A MISTICA FIGURA FEMININA: a história do Dia Internacional da Mulher na visão de um homem consciente

8 de Março: o Dia Internacional da Mulher

Dia 8 de março celebramos o Dia Internacional da Mulher. Passaram-se 153 anos desde que foram queimadas as 129 mulheres em Nova York. Elas estavam protestando nesse dia contra os baixos salários e as condições subumanas a que estavam submetidas, protestavam contra uma semi-escravidão e uma jornada de trabalho abusiva de 12 a 16 horas diária. Quase sem nenhum direito elas estavam confinadas em um galpão de uma indústria têxtil.

A mulher lutou por seu reconhecimento em nível internacional e nacional, lutou como qualquer pessoa oprimida por um sistema lutaria, lutou como o homem operário lutou, lutou e se organizou como os negros lutaram por sua cidadania e libertação lutou como o sem-terra, lutou como o sem-teto, como por seu espaço, enfim, a mulher lutou como lutaria qualquer pessoa que se sente excluída de um processo como milhões de brasileiros que ainda se encontram à margem do sistema social, econômico, político e cultural desse país. Ela enfrentou uma sociedade preconceituosa e machista de épocas tão difíceis, vestiu farda, empunhou espada, e quando não se admitia mulher no exército ELA se alistou sem a permissão do machismo. Vale salientar que no Brasil essa luta não foi diferente, entretanto, a alienação dos homens brasileiros ainda é muito grande. Existem políticos que estão morrendo de medo dos avanços alcançados pela mulher no Brasil. As guerreiras desse país, já chegaram ao Senado e agora, só falta um pouquinho para alcançar a presidência da República. Apesar deles - os machistas - o Brasil, no governo Lula, tem avançado no sentido de reconhecer a mulher como uma grande parceira para o futuro governo. Governar esse país-continente não é fácil e o legado histórico deixado pelo passado político de puro conservadorismo e atraso desse país governado pelo “poder do macho” tem revelado que a hegemonia da dominação masculina ao longo dos 188 anos da nossa independência comprada à custa do capital inglês, em 1822, trouxe muitos prejuízos para o nosso país. O Brasil perdeu nesses 188 anos de independência, a oportunidade de se mostrar ao mundo que é um país inovador. Ao podar a mulher, e excluí-la de muitos processos, nossa casa ficou desorganizada, os filhos da Pátria abandonados, porque, só uma mulher sabe organizar bem uma casa e cuidar de seus filhos com o carinho que tem que cuidar. Isso não é machismo, dizer que só a mulher sabe cuidar bem de nossa casa, é que ela como ninguém faz isso há milhares de anos, ela aprendeu inclusive a conciliar casa e trabalho enquanto operária, mal remunerada, ela fez aquilo que o homem não faz: ir para a fábrica com dores de cólica menstrual, enxaqueca e tudo mais. Como mãe, a mulher cuida dos filhos, como não iria cuidar do Brasil? Pois é, isso mudou... Eu não me refiro à MULHER ELITIZADA, mas a mulher que foi pra rua, lutou como operária e resistiu às atrocidades dos homens poderosos. A mulher das elites ficou calada pelo luxo, e se dependesse da mulher rica, tudo continuaria como estava em 1857.

Outra versão sobre a indicação do 8 de março como Dia Internacional da Mulher, que é bastante aceita, e está vinculada à revolta das mulheres russas, ocorrida em Petrogrado, em 23 de fevereiro (no calendário juliano, pois no calendário ocidental, ou seja, gregoriano, corresponde a 8 de março) de 1917, quando operárias e camponesas foram às ruas, ameaçando as forças czaristas, protestar contra a fome infringida aos seus filhos em virtude da I Guerra mundial. O movimento se estendeu para as fábricas e quartéis derrubando a monarquia russa. Nas palavras de Alessandra Kollantai "a revolução de fevereiro estava para começar". Com a vitória bolchevique, o governo soviético transformou a data em feriado comunista, procurando impulsionar a luta internacional das mulheres. Segundo Lênin, sem elas "não haveríamos vencido, ou haveríamos vencido a duras penas" (Germinal. Jornal da Oposição Operária- http://opop.sites.uol.com.br/ger_n4_3.htm)

Apesar de outras versões e das divergências em relação aos fatos e datas apontadas relacionadas à mulher, as 129 operárias que foram covardemente queimadas pela polícia em Nova Yorque é que passou a ser um marco, segundo a visão oficial. Porém, não podemos deixar de mencionar a camponesa Joana d’Ark, queimada em 1431. Vitima da ignorância dos homens, ocorreu, o fato ocorreu há 579 anos. Levou tempo para os covardes religiosos reconhecerem a injustiça que cometeram. Como sempre na história, a Igreja é a maior assassina, isso inclui católicos e protestantes.

