*** É PAU, É PEDRA, É O FIM DO CAMINHO.
O GOVERNO QUE COMEÇOU COM BOMBA, TERMINA IMPLODIDO.
POR (DAVID MOREIRA) ***


     Para marcar bombasticamente o início do seu governo (2006), José Roberto Arruda escolheu implodir um velho prédio de 13 andares, que seria um hotel de luxo às margens do Lago Paranoá.
     Com 150 quilos de explosivos, o detonador foi acionado pelo próprio Arruda, que ficou protegido embaixo de um toldo, a 300 metros de distância da construção.
     Quatorze toneladas de entulhos vindo ao chão provocaram uma nuvem de poeira por mais de 5 minutos na capital da República. É pau, é pedra.
     Quando começaram as obras, o velho hotel obedecia à legislação, com o tombamento de Brasília como “Patrimônio Histórico da Humanidade” houve mudança na legislação e o velho prédio não conseguiu acompanhá-las para ser concluído.
     O velho prédio foi abandonado e assim ficou por 16 anos. Foi implodido, cercado por uma tela, cuja técnica é chamada envelopamento, para que os seus destroços ficassem confinados ao limite imposto pela proteção. Do velho prédio, apenas duas certezas ficaram: o pau e a queda. É pau, é queda, vem um novo vizinho.
 
     É PEDRA.
 
     Se as margens do Lago Paranoá ouviram o grito retumbante da explosão do velho prédio, as águas do Riacho Fundo, cidade satélite do DF, transformaram-se em lágrimas que choravam pela queda da velha Igreja Batista Gera Vida. 
     Arruda também derrubou uma Igreja e ao fazê-lo refez, nos corações evangélicos, os pilares da crença,  da Igreja só restaram os fiéis e a fé. É pau, é pedra.
     Aliás, a palavra pedra foi dita pela primeira vez por Jesus aos seus discípulos Pedro “Tu és pedra sobre a qual edificarei a minha Igreja”. Cai a Igreja e levanta a profecia.
     O pastor da igreja David Alves de Castro, segundo o site (gospelmais) naquele momento profetizou. “A Igreja não vai parar. A Igreja continuará. E agora governador, você mexeu com o povo que crê num Deus vivo. Agora que esse povo vai orar e colocar o seu governo nas mãos dele”.
     A fé é força, é luz, é rocha. A fé é pedra. A Igreja se acabou, em seu lugar apenas pedras. É o caos, é pedra, é difícil o caminho.
 
     O FIM DO CAMINHO
 
     Após mais de 40 dias preso, o ex-governador José Roberto Arruda – sem amigos e sem poder – o homem que falava e Brasília toda ouvia, reclama por não ter sido ouvido uma única vez na Polícia Federal. Mas, em tantos anos de governo o que faltou dizer?***
     Arruda mais lúcido do que estivera até então, resultado dos dias de reflexão, isolado na cela da Polícia Federal, finaliza o seu governo, por carta, de forma lamentável. “Acatando a decisão do TER, responderei os processos como cidadão comum. Longe das paixões e dos interesses políticos. Saio da vida pública”. É pau e pedra é o fim do caminho.
     Encontrando a paz na solidão da cadéia, apesar de preso, mas em melhores condições do que os seus amigos na Papuda, José Roberto Arruda, engenheiro por formação, cujo o currículo na vida pública leva a mancha do escândalo, encontra na filosofia os argumentos do seu triste fim: “Há homens livres nas celas e homens presos nas ruas”.
     Em sua carta de despedida, um homem letrado que diz ter contrariado interesses e recusado propostas indecorosas, encontra na Bíblia, em Eclesiastes, a orientação para os seu eleitores. “Sabedoria é a capacidade de discernir a verdade por trás das aparências”.
     Com 150 quilos de explosivos, o velho prédio, que não mais obedecia à legislação, foi cercado poe telas para não vazar entulho e foi implodido por Arruda.
     No quarto ano de governo, 180 dias de inquérito, o velho prédio se vinga colocando Arruda cercado por paredes para não permitir vazamento de orientação que obstruísse a justiça.
     Se quatorze toneladas de entulhos vindo ao chão provocaram uma nuvem de poeira sobre Brasília, por quantos anos ficarão as nuvens deixadas pelas marcas da explosão do governo Arruda?
     Se derrubando a igreja Arruda mostrou a sua força, tempos depois, faltou-lhe força para reerguer-se na hora da queda. É um resto de toco, é um pouco sozinho. É pau, é pedra, quase o fim do caminho.
     Quando a igreja caiu, o deputado Brunelli se manisfestou. “Acredito, Senhor Governador, que em tempos de índices assustadores de violência urbana não existe entendimento possível no ato oficial de derrubar uma igreja do Senhor, onde se busca ganhar almas e tirar pessoas das drogas e da violência”.
     Brunelli, o pastor da oração da propina, como ficou conhecido, caiu antes mesmo que Arruda, mas, as suas palavras são transportadas para esse momento: “Em tempos de índices assustadores de credibilidade e falta de ética, não existe entendimento possível para que seja escolhido, de forma indireta, qualquer menbro suspeito de conduta ilegal”.
São as águas de Março que fecham o verão. É pau, é pedra, é o fundo do poço, é o fim do caminho... Acabou, Arruda!!!
 
Fonte:
 
Tribuna Distrital - Ano I edição III, Brasília Distrito Federal, Março/Abril de 2010 - página 04 - Um jornal independente e que tem compromisso com a verdade.  www.tribunadistrital.com.br
 
     ***Quando teve oportunidade de falar na Polícia Federal, o ex-governador, José Roberto Arruda, preferiu se calar, mesmo assim ainda deu poucas respostas, foi orientado por seus advogados a se calar, essa foi a primeira oportunidade que o ex-governador teve pra falar, sobre as supostas denúncias de corrupção no seu governo. Segundo os seus advogados Arruda só vai falar quando tiver acesso a todo inquérito que investiga todo o suposto esquema de corrupção do seu governo.
 
José Aprígio da Silva.
“Lorde dos Acrósticos”
Águas Lindas de Goiás/GO
Quinta-feira, 01 de abril de 2010 – 08h40.
JOSÉ APRÍGIO DA SILVA
Enviado por JOSÉ APRÍGIO DA SILVA em 01/04/2010
Reeditado em 01/04/2010
Código do texto: T2170892
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