O Pensamento e os métodos

Embora tenhamos muitas vertentes místicas ou mesmo de senso comum acerca do pensamento, podemos considerar cientificamente que o pensar é meramente a fisiologia do cérebro.

Pode parecer uma realidade vazia aceitar que pensamos por sermos condicionados fisiologicamente a fazer isso em face das muitas definições e características atribuídas ao “Pensamento”. Muitas dessas explicações e definições cheias de elucidações artísticas, ou representações comparativas metafóricas como a do grego que disse: “O pensamento é um passeio da alma”.

Segundo estórias não comprovadas, sem embasamento científico, Albert Einstein afirmou que o ser humano usa somente 10% do cérebro para pensar e que muitos seres humanos não usam nem 2% de seu cérebro. Claro que “ele” não se basearia em conceitos neuro - anatômico - fisiológicos para fazer tal afirmação. Se pensarmos em extrair 90 % do cérebro físico é óbvio que funções do sistema nervoso deixariam de existir. O sistema nervoso periférico e central humano não funcionaria se nosso cérebro fosse diferente do que é.

Nosso organismo é muito complexo, portanto o corpo não funcionaria com 10 % de massa encefálica (O que seria o tamanho de um cérebro de um caprino curiosamente falando), portanto o cérebro está sendo utilizado em 100%, à maior prova disso é o fato de haverem muitas doenças relacionadas à má formação ou interrupção de pequenas partes do cérebro (por exemplo, epilepsia) que causam convulsões, tremedeiras, paralisias etc.

Se Einstein disse isso ou não, ao considerarmos essa “afirmação” para refletirmos um pouco sobre ela, consideramos a idéia de sinapses neuronais. Um sistema todo de “circuitos” (Dendritos) que fazem uma espécie de “ajuste fino” (entre os neurônios interligados) e para isso constitui ligações que NÃO vão conduzir o impulso eletro – químico em porcentagem extensiva (ou total) do cérebro em uma constante interminável. Acessando somente a área com os pontos necessários para processar em alta velocidade o pensamento momentâneo, seguido pelos pensamentos posteriores, sendo assim esse interminável ciclo enquanto o cérebro estiver vivo. Está, portanto na extensão da atividade neuronal (quantidade de interligações em um mesmo tempo que os neurônios fazem entre si) a medida da porcentagem da capacidade funcional do cérebro.

De forma racional, vejo que os pensamentos podem ser condicionados, estimulados, ou mesmo concentrados e direcionados.

Quando pensamos de forma condicionada?

Acreditar é uma forma condicionada de pensar, onde não precisamos de provas, onde não refletimos ao pensar: Podemos dizer que as crenças e os preconceitos são formas condicionadas de pensar por exemplo. Podemos considerar que sonhar é uma forma condicionada de pensar também, onde nossa mente não para, quando as sinapses estão acontecendo também, particularmente penso que é a maior amostra do pensar como fisiologia natural do cérebro.

Quando pensamos de forma estimulada?

Através de nossos sentidos, podemos ser estimulados a pensar por qualquer um de nossos cinco sentidos: Ao sentirmos cheiros conhecidos podemos pensar correlacionando o cheiro que já conhecemos armazenado na memória com a coisa que exala o cheiro; Ao ouvirmos podemos identificar instrumentos musicais; Ao tocarmos algo, sem precisar ver, podemos pensar em diversificadas coisas conforme a textura tocada; Certamente a visão é o sentido que mais estimula os pensamentos, particularmente creio que “Pensar é enxergar sem os olhos” (R. L. R.).

Quando pensamos de forma concentrada e direcionada?

Quando precisamos do raciocínio, quando precisamos refletir, compor, criar, reproduzir, explicar, redigir, cantar com afinação, enfim... Antecedendo uma ação que vai precisar de planejamento o pensamento se torna concentrado e direcionado.

Não sei bem se o instinto é uma forma de pensar, é certo que mesmo na ação reflexa o cérebro não para, movimentos automáticos indicam um pensar rápido ou indicam o “não pensar para agir”.

Ao falar de Pensamento me vem à mente a palavra “Memória”. Penso que nos é exigido energia psíquica para podermos memorizar coisas ou mesmo nos lembrarmos de coisas (informações, acontecimentos, experiências etc.) Tanto que com o tempo a memória tende a ficar lenta ou se perder em idade avançada para muitas pessoas. São denominadas inteligentes, comumente, pessoas que memorizam fácil as coisas e guardam grande quantidade de informação.

Penso que : A inteligência é (entre outros aspectos) a capacidade de controlar, direcionar e concentrar os pensamentos, trabalhar os conhecimentos armazenados na memória em prol de algo. Quem consegue manter controle pode preencher melhor os tais “outros aspectos”. Exemplos práticos: Quem consegue se concentrar, sem desviar os pensamentos de foco, logo consegue memorizar melhor, consegue calcular melhor e mais rapidamente, consegue planejar melhor e conduzir mais precisamente suas ações.

É necessário haver um método para pensar?

Se eu quiser demonstrar ou transmitir o conhecimento a alguém, sim, precisarei de um método;

Se eu quiser ordenar e compilar notas musicais para que elas façam sentido e produzam belos sons, sim, precisarei de um método;

Se eu quiser compor um soneto clássico precisarei sim de um método;

Se eu quiser jogar xadrez em um nível competitivo sim, precisarei de um bom método; Se eu quiser fazer uma monografia que seja aceita como trabalho de pesquisa científica o individuo precisará de uma metodologia científica acadêmica.

Enfim, método nos serve para cumprir objetivos inseridos em meios sistemáticos regidos por leis e regras.

O método é racionalizado humanamente. Muitos foram os pensadores que tentaram padronizar o “Método” para “O pensar”, buscando assim unificar a filosofia e as ciências a fim de entender melhor a natureza. Se sormos parte da natureza, se nosso pensar é naturalmente uma fisiologia cerebral, não há porque perder tempo em encontrar ordem e método para pensamento sempre. Basta uma substância diferente no organismo, basta uma singela modificação em um impulso elétrico pré ou pós sináptico, basta uma influência subconsciente captada por sentidos, basta uma dificuldade insolúvel em um problema matemático que desafie o que entendemos individualmente por lógica em um determinado momento e, tudo muda, a forma de pensar sofre uma repentina metamorfose alterando até mesmo nosso humor. É necessário haver um método para pensar? Tudo o que sou levado a pensar acerca disso é que não existe padrão acerca do “Pensamento”, só há tendências dispersas entre os meios sociais sobre como as pessoas pensam.

Rafael Lustosa Ribeiro

LEAFAR
Enviado por LEAFAR em 25/04/2010
Código do texto: T2219119
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