O EXAGERO SOBRE MESSI

Já faz algum tempo que este jovem argentino chamado Messi - 3 anos, para ser mais exato - vem jogando em alto nível pelo Barcelona. Nesta terça-feira 6 de abril, acompanhei a goleada por 4x1 aplicada pelo clube catalão sobre o Arsenal, quando o garoto estufou as redes londrinas por quatro vezes. O último gol então, pontuo ter sido o mais significativo não só pela plasticidade, como pela determinação do atleta. Não me lembro de ter visto um atacante ser marcado por três zagueiros, e ainda assim marcar em um lance cujo goleiro já havia até feito a defesa. O tal Messi não é mesmo qualquer jogador, atua por um clube de fino trato e enfrenta adversários qualificados.

Nesta semana, em leituras pelos portais esportivos, vejo que o jornal alemão "Bild" realizou uma enquete em que seus leitores consideram Messi como o melhor da história, à frente de Pelé, Maradona e Zidane (este último está bem longe de Pelé e Maradona). O curioso é que o Zidane ficou em segundo lugar... Será que os leitores do Bild são muito jovens e a maioria votou somente naqueles que viram jogar? Ou seriam crianças, empolgadas por um modismo? Talvez não entendam nada de futebol, porque quem coloca o Zidane como melhor do que o Pelé...

No mesmo dia, vi que o Maradona disse que tanto ele quanto Pelé seriam superados por Messi, findando uma secular discussão. Na transmissão da ESPN, o locutor disse que o Messi "não parece humano de tanto que joga". Alguns telespectadores já insinuavam que o meia argentino superou Maradona. Enquanto tudo isso acontece, o rapaz não rende o esperado pela seleção argentina, cujo comandante é o mesmo que disse que seria superado... que absurdo! Pessoalmente, não tenho nada contra o Messi. Adoraria vê-lo na Gávea, é claro! E penso que ele é o melhor jogador do mundo, porém da atualidade.

O problema que perpassa a sociedade moderna é o imediatismo, impulsionado pela instantaneidade da internet. É o que Zygmunt Bauman costuma dizer em suas "obras líquidas". Como pode um jogador não render o que deveria em sua seleção e estar acima do Pelé? Edson Arantes do Nascimento atuou em uma época em que os salários do atleta não eram milionários e também não havia internet. As pessoas demoravam mais a saber da existência de um grande jogador e consequentemente, a pressa em transformá-lo em herói de mitologia grega era menor. Foi assim com Maradona, Zico, Rivellino e tantos outros. Sem falar que estes jogadores, para merecer o rótulo de foras-de-série, basicamente não eram oscilantes por suas atuações. E prefiro não entrar na questão de títulos, porque isto para mim não é parâmetro. Senão poderíamos pensar que o Vampeta foi melhor que o Rivellino.

Eu me lembro da época de Ronaldinho Gaúcho no mesmo Barcelona. E recordo até que o Roberto Avallone disse que ele fazia coisas que nem Pelé fazia. E o Gaúcho também nunca foi, na Seleção, o mesmo jogador fantástico do Barça. Após a Copa de 2006, vimos suas espetaculares atuações perecerem consideravelmente. Para mim, Ronaldinho atualmente é um bom jogador e que qualquer clube gostaria de tê-lo. Mas para alguém entrar para o seleto grupo de melhores da história, é preciso ter o mesmo rendimento por onde quer que atue e de forma regular.

O Messi não é melhor do que o Pelé. E creio que jamais será.

Andre Mengo
Enviado por Andre Mengo em 08/04/2010
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