"NÃO TEMAS, PORQUE EU TE REMI, CHAMEI-TE PELO TEU NOME, TU ÉS MEU." (Is 43:1).

"NÃO TEMAS, PORQUE EU TE REMI, CHAMEI-TE PELO TEU NOME, TU ÉS MEU." (Is 43:1).

Este texto da Sagrada Escritura (Bíblia) é um dos mais belos que se possa encontrar.

Os monges fazem um exercício chamado “léctio divina” que significa fixar-se em alguma passagem bíblica por algum tempo, “alimentando-se” dela, pedindo à Deus, pelo Espírito Santo que se possa chegar ao mais profundo da Palavra e perceber aquilo que ela lhes fala.

A “Léctio” é como um exercício de meditação pessoal, que se faz diariamente, ao menos duas vezes por dia.

Não há uma quantidade pré-fixada do texto a ser meditado, mas convém que seja um texto curto. Algo entre um versículo e um capítulo.

Na reflexão de hoje me deparei com a passagem que aqui faz título. Vamos reler?

O que nos traz?

Em primeiro lugar o Amor de Deus por nós que se manifesta nas palavras “Não tema”, não receie, não tenha medo, não estamos sós, Ele está conosco. Nunca estamos realmente sozinhos. Em seguida Ele diz “Eu te remi”, isto é, te perdoei, te acolhi, com todas as tuas faltas e misérias humanas, mas também com todas as suas virtudes, integralmente, como um ser amado e criado por Deus. Deus não discrimina ninguém, nem faz acepção de pessoas – não deixa de querer e amar a ninguém. Chamar alguém pelo nome é conhecer aquela pessoa com intimidade, profundamente, de modo único. Imagine, numa grande cidade, conhecer a todos pelo nome? Assim Deus nos conhece, comparativamente. No meio de toda a multidão, de toda a humanidade criada, Deus nos ama de modo singular, único, completo. Diz a Bíblia que Deus nos conhece desde “o ventre de nossas mães”, quer dizer, desde todo o sempre, quando ainda não éramos criados. Desde toda a Eternidade Ele nos amou primeiro, nos desejou, nos concebeu. Não há, portanto, nenhum ser criado, nenhum homem ou mulher que não seja alvo desse amor incondicional de Deus, amor que ultrapassa tudo: cor, sexo, raça, religião, condição social. Deus ama mesmo aqueles que não O amam ou são indiferentes. O fim do versículo é o resumo de todo este tratado de amor de Deus “tu és meu”. O próprio Deus fala conosco que somos algo dele, pertencente a Ele, independente de nossa (humana) vontade, mesmo quando pecamos.

Eu gostaria que essa pequena reflexão chegasse a todas as pessoas, mas especialmente àquelas que sofrem neste momento, de doença, de depressão, de abandono. De carências materiais, de solidão. DEUS NÃO AS ABANDONA JAMAIS!

É o que gostaria de lhes dizer.

Como monge que sou, sinto todo esse amor por estas pessoas que não conheço, mas que minha oração as toca neste momento.

Essa máxima bíblica serve também a mim, que sou pecador.

Não importa os caminhos percorridos, as faltas cometidas, as quedas, os tropeços, os obstáculos na nossa trajetória humana.

O amor de Deus por nós é perene e eterno.

O conhecido livro “Peregrino Russo” que aconselho a todos que possam ler, traz-nos essa analogia. Somos “peregrinos” nessa terra, neste mundo. Nada temos, nada levamos conosco, nada teremos do outro lado da vida.

Fica para trás o orgulho, o apego, as coisas transitórias, o nosso egoísmo e nosso pecado, para mergulharmos neste amor transformador de Deus. Como peregrinos nada somos, nada temos – mas sabemos o Caminho. Sabemos, pela fé, o que nos espera e acreditamos nessa Promessa de Deus “És meu”.

Assim, com um pequeno versículo, uma frase, uma palavra da bíblia abre-se para nós uma porta para o conhecimento e o amor de Deus, independente de nosso credo pessoal, de nossa prática religiosa, o mais importante é aceitar esse amor de Deus por nós e corresponder.

Deus os abençoe.

Emmanuel.

priorado@uol.com.br

18 de Julho de 2010.

Padre Efrém Alexandre
Enviado por Padre Efrém Alexandre em 18/07/2010
Código do texto: T2385864
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