Inclusão

Para se ter uma compreensão integrada do conceito de inclusão como um principio fundamental na educação, é preciso desconstruir uma invenção historicamente construída de escola regular e de outra que seria a escola para alunos especiais. Ora, os princípios e os valores primordiais que rege a educação dizem que cabe a escola formar cidadãos, respeitar a diversidade, portanto não descriminar, não criminalizar, a escola é eminentemente um espaço coletivo de diálogo, de respeito ao outro, de acolhimento, portanto é o lócus da inclusão. A escola não pode escolher seus alunos.

Que é diversidade? Quem é o aluno especial? A escola e os educadores mesmo sendo formados para conhecer mais o mundo físico que o social, tem que reconstruir as relações escolares, construir redes sociais, e assim organizar uma escola capaz de dar condições para que o aluno reconheça a si mesmo, o ajude a descobrir sua singularidade e desenvolvê-la com a consciência da importância de contribuir com o coletivo, com a comunidade, que seja responsável por sua identidade e se sinta inserido no mundo contemporâneo.

A diversidade é uma condição humana, um direito individual, que abrange não só a criança com deficiências auditivas, visuais, físicas, inclui também as crianças negras, pobres, de etnias diferentes, homossexuais, as que vivem em situações de risco de violência permanente e que conseqüentemente tanto compromete seu desempenho emocional, psicológico e cognitivo, porque crianças que vivem em extrema pobreza no meio de balas perdidas e das drogas são crianças especiais, sim.

A escola como produtora da sociedade na construção de valores tem o dever de discutir, dialogar e te matizar a inclusão, aprofundando o debate de maneira objetiva para construir sentidos como: afetividade, respeito, solidariedade para que os alunos possam internalizar esses sentidos no contexto de sua vida escolar e social.

Quando o aluno “especial” chega à escola, não é exclusivamente da responsabilidade única e individual do professor, da escola ou da classe, ele chega a um ambiente coletivo voltado para o bem comum, onde todos devem recebê-lo de maneira afetiva e solidaria, para que isso seja possível deve ter sido trabalhado dentro da sala de aula esses sentidos e internalizados pela escola, pelo o educador como um dever fundamental que norteia a educação.

É legítimo que o educador tenha ponto de vista e idéias diferentes, que não esteja o suficientemente preparado para trabalhar eficazmente com a diversidade, mas não é legítimo usar como desculpa que a sala de aula tem muitos alunos, que não sabe Braille ou a língua de sinais, que não é psicólogo para trabalhar com os alunos “especiais, pois há escolas específicas para isso, é dever e responsabilidade da escola e do educador acolher, amparar essas crianças, estimular a convivência na sala de aula, trabalhando com uma postura voltada para o diálogo, respeito e tolerância aos direitos humanos, para que eles possam entender que as diferenças enriquecem o processo humano.

É difícil a escola por si só dá conta dessa luta, como também não pode ser um ônus só para o professor, é necessário que o trabalho de formação do professor seja incluído no sistema de ensino como institucional e que faça parte de uma agenda intersetorial, onde seja permanentemente discutido e ampliado o debate sobre diversidade e direitos humanos na proposta pedagógica.

A paz deve ser construída permanentemente no seio da escola, nas relações escolares de alunos com seus pares, com o professor, com o coordenador, diretor e funcionários, na relação escola comunidade, a convivência é uma atitude de inclusão e de paz.

mmadalena