A REALIDADE NAS SALAS DE AULA , Ou faça de contas, que está tudo bem?

Acabei de assistir o filme “Entre os muros da escola”, onde senti uma tristeza imensa, ao deparar com o tratamento indecente entre o corpo dicente e docente. Assusta-nos a agressividade que extrapola dos alunos a ponto de levarem professores às reações inusitadas e à aceitação passiva dos erros cometidos, terminando numa partida de futebol, sem que nada seja transformado, sugerindo que ocasionalmente possam ocorrer períodos de acalmia, desde que atividades comuns sejam usadas como derivativo.

Desligo o vídeo, sento num local que se apresenta como de meditação e consigo ver, triste, a imensa rachadura que separa os ‘mestres’ dos ‘alunos’.

Existe um responsável por isto, ou mudou o mundo? O que houve com a ‘evolução’! Houve evolução, ou os jovens se revoltam com situações que aceitávamos como obrigações incontestáveis? O ensino é mais dinâmico? Será que mestres e alunos falam a mesma língua? Se falam, por que eles dizem tudo em gírias? Isto está acontecendo no mundo inteiro? Estamos preparando as pessoas para a vida real? O que está faltando para ser notado, complementado?

Meu PCérebro não dava pausa, só repassava as perguntas. Tentei um Shift, Ctrl, Esc, mas não conseguia, pois tenho este defeito grave: “Cando a pioienta isquenta, demoru pra cunseguí quiela isfrii!”.

Busquei por ordem nos pensamentos e só consegui perceber que somos assim, rebeldes, fugitivos, inseguros, porque não sabemos quase nada e temos medo de admitir.

Imagine um Ministro da Educação crendo que não levará nenhuma vantagem, se não fizer algo de novo? Não importa o que, importa fingir que progredimos.

Nós, população, temos que trabalhar duro, termos mil conhecimentos práticos para sobrevivermos, pois afinal não aceitamos corrompermos nosso íntimo, exceto com as ‘ajudas’ safadas que inventamos para ‘provarmos que não temos tempo a perder, pois o Jornal da TV e a porcaria da novela e do brodedroga tem hora certa para começarem.

E la nave vá...

“Quem é mesmo este lourinho?”. “Filho de qual dos meus filhos?”. “Páscoa”? “De novo levar cotoveladas pra agradar a prole, com um chocolate midiático, tipo Bon12”? “E se não tiver, será que eles trocam por bons oitos dos comuns?”

Lembro de um amigo explodindo: “PPTQP! Que droga de vida! Foi pra isto que nascemos, o que eu ganho com esta rotina embriagante, depressiva, vendo meus filhos trabalhando sem prazer, formados num curso que nunca os entusiasmou, com subempregos, esposas mártires, ciumentas, anorgásmicas, pois o marido não sabe amar, tem ejaculação precoce, impotência, finge ser calmo para o chefe, mas vomita por detrás?".

Chega ‘gentem’! Até a natureza já se encheu, por que vamos continuar cegos, sem amor, como dizia Mestre Gigault (nunca existiu, que eu saiba): “Vivre pour vivre, mon Dieu, qui saleté du vie!” (*).

Proponho o seguinte (será que posso, tenho este direito?): “Vamos compreender um pouco mais de nós mesmos?” “Vamos ver como estamos bagunçando esta vida, sem colocar políticos e patrões no meio (mesmo porque somos e temos um meio também).” “Vamos ser realistas e percebermos como faríamos para quebrar a agressividade de alunos carentes, como nossos filhos também o são?”

“Qual seria o método de ensino eficaz?” “Será que as aulas não os motivam porque se veem como um estorvo para nós?” Será que não lhes dissemos isto, mesmo sem palavras?”

“Nossos gestos demonstram amor ou frustração?”

“Os participantes dos conselhos estudantis, nas escolas, são os mais dotados, tem o bom discurso que convence, ou será que foram escolhidos porque ninguém se habilitava?”

“Não é mais fácil ficar de fora e sentar a pua depois?” “Afinal não posso parecer burro, tenho que ser agressivo”.

Em suma: “Vamos admitir nossa burrice?” “Vamos partir para o diálogo que engrandece, quando dizemos: não sei, preciso aprender?” “Vamos parar de fingir e vamos errar até acertar?” “Vamos etc, etc e etcetera?”

Desistam: “Só sei que nada sei e vou viver me questionando, errando muuuuito, pois isto me dá o sentido da vida!”.

Abraços e feliz páscoa (se é que conseguimos renascer).

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rdletras@drmarcioconsigo.com

(*) “Viver por viver, meu Deus, que porcaria de vida”.