Em 30 de maio de 1431 a Igreja Católica queimava Joana d’Arc, em praça pública. Por que tamanha crueldade?

Disfarçada de homem, a jovem francesa montou em um cavalo, colocou sua armadura e fugiu de casa deixando os seus pais para alistar-se ao Exército, ela só queria defender sua pátria, ela foi à primeira mulher de espírito combativo a liderar um exército aos 19 anos de idade na Guerra dos Cem Anos, contra a Inglaterra, entre 1337 a 1453.

Joana d’Ark foi canonizada em 1920. Só depois de 489 anos passados de sua execução estupidamente comandada pelos ingleses, que a igreja veio a reconhecer o seu erro: Joana foi canonizada em 30 de maio de 1920, e recentemente reconhecida pelo Papa Bento XVI, mas antes, o Papa Pio X já tinha concedido a maior glorificação da donzela de Orleans beatificando-a em 18 de abril de 1909. Esse reconhecimento partiu da igreja que a condenou!

Voltando mais um pouco para a história da mulher em nosso país...

A mulher brasileira vem conquistando espaços. Isso e o que a mulher representa hoje é resultado de um processo de longo tempo de luta, e não começou com Getulio Vargas, apenas iniciou o seu fortalecimento com o direito de voto. O direito de voto já era uma reivindicação feminina, e as mulheres que se encontram na política atualmente é fruto sim dessa luta, luta essa, que elevou Dilma Roussef ao posto mais alto: o de Ministra-chefe da Casa Civil. Tamanho prestígio jamais fora alcançado antes por uma mulher. E o passado de nossa história demonstra isso. Outra guerreira a ocupar um cargo importante na República Federativa do Brasil: Marina Silva!

Ministra do Meio Ambiente, Marina desenvolveu projetos audaciosos e ousados para a defesa e proteção da Amazônia. O bom trabalho dessa guerreira permitiu ao novo ministro Carlos Minc dar continuidade à política de combate ao desmatamento.

É nesse reconhecimento que escrevo esse artigo, em homenagem às mulheres guerreiras que sonharam; que fizeram história; que foram desbravadoras e abriram clareiras para outras passarem, é isso mesmo, essa homenagem é também para as mulheres contemporâneas que levam avante a luta pela dignidade feminina no século XXI. Em homenagem a todas elas que celebramos o dia 8 de março. Para os homens conscientes o dia 8 de março seria a celebração do dia da vida, afinal, todos somos filhos e frutos de uma mulher.

A LUTA FEMININA SE COMPARA Á LUTA DOS OPERÁRIOS DO DIA 1º DE MAIO

Elas não deixaram nada a desejar. O Dia 1º de Maio como Dia Internacional dos Trabalhadores nasceu em 1889 em um Congresso Socialista realizado em Paris. Essa data foi escolhida em homenagem à greve geral que acontecem em 1º de maio de 1886, em Chicago, principal centro industrial dos Estados Unidos. Se fizéssemos um paralelo comparando a luta da mulher com a do operário masculino, veríamos que existem grandes semelhanças entre a luta dos dois, veja...

MULHER:

- 1857: 129 mulheres resolveram paralisar suas atividades dentro de uma indústria têxtil, os patrões trancaram a fábrica e atearam fogo no prédio.

- o Dia Internacional da Mulher foi reconhecido em Congresso de Mulheres Socialistas: II Congresso Internacional das Mulheres Socialistas realizado na Dinamarca, em 1910, no qual as delegações propõem estabelecer um dia como referência mundial de luta para as mulheres, à medida que, na Europa e nos EUA, já estavam ocorrendo manifestações com este caráter. Havia a proposta de fixar o dia da mulher para o último domingo de fevereiro, porém acabou valendo a iniciativa de Clara Zektin, que, por intermédio do Jornal "A Igualdade" (que tinha 82.000 assinaturas), noticiou a existência deste dia, apresentado na conferência e aprovado no Congresso.

- as mulheres operárias trabalhavam de 12 a 16 horas por dia, sem direito a férias remunerada, licença-maternidade e sem folga nos fins de semana.

HOMEM:

- operários paralisam as fábricas em 1º de maio de 1886, em Chicago.

- diante da fábrica McCormick Harvestera em 3 de maio do mesmo ano polícia dispara contra os trabalhadores matando 6 deles e ferindo ouros 50. Centenas de trabalhadores foram parar nas prisões onde um deles, Lingg, suicidou-se na prisão. Parsons, Engel, Spies e Fischer foram enforcados, também na prisão. Depois disso a união e a continuidade do movimento tornou-se mais intensa e outros líderes surgiram, verdadeiros oradores aguerridos, lembando um líder nascido em Garanhuns, Nordeste que se ergue nas fábricas do ABC paulista e que hoje é Presidente .

