( Paper sobre Evolução) Manutenção da Biodiversidade na Terra

MANUTENÇÃO DA BIODIVERSIDADE NA TERRA

Nilvana Tereza da Silva Koppe

* Profa. de Ciências Biológicas

RESUMO

O estudo da biodiversidade nos remete à expedição de Charles Darwin onde culmina com a Teoria da Evolução ou da Seleção Natural. E explica como as espécies conseguem adaptar-se a ambientes em constantes alterações. A biogeografia atribui a alguns fatores como a dispersão, a vicariância e a extinção a geração e a manutenção de toda essa diversidade. Sendo a biodiversidade toda a variedade de vida que compõe um ecossistema e estando este sob influência de vários fatores como poluição, industrialização e aumento da população é necessário e urgente uma ação consciente de apoio a essa manutenção da vida cuja proposta é a educação ambiental.

Palavras-chave: Biodiversidade; Biogeografia; Educação Ambiental;

1 INTRODUÇÃO

Após observar que todas as espécies são aparentadas umas com as outras uma nova concepção surge a partir da publicação da obra de Darwin A Origem das Espécies, pois, explica a diversidade biológica sobre a Terra. A Teoria da Evolução rompeu com a concepção fixista onde todas as espécies seriam resultado de uma ação única de criação sobrenatural.

Atualmente é possível estudar com detalhes os mecanismos de seleção natural e compreender como as espécies conseguem se adaptar diante um meio ambiente em constante alteração, produzida pela ação do homem ou provocada naturalmente. A biogeografia explica a fascinante compreensão da diversidade biológica conhecida, nos mais diferentes lugares do planeta. Finalmente chegou o tempo de compreender porque há tantas espécies na Terra e porque são tão importantes para a manutenção da espécie humana. Assim sendo, a vida humana é dependente de todas as outras espécies.

Neste estudo, pretende-se fazer uma reflexão sobre nossa relação com um planeta vivo e abordar como a educação ambiental pode ser ação importante para a conservação das espécies já conhecidas e quando são criadas áreas apropriadas a fim de promover a manutenção dessa biodiversidade que sustenta a vida humana.

2 PADRÕES DE DIVERSIDADE: BIOGEOGRAFIA E EVOLUÇÃO

A bordo do navio H.M.S. Beagle (1831 -1983) rumo ao hemisfério sul Charles Darwin reuniu importantes registros sobre a distribuição dos organismos, bem como desenvolveu idéias e observações que foram apresentadas no livro Origem das espécies. Através de sua teoria explica porque de uma diversidade tão grande de seres vivos na natureza. A seleção natural seria teoricamente o principal mecanismo para a manutenção das variações favoráveis à sobrevivência e reprodução de um organismo em seu ambiente. Sugere que “a seleção natural era o principal mecanismo para a troca das espécies através do tempo” (CASTRO, VON ZABEN. 2010). Essa teoria foi aceita também por Wallace, naturalista que em 1876 nos deixa importante trabalho sobre a biogeografia, ou seja, a distribuição geográfica dos animais.

A geração e a manutenção de tanta diversidade acontecem em escalas regionais e podem ser atribuídas a alguns fatores como a dispersão, a vicariância e a extinção. Dispersão é o processo pelo ”qual certos membros de um grupo de organismos podem se deslocar de seus lugares de origem para uma nova região, o que dá a possibilidade de colonizá-la” (id.) . A vicariância pode ser causada pela extinção de populações intermediárias, pela divisão de terras ou de águas “de modo que os membros de uma biota de distribuição contínua tornam-se separados e passam a evoluir independentemente” (MACHADO, 2009. p.58). O fator extinção é o que mais chama atenção ultimamente, pois, se deve ao fato das espécies diminuírem sua capacidade de adaptação às mudanças ambientais. Considera-se a extinção das espécies um fenômeno evolutivo normal. Em tempo geológico, as espécies que se extinguiram podem ter sido maior do que as que existem hoje. Segundo Silva Júnior e Sasson (2007. p. 456):

Elas desapareceram lentamente por não estarem adaptadas a mudanças no clima, ou então devido à competição e à predação. No entanto desde o século XVII, o processo de extinção acelerou-se muito, tanto devido ao crescimento da população humana quanto ao avanço da tecnologia. As mudanças nas condições ambientais são muito mais rápidas do que a capacidade de adaptação biológica de qualquer espécie, por meio de seleção natural.

