Aspectos Importantes na Educação de Jovens e Adultos

Por: Ester Andrade Elias

Levando em consideração o artigo de Vagula, as possibilidades do processo de avaliação na educação de jovens e adultos (EJA), o conjunto de processos de aprendizagens, formais ou não formais, desenvolvem suas capacidades, enriquecem seus conhecimentos e melhoram suas competências técnicas ou profissionais a fim de atender suas próprias necessidades e as da sociedade.

Na busca de ampliar as possibilidades da inserção dos jovens e adultos na sociedade e no mundo do trabalho, desenvolvendo ações tendo como foco central os eixos: trabalho, cultura e tempo, norteadores conforme propõem as Diretrizes Curriculares de 2005.

Tendo consciência do significado de educar os adultos com o sentido de educar para toda a vida, dessa forma, centraliza o foco nos sujeitos, nos saberes produzidos nos eixos já destacados. Neste sentido, se reconhece o desafio de organizar a unidade numa diversidade, em se tratando de uma só realidade social, em que todos têm direito ao acesso aos saberes. Como diversidade, temos os sujeitos, suas condições de vida, bem como suas expectativas e conhecimentos.

É importante que a formação continuada e permanente dos educadores seja realizada na atualidade, com base no entendimento da multiculturalidade. Nessa perspectiva, a educação éinstância propícia e espaço privilegiado para a realização da convivência e das trocas entre as diferentes culturas, o que é possível com a criação de espaços interculturais e intertransculturais, onde a multiculturalidade se fará presente e, por conseguinte, estabelecerá, num primeiro momento, o que Freire chama de unidade na diversidade (FREIRE, 1994, p. 157) e, num segundo momento, a luta pela construção de uma sociedade que fala de paz, e, para tanto, faça justiça.

Considerando a formação docente e a construção da identidade de educadores da Educação de Jovens e Adultos, destacamos a importância da escola como locus de formação e espaço de discussões e proposições por meio de grupos de estudos permanentes.

A ação pedagógica no âmbito da educação de educação de jovens e adultos aponta para a necessidade de reconhecermos as características de homens e mulheres que buscam a escolarização; sua trajetória de vida, objetivos, expectativas e necessidades que os levam a retornar à escola.

A diversidade das histórias de vida e dos diferentes saberes marcam a trajetória destes sujeitos. É no espaço escolar que elas aparecem de formas explícita, dadas nas relações do processo de ensino e aprendizagem.

Os alunos que buscam a EJA são marcados pela diversidade e pela heterogeneidade. Alunos que encontra-se em um momento do processo ensino-aprendizagem, já tendo percorrido um longo caminho, em diferentes áreas do conhecimento.

Segundo Freire (Gadotti, 1979, p. 72), nos anos 40, a Educação de Adultos era entendida como uma extensão da escola formal, principalmente para a zona rural. Já na década de 50, a Educação de Adultos era entendida como uma educação de base, com desenvolvimento comunitário. Com isso, surgem, no final dos anos 50, duas tendências significativas na Educação de Adultos: a Educação de Adultos entendida como uma educação libertadora (conscientizadora) pontificada por Paulo Freire e a Educação de Adultos entendida como educação funcional (profissional).

Nesse sentido, apontamos para a necessidade de que esse conhecimento precisa se integrar ao conjunto de conhecimentos sistematizados, ou seja, possibilitar a junção dos saberes, através de uma ação pedagógica adequada.

Do contrário, se estaria mais uma vez, fortalecendo a discriminação e a exclusão desses adultos da sociedade.

De acordo com Cury (2000) trazemos à tona a perspectiva da educação de jovens e adultos como promessa de uma via de desenvolvimento para todas as pessoas, independentemente da idade, contemplando inclusive idosos, cujo papel é indiscutível junto às novas gerações, para atualização de conhecimentos e habilidades, troca de experiências e acesso a novas regiões do trabalho e da cultura. Trata-se de promessa de qualificação e de expectativa de vida para todos .

Segundo Soares (2002), o Parecer nº 699/72, do conselheiro Valnir Chagas, estabeleceu a doutrina para o ensino supletivo. Os exames supletivos passaram a ser organizados de forma centralizada pelos governos estaduais.

Os cursos, por outro lado, passaram a ser organizados e regulamentados pelos respectivos Conselhos de Educação. O Parecer nº 699/72 foi elaborado para dar fundamentação ao que seria a doutrina de ensino superior.

Nesse sentido, ele viria a "detalhar" os principais aspectos da Lei nº 5.692, no que tange ao ensino supletivo, facilitando sua compreensão e orientando sua execução.

A avaliação foi sendo construída no decorrer da história concomitantemente ao processo dialético que impulsiona a sociedade, servindo então como reflexo das idéias que caracterizaram cada época. Ao longo do tempo, o caráter da avaliação foi modificando-se, conforme o momento histórico de cada sociedade.

O ato de avaliar é exercido em todos os momentos do dia-a-dia do sujeito, a

partir de juízos provisórios, ajudando nas decisões a serem tomadas. Ao fazer este juízo, o homem coloca em funcionamento seus sentidos, sua capacidade intelectual,

habilidades, sentimentos e ideologias.

As primeiras concepções de avaliação de aprendizagem relacionam-se ao conceito de medida, atribuindo ao professor a responsabilidade de julgamento.

