PRECISAMOS DE UMA NOVA REFORMA PROTESTANTE

Entre outras coisas, a última edição da Revista Época traz uma reportagem de capa sobre críticas ao modelo teológico adotado por algumas igrejas “Evangélicas” na atualidade. Segundo a revista, estima-se que haja hoje cerca de 46 milhões de evangélicos no Brasil. Esse crescimento tem sido seis vezes maior do que a população total desde 1960, quando havia menos de 3 milhões de fiéis espalhados principalmente entre as igrejas conhecidas como históricas (Congregacionais, batistas, luteranos, presbiterianos e metodistas). Na década de 1960, a hegemonia passou para as mãos dos pentecostais, que davam ênfase em curas e milagres nos cultos de igrejas como Assembléia de Deus, Congregação Cristã no Brasil e O Brasil Para Cristo. Contudo, a grande explosão numérica evangélica deu-se de fato na década de 1980, com o surgimento das denominações neopentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Renascer. Elas tiraram do pentecostalismo a rigidez de costumes e a ele adicionaram a “teologia da prosperidade”. Diante deste “inchaço”, há quem aposte que até 2020 metade dos brasileiros professará à fé evangélica, mas uma coisa é certa, nem todos serão de fatos cristãos. É exatamente por isso, que lideres cristãos sérios tem levantado suas vozes críticas a esse crescimento. Segundo eles, esse modelo de igreja, que prospera em meio a acusações de evasão de divisas, tráfico de armas e formação de quadrilha, tem sido mais influenciado pela sociedade de consumo do que pelos ensinamentos da Bíblia. “O movimento evangélico está visceralmente em colapso”, afirma o pastor Ricardo Gondim, da igreja Betesda, autor de livros como Eu creio, mas tenho dúvidas: a graça de Deus e nossas frágeis certezas (Editora Ultimato). “Estamos vivendo um momento de mudança de paradigmas. Ainda não temos as respostas, mas as inquietações estão postas, talvez para ser respondidas somente no futuro.” Nos Estados Unidos, a reinvenção da igreja evangélica está em curso há tempos. A igreja Willow Creek de Chicago, por exemplo, trabalha sob o mote de ser “uma igreja para quem não gosta de igreja” desde o início dos anos 1970. Em São Paulo, o pastor Ed René Kivitz adotou este lema para sua Igreja Batista, no bairro da Água Branca e afirmou: “Esta igreja que está na mídia está morrendo pela boca, então que morra. Meu compromisso é com a multidão agonizante, e não com esta igreja evangélica brasileira.” Essa espécie de “nova reforma protestante” não é um movimento coordenado ou orquestrado por alguma liderança central. Ela é resultado de manifestações espontâneas, que mantêm a diversidade entre as várias diferenças teológicas, culturais e denominacionais de seus ideólogos. Mas alguns pontos são comuns. O maior deles é a busca pelo retorno ao modelo da igreja cristã primitiva, para que ela volte a ser uma igreja genuína no mundo atual. A verdade é que a igreja de Jesus nem precisa de templos. Não sei pra que construírem mais catedrais e império para homens. No primeiro século os crentes se reuniam de casa em casa. Ainda hoje, se quisermos voltar a ser bíblicos, é só voltamos a nos reunir nas varandas e salas das casas, onde um crente cercado por outros irmãos e conhecidos, vizinhos e parentes do crente anfitrião, por poucos minutos podem conversar sobre textos bíblicos e depois, o grupo pode orar e cantar louvores ao Senhor, promovendo assim uma comunhão mútua e a edificação de todos. E para terminar a reunião, uma boa pedida é aquele tradicional chá com biscoitos, regado a muita conversa animada e íntima. Isso é ser igreja! Se daí surgisse às comunidades maiores, com templos e reuniões sistemáticas, tudo bem, mas o problema é que tem gente começando pelo caminho contrário. Se as igrejas voltassem a ser assim, nós nunca perderíamos nossa identidade de crentes maduros e abençoadores. Não concordo com esse modelo de igreja de hoje, que exalta os tele-templos, que se baseia em ritos, doutrinas de homens, tradições judaicas, dogmas, jargões e hierarquias. Esse povo tá perdido. O negócio deles é promover seus próprios nomes e os de seus líderes, e por fim demonstrar poder disputando os horários nobres da TV. Prefiro continuar pregando o evangelho genuíno. Toda glória seja dada a Deus.

No amor de Cristo,

Pr. Antônio Ramos