No final da manifestação um grupo de 180 policiais atacou os manifestantes, espancando-os e pisoteando-os. Uma bomba estourou no meio dos guardas, uns 60 foram feridos e vários morreram. Reforços chegaram e começaram a atirar em todas as direções. Centenas de pessoas de todas as idades morreram.

- um Congresso Socialista realizado em Paris instituiu o Dia Mundial do Trabalho foi criado em 1889. http://www.culturabrasil.pro.br/diadotrabalho.htm)

Viram quantas coincidências? O chão de fábrica foi onde nasceu a luta do operário e a luta da operária. Mas nós brasileiros, já não comemoramos mais só o 8 de março, como o Dia Internacional da Mulher, não queremos lembrar delas só nesse dia, comemoramos o mês inteirinho como sendo o Mês da Mulher. Março é o mês da reflexão sobre a luta feminina!

NINFAS, DIVAS, GUERREIRAS: é assim que eu as defino.

As mulheres conquistaram direitos historicamente negados pelo machismo, e assim, resignadas, resistindo sem nunca desistir é que a delicadeza foi minando e vencendo o machismo dos homens. A delicadeza venceu as barreiras conservadoras advindas da herança colonial a mulher triunfou. Essa mulher que hoje vemos pelas ruas, não é mais as “Amélias” de antigamente. Hoje vemos a motorista de ônibus, a operária, a professorinha (tão desvalorizada pelos governos paulistas), a doméstica, a apaixonada, empática e simpática ao mesmo instante, a delicada flor que teve que para vencer soube enfrentar os percalços impostos pelos homens, e assim, aquela que antes ficava a espiar as reuniões dos maridos pelo buraco da fechadura passou a participar de reuniões. Agora, ela larga na frente deixando para trás o machismo que aos poucos vai morrendo asfixiado pela poeira que se levanta. A cada passada da mulher o machismo morre asfixiado à beira do caminho de uma longa jornada de lutas e conquistas. O mundo é das mulheres que ao contrario dos homens, saberão com lisura conduzir o futuro dessa nação. Se voltarmos ao passado e verificarmos os poucos documentos históricos que temos sobre a luta da mulher em nosso país, veremos que na época do Brasil-colônia, entre 1530 a 1822, a mulher ficou excluída dos processos importantes, com exceção da princesa Isabel que foi comprada pela Inglaterra para libertar os escravos e de Imperatriz Leopoldina que escreveu a carta para um mensageiro entregar a Dom Pedro para dar o Grito da Independência, não vemos a mulher participar efetivamente da história desse país. No Brasil dos coronéis entre os anos 20 e 30, ou seja, na República do Café-com-leite” que durou de 1892 a 1930, a mulher já começava a aparecer e a se destacar como lider. Temos um exemplo no Rio Grande do Sul: Ana Maria de Jesus Ribeiro, a nossa “Anita Garibaldi” que virou nome de município em Santa Catarina. Essa mulher ainda adolescente, trajou-se como homem, e driblou o machismo do Exército, contrariando os seus pais, foi combater juntamente com as tropas na “Revolução Farroupilha”. O termo está entre aspas, porque discordo do termo REVOLUÇÃO, uma vez que historicamente não houve nenhuma no Brasil. Revolução mesmo só houve em Cuba, na Rússia e na China de Mao-tse-Tng, por exemplo, onde o sistema e a estrutura desses países foi completamente alterada. Aqui não aconteceu isso, permanecemos submetidos ao IMPERIALISMO e dependentes de um capitalismo externo que fora importado de fora para dentro da forma mais cruel que foi, escravizando seres humanos. A figura de Anita Garibaldi não difere muito da figura de Joana d’Ark. Essa figura, quase imitação de Joana D’Arque, não teve nenhum tipo de visão espiritual, não ouviu vozes do além e nem disse que estaria cumprindo uma missão ordenada por Nosso Senhor, a nossa guerreira Anita entrou na Guerra dos Farrapos como alguém acreditava em seus ideais. Porém, convém desmistificar aqui um pouco dessa história. Apesar do episódio contar com a participação dos esfarrapados, a revolta foi liderada por FAZENDEIROS produtores de CHARQUE que ressentidos com os aumentos de impostos no Império, queriam separar o Rio Grande do Sul do resto do Brasil. Mesmo não sendo uma luta legitimamente popular, o episódio conhecido historicamente como Guerra de Farrapos virou filme e foi para as telas com o nome de “Casa das Sete Mulheres”. Deixando de lado as contradições típicas da própria História e relevando o fato de que Farrapos foi uma briga de interesses entre fazendeiros ricos e governo da época, não podemos esquecer que o episódio contou com a participação de uma guerreira catarinense de Laguna de origem familiar humilde e bem educada: Anita Garibaldi!

