Sin City, a cidade do pecado

Hoje falo de cinema. Não gosto particularmente de cinema, prefiro ler o livro. Acontece que, ultimamente, como não posso ler aquilo que quero, mas aquilo que tenho de ler, ocupo os meus tempos de vazio, de espera, de descanso, de parêntesis, vendo filmes em DVD. Não vou ao cinema, claro, para evitar contactos com a humanidade...! Não sendo particular apreciadora, como já disse, as minhas escolhas têm a ver com dois critérios a) DVD barato b) os meus actores preferidos. Estes critérios têm-me valido grandes desilusões, mas também grandes descobertas. Falo de três DESCOBERTAS:

1ª - (critério: DVD barato, actor bonito) - "Good, um homem bom" , com Viggo Mortensen. Que Viggo é um homem bom, penso que qualquer mulher sabe. Mas o filme não é bom, é excelente! Sobre o Nazismo, baseado numa peça de teatro (ou seja, um bom texto de base), contando a história de uma amizade ente um Nazi e um Judeu. Soa a banal, não é? Mas não é banal, aliás não é cinema comercial, é um filme intenso, belo, com uma particularidade - a música - que é usada com uma mestria de génio.

2ª -(critério: DVD barato, apenas) - "O Assassínio de Richard Nixon", com Sean Penn. Confesso que o DVD andou a rolar durante algum tempo até ao dia em que o tédio me levou a vê-lo: uma revelação. Dos filmes mais emocionantes de que me lembro, até ao escrever isto, sinto a emoção e porquê não o dizer uma vontade de chorar, as lágrimas a subirem aos olhos? Sean Penn não é um actor bonito, mas é um actor sublime, excelentíssimo! Novamente, este não é um filme comercial. Esteticamente, nada está ali para atrair o público. O público tem de ser agarrado pela a história. E a mim fê-lo de uma forma radical. Comecei a vê-lo deitada, e acabei sentada, quase colada ao ecrã e com lágrimas nos olhos, na cara, na alma! O subtítulo é "A História Louca de um Homem Real", que é também um resumo. Resumo que deixa quase tudo por dizer, porque há que ver o filme e o excelente Sean Penn a interpretar a nossa fragilidade combatente, daqueles que somos frágeis, mas nos revoltamos por sê-lo e acabamos por afundar-nos, porque somos isso mesmo: frágeis!!

3ª (critério: actor favorito) Foi ontem. Fui comprar o jornal, e vejo um DVD com Bruce Willis, o meu querido, lindo, másculo Bruce Willis...tão comercial...que importa! O filme, "Sin City". Depois, vejo a referência a Quentin Tarantino. Ora, eu não aprecio as orgias violentas de QT e hesitei, mas não resisto a Bruce Willis e comprei (um bocadinho caro, quase 5 euros). Chegada a casa, vejo a ficha técnica e quase tive um ataque, no filme estava um outro dos meus actores favoritos: Mickey Rourke! Constatei também que o filme era baseado em três bandas desenhadas, e respectivos heróis, de Frank Miller: "The Hard Goodbye", "A Grande Matança" e "Aquele Sacana Amarelo". Aqui, convém dizer que acabei de ler o ensaio " Literatura Gráfica" de Rui Zink (excelente!!), sobre Banda Desenhada. Ou seja, estaria provavelmente a ponto de ver aquilo que se não fosse bom, teria pelo menos todos os ingredientes para sê-lo. Pois bem, superou todas as minhas expectativas. Visualmente, não há como falar da beleza das imagens. Imagens a preto e branco, um soberbo preto e branco, cheio de cor. Para além destas cores, só o vermelho vivo - não do sangue, muito sangue, que era branco - e o verde e azul dos olhos das mulheres (belas) da história. As três histórias unem-se de forma magistral, o princípio e o fim são excelentes. Os heróis, particularmente o belíssimo e monstruoso Mickey Rourke (Marv), são do melhor. Os diálogos, kitsch (camp), são brilhantes! Em resumo: este é definitivamente um dos filmes da minha vida.

Para terminar, resta dizer que vou continuar a escolher filmes com os critérios que já enumerei e, quando eles me levarem à descoberta de novas obras primas, voltarei para vos informar.