OS ESPECIALISTAS DEFENSORES DA MERITOCRACIA CONHECEM A REALIDADE DAS ESCOLAS DA PERIFERIA DE SÃO PAULO?

“Escolas precisam valorizar o mérito e uso adequado do tempo em sala de aula”. Lí isso em um artigo de especiaslistas pela internet. O que significa valorizar o mérito? Pagar mais para uns que para outros? Isso resolve o problema da qualidade? Não. Qualidade depende de um processo que pega desde a disciplina em sala de aula, condições adequadas e tratamento democrático e não meritocrático dos professores. Lidamos com gente, não com objetos. Lidamos com cabeças, mas não formatamos computadores. Aluno não é máquina para ser manipulado, não se ensina nada sob pressão, nem sobre quem ensina e nem sobre quem aprende. Aprende-se por amor, ensina-se por aptidão e valorização profissional. Professor não é um vocacionado, é um profissional que precisa sentir-se valorizado, não apenas monetariamente, mas em sua alto estima. Professor quer ser reconhecido, não se trata só de dinheiro, mas de ambiente, clima, tratamento decente. Nem cafesinho o professor tem em certas reuniões, até o lanche, se quiser tem que fazer vaquinha, ir à padaria senão fica com fome na escola. Professor tem todo tipo de doença, pois se alimenta mal: gastruite, renite, tendinite, nervi siático inflamado, e problemas peisicológicos nem se fala, são centenas de casos.

Pelo visto, estão pensando que lidar com aluno é igual a fabricar peças, parafusos ou qualquer outro tipo de objeto dentro de uma fábrica. A concepção meritocrática de aluno é de mercadoria, estão esquecendo que trabalhar com cabeças pensantes não é o mesmo que moldar uma peça. Os especialistas que hora e outra ressurgem no cenário educacional paulista Ed brasileiro trazem idéias importadas de países desenvolvidos, são cópias bem elaboradas que trabalham a favor do sistema produtivo e do capital, porém, cada “nova teoria” recai no mesmo e único objetivo: favorecer o sistema vigente e não ensinar o aluno a pensar e a ser crítico como apregoam as teorias. Como a meritocracia melhoraria a educação se o professor que merece menos irá enfrentar as mesmas condições de sala de aula? O mesmo L.A, o mesmo indisciplinado, os mesmos problemas e a mesma violência do dia-dia que estarão recaindo sobre as costas do professor que “merece mais” também recairão sobre aquele que “merece menos”. Que estímulo terá esse professor menos meritocrático? Sai ano, entra ano, “novos velhos planos” entram na pauta da educação brasileira, e da educação paulista. Especificamente em São Paulo, cada governo do PSDB que entra vem com uma nova bomba pra cima dos professores e de outros setores do funcionalismo público que precisa se unir para derrubar essa política nefasta e profana cujo alvo é perseguir pura e simplesmente todos os funcionários públicos de setores básicos da sociedade. Os pilares da sociedade quais são? Educação, Saúde, Segurança e Saneamento Básico. Desses três setores, a educação é a mais perseguida, embora as outras tem sido sucateadas, é por isso, que todos os funcionários públicos dos setores como Educação, Saúde e segurança deveriam se unir em São Paulo, para levar a banca rota essa política do PSDB, e não admitir a eliminação dos direitos dos profissionais dessas áreas, porque, a eliminação dos direitos desses trabalhadores refletirá no atendimento e prestação de serviços à sociedade, e quem mais sofrerá as conseqüências é a população mais carente. A educação vem sendo prejudicada pela política desastrada do governo do PSDB desde a publicação da Lei 9394/96, desde que Mario Covas foi eleito governador em São Paulo até José Serra, tudo que temos visto acontecer na educação é um descaso, tratamento desprezível para com os professores das escolas estaduais, e agora, Serra faz questão de acirrar ainda mais a perseguição aos professores tratando-os com extrema discriminação e desigualdade. Esse governo não respeita lei nem justiça, descumpre ordens judiciais e se acha DEUS, capaz de sobrepor-se a tudo e a todos.