Anita Garibalde: quem foi essa guerreira?

Obedecendo aos padrões da época, Anita casou-se aos 15 anos com Manuel Duarte de Aguiar. A moça envolveu-se com os revoltosos esfarrapados em 1837, liderados por Gilseppe Garibaldi. Ao conhecê-lo, Anita apaixonou apaixonou-se por Gilseppe, e depois de abandonar o infeliz matrimônio, a sua história de amor e luta tomou outros rumos ao lado do revolucionário de origem italiana. Assim, Anita deixou sua marca na história de uma luta contraditória travada entre oprimidos e opressores de sua época. Depois de participar de outra revolta no Uruguai contra o ditador Fructuoso Rivera, Anita transferiu-se para a Itália com seu novo marido onde participou da luta pela unificação da Itália, em 1847. Na guerra pela unificação italiana, Gilseppe e Anita tiveram que fugir, e apesar do salvo-conduto oferecido pela embaixada norte-americana Anita preferiu continuar a sua fuga, pois tinha medo que aceitando o convite do salvo-conduto da embaixada estadunidense pudesse desarticular o processo de unificação, porém, na fuga, esgotada pela gravidez, a valente e guerreira revolucionária foi ficando abatida, a crise de febre provocada pelo tifo a leva à falência e morte nas proximidades de Ravenna, em 4 de agosto de 1849. Anita foi sepultada em Roma.

MARIA BONITA: a líder do maior cangaço do Brasil...

A outra figura emblemática foi Maria Bonita, mulher de Lampião. Nascida exatamente no Dia Internacional da Mulher, ou seja, em 8 de março de 1911 num Sitio em Santa Brigida, Bahia, Maria Gomes de Oliveira (Maria Bonita), depois de um casamento frustrado aos 15 anos, conheceu Lampião numa dessas fugas em que a filha foge para a casa dos pais quando briga com o marido. Foi numa dessas fugas domésticas que a filha do sapateiro José Gomes de Oliveira e de Joaquina Conceição Oliveira deixou o seu companheiro “Zé” que era sapateiro e cangaceiro Virgulino Lampião, líder de um bando, que apavorava e saqueada as fazendas dos exploradores coronéis nordestinos.

Como um “Hobem Hood brasileiro”, o cangaceiro Lampião distribuía o que roubava com as pobres vítimas da fome, da miséria e da seca que castigava o Nordeste. Acompanhado por Maria Bonita, realizava suas incursões pelo sertão árido. Maria Bonita sempre estava presente nas do bando e era respeitada. Maria Bonita não era bandida e muito menos Lampião, eram apenas pessoas que cresceram vendo a miséria e a injustiça imperando num Brasil que sempre foi dominado pelas elites abastadas que pouco ou nada está se lixando para a multidão de explorados.

Para aqueles que escrevem a história apenas da ótica da ideologia dominante, vai aqui um recadinho. Lampião e Maria Bonita foram produtos do meio social, político e econômico perverso, eram frutos de um lugar de conflitos e contradições, lugar de um povo desprezado e ignorado pelos governos que vem de longos anos desde o Brasil-Colônia. Antes de demonizar líderes como esses, é preciso fazer uma revisão crítica da História, se quisermos ser justos é claro. Antes, os sertanejos da Revolta de Canudos, Bahia, já tinham enfrentado o Exército, e só foram derrotados, depois de vencerem as tropas do covarde coronel Moreira César apelidado de “Corta Cabeças”, ai o governo, vendo-se encurralado, contratou mercenários ingleses e novas armas para acabar com os canudenses. Pois é, a cabeça desse indivíduo Moreira César foi literalmente cortada, o que fez jus ao nome desse infeliz. Como isso aconteceu? Na hora dos combates “o cabra” teve um ataque epilético, o resto já dá pra imaginar, não é? Pois bem, é nesse contexto de miséria, abandono, descaso político e de muito sofrimento entre as caatingas, vegetação típica da seca, que encontramos Lampião e Maria Bonita. Foi enfrentando as intempéries do sertão e as dificuldades impostas pelo modelo escravagista teoricamente abolido que encontramos Maria Bonita, essa corajosa guerreira.