Evidente que o prejuízo com essas extinções é da biosfera, inclusive o que está ameaçado é a vida humana no planeta. Numa época em que informação genética é poder, nem se imagina o quanto de diversidade biológica já se perdeu com a extinção de algumas espécies. A ação humana modifica o ambiente e traz alterações no cenário global e, portanto, no momento os ecossistemas são redefinidos de acordo com os elementos terras agricultáveis, água doce, litoral/mar, florestas e pastos e não mais de acordo com a geografia. Novos dados são obtidos através de satélites a fim de identificar áreas críticas e futuros problemas e que deveria ter a intenção de promover uma visão de preservação com razões éticas e morais, no entanto, o planeta é visto como um ativo econômico que produz bens e serviços que já estão sendo avaliados como irrecuperáveis.

3 BIODIVERSIDADE

Um dos maiores riscos de não preservação ambiental é a extinção de algumas espécies animal ou vegetal que não conseguindo nova adaptação poderão afetar a biodiversidade o que compromete o equilíbrio ecológico. O Brasil já vê traçada uma triste realidade quanto aos animais ameaçados de extinção, indica duzentas e sete espécies, entre elas, sessenta e sete mamíferos, cento e oito aves, nove répteis, trinta e um invertebrados e um anfíbio (FIGUERÓ, 2007).

Para maior proteção da Terra a camada de ozônio localizada na estratosfera, que fica a cerca de vinte cinco quilômetros do planeta e tem espessura de vinte quilômetros, há muito vem falhando na sua função. Os chamados buracos na camada de ozônio permitem que parte da radiação ultravioleta proveniente do sol penetre na atmosfera e cause efeitos nocivos não só sobre a saúde humana, mas, em toda a vida frágil na terra. Todos os seres que vivem nas grandes cidades do Globo Terrestre sofrem com o aumento da temperatura. A atmosfera passa a reter o calor além do nível normal ou suportável para a vida. As emissões excessivas de dióxido de carbono gerado pelo consumo de carvão e petróleo são consideradas fatores preponderantes para o aquecimento global.

A Educação Ambiental visa a promover estudos relacionados à utilização de energias limpas, menos poluentes. Poluição é qualquer degradação ou deterioração das condições ambientais de um determinado habitat (id.). A poluição está no ar com gases tóxicos, nas águas com agrotóxicos, detritos e lixo que muitas vezes poderiam ser reutilizados ou reciclados. Os humanos possuem o poder de criar bens efêmeros para seu prazer e depois os descartam na natureza ao perderem o valor comercial. Infelizmente parece não perceber que de alguma maneira afeta o equilíbrio ecológico e a biodiversidade. Biodiversidade “é toda variedade de vida que compõe um determinado ecossistema ou mesmo o próprio planeta” (id.). Preservar a Biodiversidade é preservar a vida no planeta. O homem é o deus criador do DDT (pesticida) que prometia acabar com pragas na agricultura e alimentar milhões de pessoas, no entanto, promove como exemplo, a má formação de ovos e dos filhotes de várias espécies principalmente de um símbolo nacional (EUA) como águia-careca. Ele derruba árvores, destrói o ambiente em que vive e é refugiado ou desabrigado pelas enchentes e outras catástrofes antes tidas como naturais.

O que interessa saber é que cada um dos principais ecossistemas mostra que a sua capacidade de produção de bens e serviços não suporta mais a economia humana e sua vida. Quando se lê ou se ouve nos meios de comunicações o ministro do meio ambiente, cientistas, ou o próprio relatório da ONU - de que se não forem tomadas ações urgentes, se não fizermos nada para reverter o processo, as emissões de gases tóxicos na atmosfera pode chegar a 2,7 Gigas (milhões de toneladas). E o que isso significa para a vida no planeta? É necessário quantificar o peso que tem essas informações para cada um nós. Quando se destaca a vida humana na Terra, não nos excluímos eu, você, e o nosso vizinho, cada um tem um papel, tem sua parcela de responsabilidade nessa preservação do meio natural onde estamos inseridos a fim de garantir a vida na Terra inclusive a nossa.. A Terra já deu sinal de alerta há mais de meio século. É óbvio que muito já se tem feito, porém, ao que tudo indica as respostas não foram muito eficazes e por isso é necessário fazer muito mais. E quando o assunto é biodiversidade é necessário abrir parênteses e lembrar-se da Convenção de Diversidade Biológica das Nações Unidas (CDB), onde fora discutida importantes decisões sobre a conservação e uso da biodiversidade. Os pilares norteadores desta Convenção destacam-se pela conservação da diversidade biológica, a utilização sustentável de seus componentes e a repartição justa e eqüitativa dos benefícios derivados do uso dos recursos genéticos.

