MEDO DA MORTE

MEDO DA MORTE

Por Aderson Machado.

Quando tinha aproximadamente vinte anos de idade, comecei, não sei por que, a me preocupar com a morte. A morte física, claro. Com efeito, coloquei na cabeça que estava com uma doença incurável, e que os meus dias estavam contados. Nessa época eu já estava na faculdade, onde fazia o curso de Engenharia Civil. Apesar dessa minha preocupação, eu, por incrível que pareça, não entrei em depressão. Assim, levava uma vida “normal”: estudava, ensinava, tomava minhas cervejinhas nos finais de semana, ia à praia e ao cinema, jogava futebol, ia às festas, e por aí vai. Apesar de tudo isso, esse pensamento negativo, pra não dizer funesto, não saía de minha cabeça. No entanto, eu não comentava esse estado de coisas com senhor ninguém: nem com a família, e muito menos com os meus amigos mais íntimos. Outrossim, não procurava um médico nem um psiquiatra, pra saber se essa doença era psicossomática. O fato é que, intimamente, eu vivia atormentado, porém não estressado. Ainda bem. Devo acrescentar que me alimentava normalmente, não tinha problema de insônia, ou coisa que o valha.

Tendo em vista a “iminência” da morte, a minha preocupação maior já não era comigo mesmo. Afinal, era solteiro, não tinha esposa nem filhos que pudessem sofrer com o meu passamento. Pensava, sim, no sentimento de dor por parte de meus genitores, meus irmãos, porquanto, dos filhos homens, era o mais novo, o que fazia com que a minha morte prematura tivesse um peso muito grande, além do que deixaria um curso superior pela metade, e sabia que era um grande sonho de meu pai me ver “formado”. Pensando nisso, em minhas orações ao Todo-Poderoso, eu suplicava para que, pelo menos, eu concluísse o meu curso de Engenharia Civil, no que, efetivamente, fui atendido. Destarte, todos ficamos felizes, e eu, ainda mais, porque acabara de ser aprovado no concurso do DNER – hoje DNIT -, ainda na qualidade de concluinte do curso supracitado.

A partir daí, então, eu já tinha outras metas a cumprir. Com efeito, uma vez inserido no mercado de trabalho, tive como objetivo me casar e procriar. Enfim, desejava construir minha própria família, pois, afinal de contas, morava distante dos meus familiares.

Quando comecei a trabalhar, por incrível que pareça, aqueles nefastos pensamentos sobre a morte começaram a se dissipar. E já depois de casado, a situação melhorou ainda mais, porquanto os meus filhos (na verdade, três meninas) absorviam grande parte do meu tempo, e, desse modo, não me sobrava muito tempo pra me preocupar com coisas desagradáveis...

Resumo da ópera: criei e eduquei a minha primeira família, e, há catorze anos, estou criando uma segunda prole, formada por um casal de filhos. Assim, pra quem sequer esperava concluir um curso superior, posso dizer que já fui longe demais, tudo isso graças ao Criador de todas as coisas.

Ainda em se tratando da morte física, ela, inexoravelmente, um dia vai bater na porta de cada um de nós. Por isso é preciso que nós, cristãos, estejamos espiritualmente preparados para recebê-la, quando for da vontade do nosso Senhor.

Afinal de contas, ninguém, ninguém, nasceu para ser semente!

Eis a realidade nua e crua.

Aderson Machado
Enviado por Aderson Machado em 08/02/2010
Código do texto: T2075272