Como grande parte das mulheres nordestinas ela estava inserida num ambiente hostil. Vivendo em lar conflituoso, ela corria para a casa de seus pais para fugir das brigas do marido e da tão comum e ignorada violência “violência silenciosa”, ou seja, a violência doméstica. Já naquela época Maria Bonita passou para a história como a primeira mulher a liderar um bando de cangaceiros, juntamente com Lampião a quem conhecera numa dessas fugas e a quem se juntou. O cangaceiro estava buscando refugio na casa de seus pais, quando ela o conheceu. Outras mulheres que se destacaram na história...

AS GRANDES MULHERES DA HISTÓRIA

Uma palhinha de História!

Não se pode concordar com a visão simplista de que Lampião e Maria Bonita eram bandidos. Não despretensiosamente, o historiador inglês Eric Hobsbawm, foi sim, muito tendencioso. Ele introduziu o argumento de que o que houve no Nordeste foi um “banditismo social”, ao escrever sobre o cangaço esse autor nãso retratou a história do cangaço apenas como um movimento social, aliás chega-se a fazer uma comparação entre Lampião e os “bandidos do asfalto” para referir-se a marginalidade nos centros urbanos e nas favelas , logo, o autor julga Lampião e Maria Bonita líderes do Cangaço como BANDIDOS.

Como a maioria dos historiadores europeus e os nossos também, o historiador inglês revela o seu lado conservador e defensor do “status quo” quando chama Lampião e Maria Bonita de “bandidos”. É de praxe que os historiadores europeus escreviam a história que lhes envolvia com uma face só. Claro, essa história é alvo de muitas críticas dos povos que foram oprimidos. A conhecida história dos vencedores é aquelas narrativas que fazem parte da maioria dos livros didáticos e é conhecida por HT (História Tradicional), é a história dos heróis. Essa versão narrativa oriunda das classes dominantes, procura apresentar um cenário, onde toda e qualquer luta do oprimido contra o opressor é confundida com a ação de bandidos. Nessa história o verdadeiro bandido está no poder, só que aparece como herói e o verdadeiro herói, o trabalhador vira vilão, bandido, baderneiro, grevista, vagabundo, desordeiro e agitadores. É assim que eles, os conservadores da classe dominante nos tratarão quando formos para as ruas contra as injustiças sofridas por cada trabalhador e trabalhadora de nosso país. É hora de homens e mulheres reescreverem uma outra história. Quais são os heróis da nossa História Oficial? Quais são os heróis de uma história extra-oficial que não aparecerão nos livros? Será que os heróis da história que nos ensinaram nas escolas não foram verdadeiros bandidos, que os historiadores anistiaram com seus argumentos? Eles eram tão perigosos ou, até mais perigosos que o próprio Lampião e Maria Bonita, juntos.

Eric Hobsbawm classifica o cangaço, não como um movimento, mas, como o que ele preferiu chamar: de “banditismo social”. Ou seja, bandidos mesmo!

Mas o historiador não se esqueceu de uma coisa? Será que era imparcial ao transcrever sua visão para o papel...? Claro, Hobsbawm esqueceu sim de uma coisa, ele não levou em conta o que eu já disse mais acima, que muitas vezes o que para as elites é o BANDIDO na história seja mesmo o herói de verdade, já o mocinho...

A lógica entre o bandido e o mocinho. Existem lógicas diferentes de ver o mundo e as coisas. Podemos analisar a história de Maria Bonitas e Lampião, não na lógica dos fazendeiros, mas na lógica dos sertanejos que ainda sofrem com a exploração no Nordeste. Podemos comprovar isso, lendo os Cordéis e os contos populares onde Lampião e Maria Bonita estão nos versos dos cantadores nordestinos. Lampião e Maria Bonita fazem parte dos cordéis e das poesias, da literatura, e são aclamados de heróis. Essa é a concepção de um povo pobre e sofredor, que desde Antônio Conselheiro vive esperando que o sertão vá virar mar, e o mar vá virar sertão um dia. Assim conclui Alceu Valença em sua música: “Tá no coração. O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”.

A história das grandes mulheres como Anita Garibaldi e Maria Bonita deve ser mais lembrada pelos nossos historiadores mais críticos. Sem desmerecer os homens, os historiadores mais críticos desse país precisam ajudar a passar a nossa história à limpo, resgatando à memória das grandes guerreiras que contribuíram para acirrar a luta feminina pela conquista de direitos.

Outras grandes mulheres da história universal e brasileira devem ser lembradas nesse dia. Se não posso mencionar todas, perdão, mas vocês mulheres, merecem ser sempre lembradas!

