O sobe e desce da gangorra do mau gerenciamento

A gerência das nossas entidades de prática desportiva sofre, quase que invariavelmente, dos males da incompetência e da descontinuidade.

A realidade dos nossos clubes nanicos tem-nos mostrado um roteiro comum, onde grassam boa dose de incompetência, e um prejudicial processo de descontinuidade administrativa. A estabilidade é fundamento de rara presença na vida das nossas agremiações esportivas, situação que potencializa o surgimento de crises e mais crises.

Vê-se com extrema facilidade que a falta de ‘anticorpos’ a que estão sujeitos tanto o Ceará quanto o Fortaleza, faz com que ambos alternem-se em suas crises de gerenciamento. Ora um ora outro lidera o ranking das crises. As variáveis são apenas a natureza e o tamanho da ‘crisiopatia’.

Temos feito registro do aspecto dinâmico da administração do futebol, apontando os exemplos eloqüentes de Ceará e de Fortaleza. Desse ponto de vista, o Fortaleza é o Ceará de ontem; já o Ceará de hoje, em termos repete o bom exemplo do Fortaleza de ontem. E assim caminham nossos dois principais clubes, que pouco passam de meros times de futebol.

Mas não é justo, neste instante, colocarmos os dois no mesmo patamar. O Fortaleza há muito não tem um ano tão negro do prisma do seu gerenciamento. O Ceará tem muito tempo que não via os notáveis efeitos do capital intelectual. Como exemplo destes efeitos, produz um Demonstrativo Financeiro relativo ao mês de outubro p.p., em que ostenta um saldo positivo, proveniente de um total de despesas de R$629.574,60, contra uma receita de R$636.686,34. Como se não bastasse a ‘boa nova’, ressalte-se a transparência com que as contas do clube têm sido tratadas.

O Fortaleza, por sua vez, enveredou numa maré revolta e de ondas encrespadas, vítima da desídia de uma gestão que se caracterizou pela incompetência e certa irresponsabilidade – falamos da gestão de Marcello Desidério. Some-se a isto a relação interdita com seu patrocinador-master, além da omissão de seus associados e de seu Conselho Deliberativo.

Chega a vez da Crônica Esportiva, que tem tido papel preponderante para a perenização dessas crises. Afinal, do que tem valido aos nossos clubes essa crônica esconder problemas e ‘blindar’ cartolas? Que contribuição podemos dar ao nosso futebol com tamanho cinismo? Certamente, nenhuma contribuição tem sido dada.