS que encontramos neste enunciado?

A questão 39 da prova de MERITOCRACIAfeita pela instituição CESGRANRIO contém erros básicos que não são erros de digitaçã. Veja:

UM NÚMERO significativo de alunos da 5ª série de uma Escola Estadual ESTÃO com dificuldades de adaptação ao esquema de trabalho desse segmento, muito diferente do anterior. Para ajudar a adaptação dos alunos, os professores que trabalham com essas turmas DEVE:

(A) informar o coordenador da escola sobre o problema, solicitando a ele que dê solução ao problema.

(B) solicitar aos gestores o reagrupamento dos alunos, separando os bem adaptados dosdemais.

(C) chamar os pais dos alunos com dificuldades, exigindo deles que invistam no amadurecimento dos alunos.

(D) reduzir as exigências com relação aos conteúdos, buscando favorecer o desempenho desses alunos.

(E) elaborar diferentes estratégias didáticas, buscando pela diversificação ajudar os alunos em sua adaptação.

É só observar as palavras que escrevi com letras garrafais (maúsculas) que qualquer um irá perceber os erros. Alguém está com alguns probleminhas básicos: diferenciar o singular do plural, coisa de 5ª série. Muito curioso uma instituição querer avaliar professores cometendo erros básicos de língua portuguesa. O certo seria: Um número significativo de alunos da 5ª série de uma Escola Estadual está (e não ESTÃO) com dificuldades de adaptação ao esquema de trabalho desse segmento, muito diferente do anterior. Para ajudar a adaptação dos alunos, os professores que trabalham com essas turmas devem (e não DEVE como está no enunciado).

Como ficaria a questão então com as palavras corretas?

UM NÚMERO significativo de alunos da 5ª série de uma Escola Estadual ESTÁ com dificuldades de adaptação ao esquema de trabalho desse segmento, muito diferente do anterior. Para ajudar NA adaptação dos alunos, os professores que trabalham com essas turmas DEVEM:

(A) informar o coordenador da escola sobre o problema, solicitando a ele que dê solução ao problema.

(B) solicitar aos gestores o reagrupamento dos alunos, separando os bem adaptados dosdemais.

(C) chamar os pais dos alunos com dificuldades, exigindo deles que invistam no amadurecimento dos alunos.

(D) reduzir as exigências com relação aos conteúdos, buscando favorecer o desempenho desses alunos.

(E) elaborar diferentes estratégias didáticas, buscando pela diversificação ajudar os alunos em sua adaptação. (Resp. letra A)

A secretária Maria Helena deixou passar alguns outros erros nas apostilas: ensino com “C” (encino) na apostila de inglês; Neoclassicismo no lugar de Neocolonialismo em História do 3º ano do ensino médio e outros errinhos a mais já denunciados pelos professores de outras áreas. A secretária caiu! Fora esses erros, já com Paulo Renato ocupando a pasta da Secretaria da Educação de São Paulo, erros ainda mais graves surgiram, desta vez, de cunho moral. Vários livros foram publicados com conteúdos repletos de palavrões e estimulando o sexo entre os jovens. (Visite blog http://paulinhistory.blogspot.com/2009/05/professores-em-alerta.html para ver trechos dos livros)

Pois é, o governo e o Paulo Renato ainda se acham muito competentes para avaliar os professores com erros básicos e com conteúdos pornográficos de matereias pagos com os impostos do cidadão paulistano. Esse gasto todo, com materiais mal elaborados e os gastos inúteis com os famosos “kites-vote-em-mim” (cadernos e bolsas para os alunos jogarem fora no início do ano letivo que foram enviados para as escolas, tudo isso poderia reverter em salário para os professores. Só que o governo deve estar ganhando muito com isso. São milhões de reais desperdiçados e ninguém faz nada. Ao invés de melhorar o salário dos professores conforme estabelecido em lei (Lei 444) o governo e seu secretário preferem estabelecer uma política de terrorismo e de caça às bruxas no Estado de São Paulo estabelecendo provas de meritocracia para os efetivos. O que o Serra deveria fazer e o seu secretário era respeitar os concursos prestados por estes profissionais, respeitar a Constituição e a LDB que estabelece os concursos como meios de contratação dos professores e ainda prevê a valorização profissional por meio de um plano de carreira que já existe, mas que o PSDB de São Paulo não respeita desde 1998. Estamos sem aumentos reais desde esse ano. Como podemos melhorar Não dá! Prova não, concurso sim e aumento já! Esse é o nosso grito e consequentemente a diminuição da carga horária e do número de alunos por série: isso sim, somado a uma estrutura adequada e materiais de qualidade e tempo de estudo farão a diferença no ensino do estado mais rico do país, mas onde o governo paga o menor salário ao professor. Agora, o professor com doze horas-aulas irá ganhar 500 reais por mês. Coitado... Vai ensinar o quê passando fome? Sem nível superior tem gente ganhando 3 vezes mais que isso, então, o governo não quer mesmo melhorar o ensino coisíssima nenhuma, o que ele quer é acabar com a educação no estado mais rico do país: o Estado de São Paulo. A luta continua, 2010 já chegou e PSDB nunca mais vai se eleger... Serra nunca mais, esse deve ser o nosso grito!