Vocês enfrentaram desafios, quebraram paradigmas e tabus, venceram! O velho e falso moralismo foi destronado por belas DIVAS operárias que não tinham as unhas bem feitinhas como as madames das elites, mulheres que trasladaram, transportaram sua beleza para fora das quatro paredes do lar para colorir o chão das fábricas, escolas, casas de leis etc, flores que perfumaram e tornaram mais alegres os ambientes. O chão de fábrica, as escolas, e até nos porões onde os trabalhadores eram suplantados passaram a ter momentos alegres de festa e dança com a presença do “anjo feminino”, guardião dos lares e protetor dos filhos desamparados do sistema. Ela hoje é a maior economista sem ter feito uma universidade, ela sabe o valor do pão, do arroz, do feijão. Ela sente na pele quando o salário do marido é pouco, e vai correr atrás, como diz na gíria por ai, revezando-se entre o lar e a empresa, ela complementa a renda da casa, mas nunca deixou de ser mãe. Elas ensinaram lições, é a nossa primeira professora dentro de casa, elas educam para o sistema estragar seus filhos. Quando os homens demoram em fazer justiça, a História se encarrega de mostrar às futuras gerações que valeu a luta da mulher, até mesmo para dar uma lição nos políticos defensores do machismo, que toda luta vale apena. Isso nos remete a uma reflexão sobre a importante: a de que a mulher não deve ser lembrada apenas em um dia, porque, ela está presente em nossa história desde que o mundo é mundo nos 365 dias do ano.

A MULHER E SUA INSERÇÃO SOCIAL

Temos um mês inteiro para fazer esse debate! Mas para fazê-lo, vale a pena voltar um pouquinho no passado histórico dessas grandes guerreiras -as mulheres- que se encontram hoje presentes, em todos os segmentos da nossa sociedade, porém, com pouca representatividade política. Embora na religião, o número de mulheres supere o público masculino, é pouco representativo o papel da mulher em posição de liderança, e isso é fato verídico e comprovado tanto na Igreja Católica como nas igrejas protestantes. Não há mulher na direção total e absoluta de uma paróquia e ainda é o padre que ocupa o poder principal na hierarquia clerical. A introdução de ministras é uma novidade na Igreja Católica, coisa recente, mas as ministras, mesmo com essa pequena abertura da Igreja Católica, não têm autonomia para batizar uma criança e nem podem consagrar a hóstia para a celebração da ceia.

Nas igrejas evangélicas, são poucas as mulheres pastoras, e quando recebem esse título, elas não ficam totalmente responsáveis pela igreja local. A mulher ainda é discriminada pela maioria das religiões protestantes no Brasil. O que é mais comum neste caso é a mulher receber o título de pastora, mas o papel principal sempre é do homem que acaba assumindo o papel de anfitrião dentro de uma determinada denominação. Em pleno século XXI ainda há denominações protestantes que não admitem a mulher como pastora, é o caso da maioria das Assembléias de Deus, principalmente o ministério de Belém e Madureira, Adventista, Batistas, Presbiteriana e na Cristã do Brasil a mulher não pode nem abrir a boca, silêncio absoluto. A mulher ainda ocupa papel secundário na maior parte das igrejas, não é comum ver mulheres tocando instrumentos como baterias e violão ou guitarra, violino sim e instrumentos de sopro também, mas bateria não. Por quê? Na maioria das igrejas só o homem pode pregar, mulher deve ficar como ouvinte. Será que ela é menos capaz? Os fundamentos desse preconceito os ditos conhecedores da teologia machista vão buscar nas palavras do Apóstolo Paulo. Paulo ordenou que a mulher em Corinto conservasse em silêncio durante o culto inteiro, mas isso foi para a comunidade de Corinto, ele devia ter suas razões por ter sido tão radical com aquela igreja local. Porém, o discurso de Paulo aos Romanos não foi o mesmo, nem aos habitantes de Colosso nem de Éfeso. Corinto foi um caso à parte. Do mesmo modo, Paulo também foi duro quanto à celebração da Ceia feita pelos corintianos...

A QUEIMA DE SUTIÃS

Uma matéria da Super Interessante nos chama a atenção sobre a participação da mulher:

“No dia 7 de setembro de 1968, enquanto Jordi Ford era eleita Miss América e, do lado de fora do teatro, uma centena de mulheres gritava lemas de protesto, a história eternizava um episódio que, na realidade, nunca aconteceu: a queima de sutiãs em praça pública. Para protestar contra a ditadura da beleza que estava sendo imposta às mulheres de seu tempo - o degradante símbolo burro-peitudo-feminino, como dizia o manifesto divulgado naquele dia - mulheres de vários estados americanos saíram às ruas de Atlantic City levando símbolos de feminilidade da época: cílios postiços, revistas femininas, sapatos de salto alto, detergentes e sutiãs. Elas organizaram uma "lata de lixo" onde todos os apetrechos seriam queimados. Mas a queima não chegou a ocorrer. "A prefeitura não autorizou o uso de fogo", diz a feminista americana Amy Richards.