Um professor estável não irá ganhar mais que 500 reais por mês, salário de um moto-boy em São Paulo. Segundo o SPTV de hoje 09/02/2010, este será o menor salário do Estado de São Paulo. Se um moto-boy irá ganhar 560 reais por mês sem ter feito um curso superior, como pode um professor ganhar 500 reais? Doze aulas por mês? Quem vive com isso? Que estabilidade é essa? Claro, isso é para o professor que não atingiu a média da “provinha” imposta arbitrariamente para a categoria. Sob que critérios o professor foi avaliado? Sob que condições psicológicas, física e mental? Depois da prova conversei com um professor de filosofia e fiquei assustado com seus depoimentos. Ele estava barbudo, fisionomia tipo apavorado, trêmulo e alegava estar sendo perseguido por uma diretora que volta e outra entrava na sua sala de aula sem pedir licença, segundo ele, a desculpa que era apresentada era a de que estava procurando um aluno de camisa preta, mas não havia esse aluno na sala, outra vez a mesma foi procurar um aluno de blusa amarela e a mesma história se repetia. O professor acredita que o problema é pessoal e alega ser perseguido. Sabem quantas questões esse professor acertou? Apenas 12 questões. Eles alega que saiu da sala de aula sem dar satisfação e não voltou mais para a tal escola cujo nome não revelou. Uma coisa digo, muitos professores estão doentes, abalados psicologicamente, com síndrome do pânico e não tem nenhum respeito nem respaldo desse governo sacana e de seu secretário que institui provas ao invés de diminuir a carga horária dos professores que precisam sobreviver sacrificando a vida e a família com 40, 50 e 60 horas de trabalho, alguns acumulando escola da prefeitura em outros municípios e escolas estaduais para poder alcançar pelo menos 2000 reais por mês, senão eles não conseguem nem pagar as prestações e honrar seus compromissos ao final do mês. Quanto ganha um deputado na Assembléia? Eles vão lá apenas três dias na semana. O professor acumula cargo de uma escola para outra, vive como um louco e na correria, sem tempo de estudar, aperfeiçoar e melhorar e capacitar-se para acompanhar as exigências do mundo globalizado. Como ensinar cidadania sem ser cidadão? Como ensinar a respeitar sendo desrespeitado? Como ensinar a paz sendo violentados por um governo tirano? É contraditório ensinar qualquer coisa se quem ensina é ao mal tratado. A sociedade, os pais e a comunidade que se encontra no entorno das escolas precisam começar a filmar, tirar fotos das condições internas das escolas, ver as reais condições em que os professores se encontram em sala de aula, quantos alunos por série. Irão ver salas superlotadas, desacatos de alunos ao professor, violências praticadas contra o professor na hora de uma explicação e casos até de agressão a esse profissional. No futuro não haverá professor, pergunte quem quer ser professor hoje. A resposta é: Deus me livre! Por que esse sonho está desaparecendo dos alunos? Porque eles veem como os professores estão sofrendo atualmente. Veem a desvalorização profissional e os descaso do governo. A prova que o governo institui não prova nada, a não ser o descaso político de mais de 15 anos sofrido na pele por esse que agora vos escreve. Concursado por duas vezes e bem aprovado, ainda tenho que fazer uma porcaria de uma prova de MERITOCRACIA. Mesmo tendo feito 70% de acerto, não acho que mereço ganhar mais que meus colegas, acho que uma prova para ver quem merece mais não é a maneira justa e nem irá me tornar melhor que outros, pelo contrario, irá gerar um sentimento de perda em uns e o orgulho de ganhar mais em outros. Isso é acabar com a educação. Democracia é garantir direitos iguais, meritocracia é o contrário, é priorizar a desigualdade. Não haverá democracia se uns merecerem mais que outros, exceto pela experiência acumulada ao longo dos anos, o tempo de trabalho etc, caso contrário, qualquer um em início de carreira e que estiver com a cabeça fresquinha acabará merecendo ganhar mais que um cinquentão em sala de aula, calejado e cansado e que agora o governo só quer descartar com sua política discriminatória e excludente. Modéstia parte, nunca vou mal em concurso ou em qualquer prova, mas não aceito a política hora imposta arbitrariamente aos professores de São Paulo. Em 18 anos de experiência, o governo atual tem se revelado o pior governo de todos os tempos. A educação é a mais maltratada, já as corrupções mesmo, desvio de verbas de merenda escolar, superfaturamento de notas nas reformas terceirizadas entre outras não se apura, perseguir professor é fácil.

MERITOCRACIA PARA OS DEPUTADOS, SECRETÁRIOS DE EDUCAÇÃO, PREFEITOS, VEREADORES E PARA O GOVERNADOR DE SÃO PAULO

Será que apenas o voto tornam esses políticos aptos para assumirem seus postos? Será que apenas as urnas dizem ou traduzem a competência para governar? Se fizéssemos um teste de caráter todos ou quase todos reprovariam nesse quesito, inclusive o nosso governador. Qual a sua competência? Fazer pedágios com dinheiro público? Sucatear mais a educação e a saúde? Sucatear a segurança pública? Qual a competência do Serra? Odiar professores e perseguí-los, essas são as competências do governador e de seu secretário. Qual é a competência do nosso governador? Trocar de secretário por erros em apostilas? Qual a competência do nosso governador? Colocar um secretário que destruiu a educação em nível federal e agora vai destruí-la em nível estadual?

Paulo Renato foi um desastre na esfera federal e agora esse desastre está em São Paulo. Já começa com os livros com palavrões e os mapas de geografia mostrando o Paraguai três vezes excluindo outros países do mapa. Esse secretário e o governador ainda se acham competentes para avaliar professores? A meritocracia deveria ser mesmo instituída, mas para esse governador e seu secretário, deveria ser instituída na ALESP (Assembléia Legislativa de São Paulo), para os deputados, vereadores e prefeitos, para os secretários de educação municipais e para todos os figurões da política.

Meritocracia já para o Serra, seus comparsas e para todos os políticos do Estado de São Paulo, especialmente os do PSDB, o Partido do Sucateamento e da Destruição do Brasil.