Os problemas ligados à Liguística Atual

Resumo: Este trabalho objetiva mostrar as transformações que a língua materna sofreu e conseqüentemente os problemas ligados a ela que afeta a estrutura da sociedade brasileira. Considerando que a língua envolve uma complexidade e uma diversidade de mudanças em seu desenvolvimento, os estudos sobre ela começaram na antiguidade e expressa a condição social do indivíduo na sociedade, mas independente disso a linguagem sofre transformações seguindo a sua natureza de forma regular.

Palavras-chave: Lingüística, transformação, variedade, preconceito.

Abstract: This paper aims to show the changes that the mother tongue and therefore has the problems associated with it that affects the structure of Brazilian society. Whereas the language involves a complex and a variety of changes in its development, studies of it began in ancient times and expressed the social condition of the individual in society, but regardless of this language is transformed according to their nature on a regular.

Keywords: Linguistics, transformation, diversity, prejudice.

1 INTRODUÇÃO

O ser humano tem uma necessidade extrema de se comunicar, diante disso os estudos à procura de conhecimentos aprofundados sobre a linguagem acompanham o homem desde a antiguidade. Em outras palavras, a língua desperta curiosidade do homem, a relação entre a palavra o mundo estabelece a condição social do individuo na sociedade. De acordo com Yaguello (2001, p. 283), a língua é um dos marcadores sociais mais poderosos, eleva os indivíduos considerados bons falantes da língua portuguesa, por usar palavras da norma culta e a gramática tradicional, ao nível de classe média a alta, talvez sem a língua não existisse classes sociais.

Com a finalidade de estudar os processos que levam a variação lingüística e identificar os problemas que ela causa a estrutura da fala, esta pesquisa abrange o contexto histórico da lingüística e seu reconhecimento como ciência para facilitar o entendimento dos processos ao longo de cada época. Em suma, neste trabalho, importa compreender como foi construído a língua portuguesa, suas transformações e o preconceito existente a partir dela.

2 CONTEXTO HISTÓRICO DA LINGÜÍSTICA

A linguagem é um objeto de interesse muito antigo, portanto as razões religiosas levaram os hindus a estudar sua língua para que os textos sagrados não sofressem modificações. Platão e Aristóteles representaram os gregos nessa trajetória lingüística, sendo o último o primeiro a elaborar a teoria da frase e a enumerar categorias gramaticais. A partir do século XIX o surgimento do método histórico evidencia o florescimento das gramáticas comparadas e a Lingüística histórica, atualmente base da lingüística contemporânea, que analisa fatos observados naquela época. Estes estudos comparados demonstram um aspecto importante para compreender a linguagem, que de acordo com Margarida Petter (2002, p. 12) “as línguas se transformam com o tempo independente da vontade dos homens, seguindo uma necessidade própria da língua e manifestando-se de forma regular”.

Antes de se comentar da lingüística Moderna deve-se discorrer das bases importantes citadas no parágrafo anterior, a Lingüística Histórica e a Românica. Franz Bopp destaca-se com sua obra sobre a relação do sânscrito ao germânico, ao grego, ao latim, etc., considerado marco do surgimento da Lingüística Histórica. Contudo, Bopp não foi o descobridor do sânscrito, mas foi ele que compreendeu as relações entre as línguas afins ao qual se pode chegar por meio do método histórico comparativo.

Em lingüística Românica, inaugurado por Friedrich Diez o método histórico comparativo permitiu que os romanistas fizessem ligações exatas sobre as formas românicas originárias, contribuíram para aproximar a Lingüística do seu objeto, a linguagem. As análises começaram a ser entendidas a partir do histórico das línguas mortas, esse processo demonstra a implantação do método científico já que deixa os mitos de lado para estudar a sua historiocidade. Como explica Gérard Fourez:

A análise crítica mostrou os limites de semelhante representação: as observações já são construções humanas, os modelos provêm de nossas idéias anteriores, e por meio de uma lógica pragmática e histórica (e não por meio de uma racionalidade necessária) que os cientistas decidem rejeitar ou conservar modelos particulares. Essa análise remete as práticas científicas a sua situação histórica. Ela desmistifica a ciência, pondo em questão a sua historicidade, a sua universalidade, a sua absolutez, o seu caráter quase sagrado. (Fourez, 1987, p.1)

No início do século XX os trabalhos de Ferdinand Saussure, pai da lingüística Moderna, contribuem para que ela seja reconhecida como estudo científico. Antes a lingüística não era independente, sustentava-se às exigências de outros estudos, a partir da divulgação dos trabalhos de Saussure, os estudos lingüísticos estariam focados na observação dos fatos da linguagem, que de acordo com Chomsky (1957, p.13) é um conjunto de sentenças, cada uma finita em comprimento e construída a partir de um conjunto finito de elementos.

3 VARIEDADES LINGUÍSTICAS

De acordo com Rodolfo Ilari (2007, p. 19) a atenção dos pesquisadores do século XIX deveria voltar-se para as línguas vivas, pois os processos de evolução lingüística eram vistos em ação e nela está a base do desenvolvimento das línguas. Seguindo este raciocínio, evidencia-se o Brasil para uma análise da língua materna, o português, grande exemplo de transformação desde a colonização dos brasileiros por Portugal.