Os Estados Unidos viviam um momento delicado: tropas invadiam o Vietnã e Martin Luther King havia sido assassinado. Militarismo, racismo e sexismo eram palavras quase equivalentes - os males da sociedade, os inimigos a serem combatidos. E foi nesse contexto que o movimento feminista cresceu. Não como uma revolta contra os homens, mas a favor da maior igualdade entre os seres humanos. "O movimento feminista não era nada mais que um sindicato de mulheres. Tinha as mesmas reivindicações que os sindicatos na época: igualdade de direitos e liberdade de expressão", afirma a feminista Rose Marie Muraro, uma das precursoras do movimento no Brasil.

Os cartazes e gritos pelas ruas de Atlantic City combatiam os caminhos daquela sociedade dominada por homens de elite, que impunha às mulheres - assim como aos negros - papéis secundários. No caso das mulheres, os papéis tinham raízes profundas. Tramas de filmes, novelas e romances repetem com freqüência - até hoje - uma dicotomia enfática. De um lado a mocinha que sofre com a maldade alheia e sonha com uma redentora festa de casamento; do outro, a antagonista cruel, que abusa da sensualidade para conseguir poder. Em outras palavras, repetem as fórmulas femininas bíblicas mais populares entre as sociedades cristãs: Maria, a mãe, virgem e imaculada. E Eva, a pecadora, sedutora, que pelo desejo expulsou os homens do Paraíso.

Não é segredo que esses modelos, assim como toda a elaboração da identidade feminina, partiram da visão masculina, e não da percepção das próprias mulheres sobre si mesmas. "A história do mundo é a história dos homens, principalmente os da elite. A narrativa histórica não contemplou o feminino nem contou como viveram as mulheres, o que pensaram, o que fizeram", diz a socióloga Cristina Costa, autora do livro A

Imagem da Mulher. É claro que há exemplos, como as mulheres que ilustram esta reportagem. Mas são poucos. Foram a depuração do movimento feminista, a liberação sexual e a crescente - e inevitável - participação feminina no mercado de trabalho que começaram a dar novos contornos à imagem da mulher. A eterna dicotomia começou a ruir, ao lado da exclusão social e da falsa aura de fragilidade, que acompanharam as mulheres ao longo de séculos. Um novo enredo está sendo escrito - desta vez, por elas mesmas.

Mas nada disso quer dizer que o papel proeminente da mulher seja uma absoluta novidade. Na Pré-História, a figura feminina tinha um enorme peso nas sociedades de todo o mundo. "Não eram sociedades matriarcais e sim matricêntricas", diz Rose Muraro. "A mulher não dominava, mas as sociedades eram centradas nela por causa da fertilidade." Hoje parece óbvio afirmar que uma mulher não pode engravidar sozinha, mas há milhares de anos homens e mulheres simplesmente ignoravam o mecanismo da concepção. Assim, pela sua inexplicável habilidade de procriar, mulheres eram elevadas à categoria de divindades. Os vestígios paleolíticos de estatuetas femininas, assim como as pinturas e objetos encontrados em cavernas desse período, revelam uma forma de religião em que o feminino ocupava um lugar primordial.

Mas não é preciso ir tão longe. Há exemplos mais recentes da influência feminina na sociedade. Escrituras datadas de 1148 mostram que no sul da Índia, no estado de Karnataka, mulheres administravam vilarejos e cidades, além de liderar instituições religiosas. "Elas gozavam dos mesmos direitos que hoje são reservados aos homens", diz a historiadora indiana Jyotsna Kamat, da Universidade de Karnataka. Os mesmos direitos pelos quais as feministas ocuparam as ruas de Atlantic City.” (http://super.abril.com.br/superarquivo/2004/conteudo_124323.shtml)