A avaliação escolar como um campo teórico de conhecimento

centrou-se, por muito tempo, nos estudos sobre os rendimento escolares dos alunos e nos resultados dos processos da aprendizagem. Originou-se daí, a concepção predominante avaliação escolar como um processo de medida do desempenho em face de objetivos educacionais prévios, numa perspectiva técnica, com ênfase na representação quantificada do conhecimento, adquirido por meio de notas ou conceitos(DALBEN, 2002, p. 14).

A avaliação tornou-se um instrumento político de seletividade e de exclusão

social. As práticas avaliativas classificatórias fundamentam-se na competição e no

individualismo.

Segundo Luckesi (1996, p. 69), [...] entendemos a avaliação como um juízo de qualidade sobre dados relevantes, tendo em vista uma tomada de decisão. Compreendemos assim, que o processo de avaliação requer objetivos claros daquilo que o professor pretende atingir, bem como o quanto o aluno aprendeu e que estratégia é preciso ser reformulada e/ou alterada para que esse objetivo seja atingido, pois quando um professor faz uma avaliação tem claro o resultado que espera que seu aluno demonstre ter alcançado. De posse desse resultado, o professor poderá selecionar os objetivos e conteúdos que julgue extremamente importante, e a partir daí, contribuir para o processo de aprendizagem de seu aluno.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96), determina que a avaliação seja “contínua e cumulativa” e que os aspectos qualitativos prevaleçam sobre os quantitativos. Da mesma forma, os resultados obtidos pelos estudantes ao longo do ano escolar devem ser mais valorizados que a nota da prova final (Grifo nosso).

A avaliação deve ser feita cada vez que for necessário ter informações sobre o aprendizado da turma e não necessariamente ao final de uma seqüência ou de um ano. Pedagogicamente, é mais interessante que seja feita durante a aprendizagem. Esta é a avaliação formativa, feita no curso da aprendizagem para obter informações sobre o aprendizado dos alunos.

É fundamental que o professor, ao entrar numa sala de aula, esteja atento a estes aspectos que possam contribuir com seu desempenho e dos seus alunos, promovendo a

auto-estima .

Dessa forma, a educação encontra-se diante de uma nova forma de avaliar, que coloca em questão não apenas um projeto educacional, mas uma mudança política e social, pois a avaliação formativa serve a um projeto de sociedade onde não há exclusão e individualismo, mas cooperação e inclusão, tendo em vista a aprendizagem de todos.

As questões focalizadas no segundo eixo do roteiro, sobre os motivos que os levaram a retornar aos estudos e as dificuldades encontradas no dia-a-dia, foram respondidas de maneira uniforme. Quase a totalidade declarou a necessidade de atender as exigências do mercado de trabalho.

Uma análise mais detalhada nas respostas mostra que mesmo os que já estão trabalhando, percebem os estudos como forma de ascensão social. Sua permanência na escola é marcada pela dificuldade de conciliar trabalho e estudo, além de problemas financeiros em relação ao seu deslocamento até a escola e dificuldade de aprendizagem.

Cabe, portanto, à escola, orientar seu trabalho com o objetivo de preservar e impulsionar a dinâmica do desenvolvimento e da aprendizagem, preservando a autonomia do aluno e favorecendo o contato sistemático com os conteúdos, temas e atividades que melhor garantirão seu processo e integração como alfabetizando e

cidadão.

A função social e política da escola compreende, antes de tudo, a (re) inserção do aluno nas situações de vida cotidiana, uma vez que ele está inserido em uma sociedade que marginaliza e discrimina, dificultando a realização dos seus anseios e perspectivas.

Com base em Luckesi (2001), os professores da EJA devem definir com clareza, no planejamento de ensino, quais as competências básicas indicativas da escolarização do aluno da EJA, que lhe permitirão dar continuidade aos seus estudos. Dentro desta perspectiva, a avaliação está relacionada à questão da democratização do ensino. Para Luckesi (2001), não existe forma de compreender e desempenhar razoavelmente uma atividade produtiva sem um mínimo de compreensão dos complexos processos de produção dentro do qual vivemos. Não há nem mesmo como exigir os próprios direitos. Não considera que, sozinha, a escolarização possibilitará aos cidadãos clareza e entendimento. Porém, ela é instrumento necessário à compreensão e a ação.

No que diz respeito à relação trabalho, escola e cultura, os resultados desse trabalho mostram a necessidade de oferecer aos jovens e adultos, condições concretas de participação, tanto nas questões de trabalho, quanto na política social.

Avaliar simplesmente por avaliar não transforma a realidade, É preciso deixar clara a finalidade, bem como o destino a ser dado aos resultados, enfim, dar

transparência ao processo de avaliação e orientar novas ações que permitirão melhor qualidade no ensino.

As reflexões e os apontamentos presentes neste texto demonstram que na avaliação, o professor tem de levar em consideração a quantidade de horas que os alunos estão expostos aos conteúdos, um currículo flexível e o ritmo de aprendizagem, enfim, priorizar o que é relevante.

Os alunos têm o direito de fazer parte do mundo letrado, percebendo que os saberes sistematizados facilita suas relações pessoais e sua integração profissional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Edilaine Vagula.Email: edilaine.vagula@unopar.br/ Relatos de Pesquisa. Pesquisas e Práticas Psicossociais, v. 1, n. 2, São João del-Rei, dez. 2006.

Modulo 7. pedagogia: fundamentos da Educaçã de Jovens e Adultos. UNOPAR Locatelli.Adriana Cristiane Dias e Vagula.E dilaine. ed:ABDR .Londrina 2009

Monoludica
Enviado por Monoludica em 21/02/2010
Código do texto: T2099814
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