Pra que lipo? Quando se tem velhice!

Assim, galera, antes de sair desenfreadamente em busca de uma juventude eterna, de um corpo sarado, recorrendo a tudo que possa esticar um pouquinho mais a nossa beleza externa. Devemos lembrar que envelhecer com dignidade também é uma dádiva. Já dizia Cícero (Marco Túlio Cícero, séc. I a.C.), orador e escritor latino: “...afinal sempre existe algum trabalho que pode ser feito por um velho... Um trabalho que exija discernimentos que os hormônios de um jovem sequer admitiria... a velhice é sem forças, porém ninguém exige dela ser forte”, quanto aos prazeres, dizia: “...a velhice poupa o que adolescência tem de pior. Um velho se poupará da devassidão, se não for por sabedoria e bom senso, por pura velhice. Em vez de censurar a velhice, devemos nos felicitar que ela não nos faça lamentar demais os prazeres...”

Porque arriscar aquilo que temos de mais precioso? Nossa saúde... Não merece passar por testes desnecessários. Tipo: lipos, cirurgias plásticas, bronzeamentos artificiais e enfim qualquer onda maluca de modismo para manter a forma a qualquer custo. Devemos ter em mente, que mais importante do que a beleza externa é a saúde do nosso organismo. Não podemos negar que a beleza não é apenas subjetiva, ou seja, não está só nos olhos de quem vê, mas também é uma propriedade objetiva do universo. Senão os olhos - este órgão maravilhoso, por que evoluiriam tanto? Se não fosse para perceber a existência da beleza.

Sabemos até que ela faz parte de muitas das curas para as diversas patologias da alma. Porém, devemos nos iniciar na compreensão do conceito beleza, é preciso ver e não enlouquecer. Pois, aquilo que muitas vezes parece a saída, na verdade, é uma armadilha para morte precoce. Moderação sempre foi a palavra chave, ainda mais agora, que aparece por todo lado uma enxurrada de charlatões, que prometem tudo só para pegar o dinheiro dos incautos.

De outra sorte, quando não se tem mais nenhuma função produtiva dentro do sistema, tendo em vista que as sociedades ocidentais costumam valorizar o jovem, o belo e o produtivo, sendo assim, aquilo que não encaixa no padrão é simplesmente descartado. Por conseguinte, quando estamos fora do padrão ficamos também livres, e, assim, é possível visitar os lugares que são tidos como marginais. E, simplesmente de mão nos bolsos, com passos lentos, absorto em pensamentos e a alma transbordada de poesia, som e rock 'n' roll, podemos então encontrar aquelas praias que estão fora do tempo, reservadas a quem está à margem (velhos, crianças, poetas, músicos...). E ao chegar lá se compreende o porquê do sonho dos loucos. É o lugar onde os vagabundos apenas contam estrelas; onde o poeta se enamora da poesia; onde músico possui a música num beijo frenético que o consome por inteiro; onde a ciência se declara em amor ao cientista; onde o sábio caminha lentamente, lado a lado com a sabedoria sob abóbada estrelada do universo; onde o santo encontra "Deus" e onde os demônios encontram redenção. É lá que se encontra a inspiração da criação, o fruto da árvore eternidade, bem como o sol da existência espiritual. Veja que não me refiro a nenhum tipo de encanto ou droga, mas a um estado alterado de consciência que se obtém pelo refinamento da sensibilidade espiritual.

(Omena)

Ohhdin
Enviado por Ohhdin em 17/02/2010
Reeditado em 03/04/2011
Código do texto: T2092470