A PRIMEIRA A USAR CALÇAS COMPRIDAS NO BRASIL

Maria Taquara, cuiabana, na década de 40 tornou-se um mito, seu apelido “taquara” se deve ao seu biótipo magra e alta, vivia como lavadeira de roupas. Ela ficou famosa em Cuiabá por causa da sua coragem. Foi a primeira mulher a usar uma calça comprida, assim, Maria Taquara desafiou os preconceitos machistas da época em que viveu e mostrou para a sociedade homens e mulheres podem e devem conviver em harmonia, um respeitando o direito do outro. Antes se uma mulher ousasse vestir calças era como uma afronta ao gênero masculino, e por conta disso Maria Taquara é considerada uma mulher à frente do seu tempo, contestadora das normas vigentes da sua época. Mesmo ciente de que o uso de calça comprida era um vestuário exclusivamente masculino, ela não pensou duas vezes em usar a peça durante suas andanças pelas ruas de Cuiabá, causando escândalo à sociedade, mas isso não foi proposital e nem para provocar os homens, foi por necessidade que a levou a usar roupas mais resistentes para a labuta nos córregos e rios da capital, a final, era lavadeira. Em discurso no Senado a Senadora Sarys Slhessarenko do PT-MT lembrou os 78 anos da conquista do direito de voto feminino e disse que foi um desafio para as mulheres atuar num mundo que só pertencia aos homens, mas já percebe o reconhecimento e o respeito de sua luta pelo fim da violência e pela justiça de oportunidades no mercado de trabalho, mas afirma que devemos fazer uma reflexão sobre a necessidade e a urgência de as mulheres prosseguirem nessa luta aguerrida pela conquista e garantia dos direitos da mulher, seja na vida política, profissional ou social, mas principalmente no respeito à convivência pacífica e isonomia entre os sexos – afirmou a senadora.

A PRIMEIRA MULHER A VOTAR

O direito ao voto feminino começou pelo Rio Grande do Norte. Em 1927, o Estado se tornou o primeiro do país a permitir que as mulheres votassem nas eleições.

Naquele mesmo ano, a professora Celina Guimarães --de Mossoró (RN) se tornou a primeira brasileira a fazer o alistamento eleitoral. A conquista regional desse direito beneficiou a luta feminina da expansão do "voto de saias" para todo o país.

Mas em nível nacional a mulher brasileira ganhou o direito de votar nas eleições por meio do Código Eleitoral Provisório, de 24 de fevereiro de 1932.

As restrições ao pleno exercício do voto feminino só foram eliminadas no Código Eleitoral de 1934. No entanto, o código não tornava obrigatório o voto feminino. Apenas o masculino. O voto feminino, sem restrições, só passou a ser obrigatório em 1946.

Mulheres no poder

“A primeira mulher escolhida para ocupar um cargo eletivo é do Rio Grande do Norte. Foi Alzira Soriano, eleita prefeita de Lajes, em 1928, pelo Partido Republicano. Mas ela não terminou o seu mandato. A Comissão de Poderes do Senado anulou os votos de todas as mulheres.

Em 3 de maio de 1933, a médica paulista Carlota Pereira de Queiroz foi a primeira mulher a votar e ser eleita deputada federal. Ela participou dos trabalhos na Assembléia Nacional Constituinte, entre 1934 e 1935.

A primeira mulher a ocupar um lugar no Senado foi Eunice Michiles (PDS-AM), em 1979. Suplente, ela assumiu o posto com a morte do titular do cargo, o senador João Bosco de Lima. As primeiras mulheres eleitas senadoras, em 1990, foram Júnia Marise (PRN-MG) e Marluce Pinto (PTB-RR). Suplente de Fernando Henrique Cardoso, Eva Blay (PSDB-SP) assumiu o mandato dele quando o tucano se tornou ministro do ex-presidente Itamar Franco.

Em 1994, Roseana Sarney (pelo então PFL) foi a primeira mulher a ser eleita governadora, no Maranhão. Em 1996, o Congresso Nacional instituiu o sistema de cotas na Legislação Eleitoral --que obrigava os partidos a inscreverem, no mínimo, 20% de mulheres nas chapas proporcionais. No ano seguinte, o sistema foi revisado e o mínimo passou a ser de 30%.

A primeira mulher ministra de Estado foi Maria Esther Figueiredo Ferraz (Educação), em 1982. Hoje, as mulheres não só estão à frente de vários ministérios como há uma Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres --chefiada por Nilcéa Freire, que tem status de ministra.

Apesar do avanço feminino na política, o Brasil ainda não teve nenhuma mulher eleita presidente. Entre as ministras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está Dilma Rousseff (Casa Civil), cotada como possível candidata do PT à Presidência da República, em 2010. Outra ministra, Marta Suplicy (Turismo) é a favorita dentro do PT para disputar a Prefeitura de São Paulo nas eleições de outubro de 2008. Seu nome também é cotado para a eleição para o governo de São Paulo, em 2010.” (Folha Online)

A maior vitória da mulher irá ocorrer quando todas despertarem para o fato de elas representam a maioria dos eleitores, mais de 52% e só elas, poderiam ter eleito uma mulher no plano federal. A próxima a ocupar a Presidência da República será uma...

Mulher.

Parabéns mulheres por todas as suas conquistas!