A biodiversidade do planeta pode alcançar valores muito elevados, sendo admitida uma amplitude que vai de 10 a 100 milhões de espécies, no entanto o número de espécies hoje conhecido, em todo o planeta, está em torno de somente 1.7 milhões, valor que atesta o elevado grau de desconhecimento da biodiversidade nas regiões tropicais. O Brasil está dentre os países de megadiversidade, com 15 a 20% do número total de espécies do planeta. O país conta com a mais diversa flora do mundo, número superior a 55 mil espécies descritas. Alguns dos ecossistemas mais ricos do planeta em número de espécies vegetais - a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado - estão localizados no Brasil. A Floresta Amazônica brasileira, com mais de 30 mil espécies vegetais, compreende cerca de 26% das florestas tropicais remanescentes no planeta. A biodiversidade brasileira apresenta tamanha magnitude e complexidade que é possível dizer que o número de espécies, tanto terrestres quanto marinhas, ainda não foram identificadas. A diversidade biológica é percebida de distintas formas por diferentes grupos de interesse, podendo seu valor ser avaliado segundo critérios distintos. Possui valor intrínseco e também valores ecológico, genético, social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo e estético (FILHO; GOLDEMBERG, 2009).

O Brasil tem, portanto, uma responsabilidade especial em relação às Convenções, já que é portador da maior biodiversidade do mundo e experimenta diariamente o desafio da conservação e do uso sustentável deste legado. Esta não é uma tarefa fácil. Envolve grandes dificuldades em termos de desenvolvimento científico e tecnológico e recursos financeiros.

4 UMA PROPOSTA PARA APOIAR A MANUTENÇÃO DA VIDA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Ainda é momento ou já não há mais tempo para que o planeta se recupere dos danos impostos em nome do desenvolvimento desenfreado? Por quanto tempo ainda vamos analisar as questões ambientais e concluir que é necessário e urgente um novo olhar sobre o atual modelo de agricultura? Essa economia causa impactos ambientais e sociais deletérios no solo, nos recursos hídricos principalmente no modo de vida do homem do campo que vem hoje (ou há muito tempo) aumentando os cinturões de pobreza nas cidades.

Como educadores podemos e devemos nos questionar e refletir por que sempre há um discurso novo para velhas intenções. O professor do século XXI deve possibilitar aos alunos o entendimento da problemática ambiental a partir do ecossistema em que está inserido. Qualquer projeto deve fundamentar-se numa abordagem teórica conceitual das questões ambientais com a problemática vivenciada coletivamente. A escola é espaço e tem público certo para operacionalizar a proposta de entendimento que é só por meio da educação e do acesso ao conhecimento que o ser humano repensará sua relação com o meio ambiente e com seus semelhantes, construindo novas fórmulas de interagir como se social (FREINET apud ELIAS, 1997).

4.1 Educação Ambiental como processo de formação humana

Os ecossistemas são naturalmente resistentes, porém, o impacto da ação humana pode sim reduzir a capacidade de recuperação a nível de sistema. As florestas estão sendo devastadas com tal velocidade que será incapaz de recuperação e morrerá gradualmente. A Educação Ambiental pode ser entendida como processo de formação humana para desenvolver sensibilidade crítica sobre todas as questões ambientais. Ao receber informações e orientações sobre os problemas que se apresentam numa determinada região a Educação Ambiental provoca nas comunidades ações efetiva de preservação e recuperação do ambiente atingido. É complexo pensar em Educação Ambiental a nível de país ou a nível mundial sem antes conseguir realizar ação efetiva e obter resultados práticos e positivos através de mudança consciente a nível local. O professor na escola, o administrador de uma empresa, o comerciante, o proprietário de um prédio, o sindico de um condomínio, enfim qualquer pessoa pode estar promovendo Educação Ambiental no seu habitat. Conforme Morais (apud ELIAS, 1997, p. 151):

Educação ambiental: ”(...) processo que visa formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas que lhe diz respeito, uma população que tenha os conhecimentos, as competências, o estado de espírito, as motivações e o sentido de participação e engajamento que lhe permitam trabalhar individualmente e coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que se repitam”.

