VIVENDO VALORES NA EDUCAÇÃO: TECENDO A TEIA DA VIDA. Complexidade, Transdisciplinaridade e Ecoformação.

por: Maria Dolores Fortes Alves

INTRODUÇÃO

Com o avanço tecnológico podemos nos conectar em segundos com outro hemisfério, todavia, muitas vezes passamos meses sem um abraço de nossos pais e filhos ou um aperto de mão de nosso vizinho ao lado. Conseguimos nos conectar com uma nave no universo, mas temos uma imensa dificuldade de acessar nosso universo interior. Abriram-se fronteiras de outras nações, mas não entramos pelas portas e janelas do espírito ou dos corações...

BUSCANDO O SENTIDO...

Os sonhos nos movem, os valores nos orientam. São nossos nortes, nossos princípios, nossos desejos íntimos de realizar e conquistar algo. Os valores ressignificam e significam o nosso caminhar, o nosso mirar adiante e seguir. Estão intrínsecos em nossa subjetividade e perpassam a intersubjetividade de nossa práxis educacional e de vida, influenciando aqueles que conosco de algum modo interagem. Valores não se transmitem no discurso vazio ou em teorias contidas em manuais, são ensinados no viver. Ensina-se o amor no ato de amar (BRANDAO, 2005), a solidariedade no ato de solidarizar, a não-violência no ato de ser tolerante e ter um bom agir com o outro. “Não se deve ensinar valores, é preciso vivê-los a partir do viver na biologia do amor. Não se deve ensinar a cooperação, é preciso vivê-la desde o respeito por si mesmo que surge no conviver, no respeito mútuo.“ (MATURANA & REZEPKA, 2000, p. 16) .

A complexidade e o pensamento ecossistêmico vêm à tessitura como uma manifestação de uma ação subjacente a vida e ao viver. Já não é mais tempo de fragmentar e excluir, é tempo de religar, de conceber o diferente como fios de uma imensa trama integradora, única, singular, complementar e completa desta comunidade planetária, como nos mostra Morin (2002).

Portanto, ressignificar valores pelo olhar da complexidade, do pensamento ecossistêmico e transdisciplinar far-se-á através do diálogo e reconciliação não somente com as ciências humanas, mas também com a arte, a literatura, a poesia e a experiência espiritual, transcendente, cósmica: do reencontro com o sagrado. Uma educação ecoformadora pode abrir-nos caminhos em direção à educação integral. Na direção de seres humanos que necessariamente objetivem a busca de sentido, de um norte, que conduza à autoconsciência, auto-ética, (MORIN, 2004) orientada em direção ao conhecimento de si mesmo, à unidade do conhecimento, e à criação de uma nova arte de viver que acorde o humano para a harmonia consigo, com a sociedade e com a Natureza.

O SENTIDO DO SENTIDO...

Deste modo, valores e atitudes como: paz, amor, conhecimento pertinente, integração, coerência interna, cooperação, espírito de pesquisa, escuta sensível, não- violência, ação-correta e verdade, possibilitam-se por uma educação ecossistêmica e transdisciplinar. Favorece-se, portanto, o desvelar do humano do humano, a autoria de pensamento e de vida, a amorosidade do ser, conduz-nos ao aprender a viver e conviver.

Justificación

Por sua configuração mental e espiritual, o homem não vive em um mundo submergido somente por coisas materiais, e sim em um ambiente de valores, símbolos e sinais. Para Matura e Verden-Zoller (2004), produzir cultura no sentido de religação significa cultivar valores e atitudes que nos ofereçam uma base de criação de novos cenários e espaços novos, tempos novos para novas respostas a vida e a um conviver mais harmonioso.

Tornamo-nos humanos membros de uma cultura não só com os conhecimentos teóricos, mas fundamos, gestamos o humano do humano, no espaço simbólico de afetos, valores, na relação com o outro e, seguimos sendo semeadores de sonhos.

Pela urgência destes novos tempos, necessita-se, de cidadãos com consciência social e planetária, com responsabilidade e iniciativa, com atitude e valores de democracia, de justiça, de solidariedade e de autonomia, pessoas que atuem por uma vida auto-sustentável para si e para todos. È necessário que, impreterivelmente pensemos em uma educação triúnica que se nutra da cultura, da sociedade e da vida e se harmonize com a natureza, que vá além dos muros escolares, para poder a ela retornar enriquecida com novos valores, com entusiasmo e alegria de viver.

Portanto, a conscientização, a ressignificação dos valores inicia-se com a práxis educacional, com a construção de uma consciência transdisciplinar, ecossistêmica, almejando uma sociedade e uma ciência mais justa, inclusiva, amorosa, norteada por Valores Humanos Universais que visem a totalidade e plenitude humana e planetária. Pois, o ato de educar, é ferramenta impar para tornar cada cidadão sensível ao outro e ao todo e, na construção de uma cultura de paz.

TEXTO COMPLETO APRESENTADO NO IV CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE TRANSDISCIPLINARIDADE, E ECOFORMAÇÃO. DISPONÍVEL EM: http://congreso.samisolutions.com/attachments/067_Maria%20Dolores%20Fortes%20Alves-Valores%20.pdf

Sobre a autora: OBRE A AUTORA: Doutoranda em Educação pela PUC/SP; Mestre em Educação pela PUC/SP; Mestre em Psicopedagogia; Pós-Graduada em Distúrbios da Aprendizagem pela UBA (Universidade de Buenos Aires); Especialista em Educação em Valores Humanos; Pedagoga pela UNISA; Pesquisadora do GEPI (Grupo de Estudos Pesquisas Interdisciplinares) RIES (Rede Internacional Ecologia dos Saberes) e, ECOTRANSD (Ecologia dos Saberes e Transdisciplinaridade , com projeto financiado pelo CNPq); Docente colaboradora de Pós-Graduação (UNASP, UNIFESP e outras); Assessora Educacional; Palestrante, Conferencista. Autora de diversos artigos e livros, entre eles: “DE PROFESSOR A EDUCADOR: Contribuições da Psicopedagogia: ressignificar valores e despertar autoria.” e “O VÔO DA ÁGUIA: uma autobiografia”, “FAVORECENDO A INCLUSÃO PELOS CAMINHOS DO CORAÇÃO: Complexidade, Pensamento eco-sistêmico e Transdisciplinaridade” pela WAK. Site pessoal: www.edupsicotrans.net e-mail: mdfortes@gmail.com; mdfortes@hotmail.com. cel. 11-8208-4141/6106-8955