Desde a colonização a língua sofreu várias mudanças, criando-se o que hoje muitos reconhecem como língua brasileira, ou seja, o português implantado aqui em 1500 teve influências de seus habitantes e estrangeiros naquela época, entre elas, o africano e o tupi, colaborado para o surgimento da língua que atualmente se fala. Alguns estudiosos afirmam que as influências não se restringiram apenas ao vocabulário. Jacques Raimundo, em “O Elemento Afro-Negro na Língua Portuguesa”, aponta algumas mudanças fonéticas, iniciadas na fala dos escravos, que ainda se mantêm em algumas variedades do português do Brasil: as vogais médias pretônicas "e" e "o" passam a ser pronunciadas como vogais altas, respectivamente "i" e "u" (mininu, nutiça); as vogais tônicas de palavras oxítonas terminadas em "s", mesmo as grafadas com "z", se tornam ditongos (atrais, mêis, vêis); a marca de terceira pessoa do plural, nos verbos do pretérito perfeito, se reduz a "o" (fizero, caíro, tocaro).

Graças a essas transformações e influências, o Brasil tem amplas variedades lingüísticas presentes em sua linguagem, um exemplo disso é o regionalismo, forma peculiar da fala de cada habitante de qualquer região, pode-se encontrar evidências fortes do regionalismo na literatura brasileira, “Sagarana” de José Guimarães Rosa, “O sertanejo de José de Alencar” são apenas alguns exemplos de obras que traz essa característica tão forte no português. Outra variedade lingüística muito comum entre os brasileiros é o sotaque, conjunto de entonações fonéticas a fala dos indivíduos que difere de região para outra, de acordo com os gramáticos e o ensino tradicional essas variedades fogem dos padrões da língua culta o que gera conflitos entre eles e estudiosos lingüistas.

4 PROBLEMAS E PRECONCEITOS

Em conseqüência das variedades, a língua portuguesa tem algumas ramificações que causam discussão entre seus estudiosos, contudo vale ressaltar que independente de estudos a língua não para de mudar. Como explica Celso Cunha:

Nenhuma língua permanece a mesma em todo o seu domínio e, ainda num só local, apresenta um sem-número de diferenciações. (...) Mas essas variedades de ordem geográfica, de ordem social e até individual, pois cada um procura utilizar o sistema idiomático da forma que melhor lhe exprime o gosto e o pensamento, não prejudicam a unidade superior da língua, nem a consciência que têm os que a falam diversamente de se servirem de um mesmo instrumento de comunicação, de manifestação e de emoção. (Cunha, 1964, p. 43).

O ensino tradicional prega que a gramática é a indicação para um texto correto e uma fala culta, todavia deve-se observar as regras gramaticais do português. Elas são resultado da influência dos portugueses, existem regras na gramática que fogem à realidade do brasileiro dificultando o entendimento das regras para serem usadas. Outra problemática se reflete como crítica social, a maioria dos brasileiros não tem acesso a uma boa escola e um ensino de qualidade, sendo jogados à margens pelos gramáticos, identificando-os como marginalizados da língua.

Conforme Marcos Bagno (2006, p. 105-107), a gramática não pode ser usada como modelo incontestável para a fala, ele reconhece que a lingüística por ser nova assusta, mas é necessário o reconhecimento de que uma crise existe no ensino da língua portuguesa. Tudo começa na atitudes dos professores em sempre corrigir as atividades dos alunos pensando na gramática ( o que ele chama de paranóia ortográfica). A mudança de atitude poderá ser lenta, porém a transformação é necessária e está ao nossos olhos, só a gramática tradicional não quer ver.

5 CONCLUSÃO E RESULTADOS

O desejo de atender as necessidades da língua deve promove estudos e pesquisas avançadas sobre ela, em conseqüência disso discussões e críticas são realizadas para um melhor entendimento da linguagem. Ressaltam-se as seguintes conclusões: 1) A lingüística é importante e jamais deverá ser ignorada, 2) A gramática tradicional deve adequar-se ao cotidiano de seus falantes e 3) O ensino tradicional está em crise e precisa de ajuda.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico – o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 2006.

FOUREZ, Gérard. O método científico: a comunidade científica. In ______. A construção das ciências: introdução à filosofia e a ética das ciências. São Paulo: Unesp, 1987. Cap. 4.

ILARI, Rodolfo. Lingüística Românica. São Paulo: Ática, 1992.

PETTER, Margarida. Linguagem, Língua, Lingüística. In: FIORIN, José Luiz. Introdução á Lingüística: I. Objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2002. P. 12-20.

PIETROFORTE, Antônio Vicente. A língua como objeto da Lingüística. In: . São Paulo: Contexto, 2002. P.75-93.

RAIMUNDO, Jacques. O Elemento Afro-Negro na Língua Portuguesa. Disponível em: < http://www.comciencia.br/reportagens/linguagem/ling03.htm > Acesso em: 23 set 2009.

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Lingüística Geral. São Paulo: Cutrix, 1994.

YAGUELLO, Marina. Não mexe com minha língua! São Paulo: Edições Loyola, 2001.

Diise França
Enviado por Diise França em 07/02/2010
Código do texto: T2074183