Por ser um processo de aprendizagem a educação ambiental estará sempre em contínuo desenvolvimento e se o objetivo é formar uma população consciente dos problemas que lhe diz respeito então a criança pode ser considerada sujeito principal da ação desta proposta de educação.

A escola é ambiente propício uma vez que é ambiente de formação, mesmo com suas deficiências, mas, é capaz de desenvolver na criança e no adolescente consciência crítica e ação participativa nos problemas que envolvem o seu ecossistema. É importante que o homem perceba e entenda qual o seu lugar no meio só assim poderá contribuir para a preservação do meio ambiente. Conhecer e ter contato com a natureza tem o objetivo de despertar a consciência conservacionista em todas as pessoas principalmente nas crianças (TAGLIARI, 1997). A operacionalização de projetos em educação ambiental com importância para legislação é necessária para difundir conhecimentos e despertar nas novas gerações que preservar e sustentar a manutenção da vida é um verbo de ação onde se pratica a proteção da vida no planeta.

4 CONCLUSÃO

O estudo da biodiversidade demonstra que há sobre a Terra incontáveis espécies de organismos e a sua distribuição é fortemente influenciada por características históricas e ecológicas levando em consideração o processo evolutivo incidente sobre toda a biota. Charles Darwin provoca novas concepções a partir da Teoria da Evolução e declara que a seleção natural era o principal mecanismo para a troca das espécies através do tempo. A dispersão, a vicariância e a extinção são fatores de geração e manutenção de tanta diversidade.

Sendo Biodiversidade conceituada como é toda variedade de vida que compõe um determinado ecossistema ou mesmo o próprio planeta e o Brasil, país dotado de tanta megadiversidade se torna responsável diante as Convenções Ambientais apoiando e criando políticas de uso sustentável de todo esse legado ecológico.

A Educação Ambiental vem sendo uma proposta interessante para a manutenção da biodiversidade pela conservação e criação de áreas de preservação natural. Sendo um processo de formação humana desenvolve sensibilidade crítica sobre questões ambientais atuais. A escola tem papel preponderante na operacionalização de várias ações de cunho ambiental provocando o entendimento que é só por meio da educação e do acesso ao conhecimento que o ser humano repensará sua relação com o meio ambiente e com seus semelhantes.

5 REFERÊNCIAS

BIOGEOGRAFIA. Disponível em: <http://www.micromacro.tv/pdfs/saber_mas_portugues/biodiversidade/18biogeografia.pdf. Acesso em 02 fev. 2010.

CASTRO, Leandro; VON ZABEN, Fernando. A Origem das Espécies. Disponível em < http://ftp://ftp.dca.fee.unicamp.br/pub/docs/vonzuben/ia707_02/topico2_02.pdf>Acesso em: 03 fev.2010.

ELIAS, Marisa Del Cioppo. Pedagogia Freinet. São Paulo: Papirus, 1997.

FIGUEIRÓ, Nelso. O que é meio ambiente? Florianóolis: Epagri/Ciram, 2007.

FILHO, Gilvan Meira; GOLDEMBERG, José. Um novo protocolo de Kyoto. Disponível em <http://www.brasilescola.com/geografia/protocolo-kyoto.htm>. Acesso em: 02 nov. 2009.

MACHADO, Gilvania da Silva. Evolução. Indaial: Ed. ASSELVI, 2009.

TAGLIARI, Paulo Sérgio. Floresta Nacional tem projeto de Educação Ambiental. Agropecuária Catarinense. Florianópolis,vol.10, n°3, 27-36, set. 1997.

SILVA JÚNIOR, César da; SASSON, Sezar. Biologia: genética, evolução e ecologia. vol.3. 7.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

Vento de Outono
Enviado por Vento de Outono em 09/02/2010
Reeditado em 22/05/2010
Código do texto: T2077628
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