Sistema de castas no Brasil.

Olá leitor! Tudo bem?

Como você está?

Está bem confortável lendo este texto? Espero sinceramente que sim.

Você é um privilegiado, nunca esqueça disso e agradeça sempre a Deus por isso.

Podemos fazer uma brincadeira? Uma brincadeirinha de “faz de conta”, tudo bem?

Imaginemos, caro leitor, que foi criada uma cidade perfeita, onde seriam selecionados para morar lá apenas os indivíduos de maior capacidade intelectual.

Mais aí, caro leitor! Acontece algo estranho. Observe: Você, privilegiado leitor, que está confortável diante de um computador neste momento (coisa ainda rara para a maioria dos brasileiros), concordaria quando soubesse que você foi escolhido para essa cidade utópica? Legal, né? Mas seu grande amigo que estudou com você, que vai às melhores baladas contigo e tem aquele carrão importado, não foi escolhido e, pasme, no lugar dele foi escolhido um sujeito pobre e com poucos estudos.

Olhe só, foi escolhido um corintiano que mora em uma favela, que quando nada tem a dizer, simplesmente diz: Ronaldo!

Você consideraria, sinceramente, esse fato como uma injustiça contra seu amigo?

Claro que é uma injustiça, afinal não iriam para essa cidade apenas os mais inteligentes?

Mas, olhe só que interessante: você percebeu que essas diferenças que mostrei entre seu amigo e o corintiano, na verdade, são diferenças sociais e não intelectuais?

Ou não percebeu?

O critério usado para a seleção é o intelecto.

O corintiano, se bem preparado e instruído, poderia produzir muito, mas talvez seu amigo “riquinho” não tivesse essa mesma capacidade latente.

Mas aí, você diz: meu amigo fala inglês, tem diploma universitário e assiste Lost e Supernatural em TV a cabo. O corintiano mal sabe ler, é pobre e assiste o SBT.

Aí é que está, caro colega! Talvez apenas falte polir esse diamante bruto (o corintiano), enquanto o riquinho, seu amigo, nada mais tem a oferecer, pois tudo o que tem a oferecer é apenas isso que você disse dele e mais nada, ou seja, ele é limitado.

Mas, caríssimo leitor, tenho uma boa notícia: felizmente, o corintiano, na verdade, não foi escolhido. Nosso "faz de conta" é realista, logo, algo assim jamais aconteceria se tal cidade fosse de fato criada.

Sabe por quê?

Observe.

Então, continuando, acrescentemos algo mais a essa nossa utopia: imaginemos, ainda, que cada país no planeta tivesse que fazer a seleção desse pessoal privilegiado exclusivamente em seu próprio território.

Como isso seria feito no Brasil, o país das igualdades e de gente honesta?

Como você, caro leitor, acha que isso seria feito?

Alguém poderá dizer: “com certeza, alguma universidade de ponta fará a seleção”.

Concordo, é bem provável que seja assim, mas, haveria justiça?

Aí alguém dirá: “claro que sim, pois exigiria um trabalho imparcial, preciso e justo.”

Quem bom, fico feliz quando vejo pessoas com fé no ser humano. Isso é muito bom! Mas, infelizmente, algumas vezes, imaginamos o homem como uma máquina sem sentimentos, emoções ou preconceitos.

Um cientista é humano como nós, sujeito ao mesmo tipo de coisas que nós somos, pois são pessoas comuns e não deuses. Pessoas comuns que erram e se enganam e também tem suas preferências (preferências socias e de cor), ou não é assim?

Você acha que não, caro colega?

Você acha que um cientista não seria levado a considerar aspectos de sua preferência também? Afinal, ele também ficaria contente em ver seus semelhantes por lá, não é? Quem não gostaria de ter ao seu redor gente de seu próprio nível?

Você não gostaria?

Conhece alguém que não gostaria?

É evidente que os economicamente mais “favorecidos” seriam selecionados para essa cidade e, obviamente, entre eles, muita gente de baixa capacidade cognitiva (pouca inteligência) iria junto. Ou seja, no final, essa cidade utópica ficaria do mesmo jeito de sempre, pois o germe da ignorância também estaria lá.

Já reparou, caro leitor, que em nossa sociedade é blasfêmia dizer que existem entre os economicamente favorecidos gente menos favorecida cognitivamente? Mesmo com diploma superior? E que é igualmente blasfemo dizer que entre os menos favorecidos economicamente existem pessoas favorecidas cognitivamente?

Mas o critério econômico e social sempre foi o suficiente para “diferenciar” as pessoas e dividi-las em grupos que não podem se misturar, não é?

Um sistema de castas, dividindo-nos entre os de “sangue azul” e a “plebe”.

Essa é, obviamente, uma visão do ser humano extremamente limitada, pois existe todo tipo de gente em todos os níveis sociais, não é?

O presidente Lula, apesar de tudo o que dizem, construiu uma boa imagem de si mesmo no exterior e reforçou e aumentou a imagem positiva do Brasil no exterior (que não vinha muito bem), isso tudo é inegável. Muitos ricos e estudados que vieram antes (com exceção de FHC, que também foi um bom presidente) não conseguiram, nem de longe, algo parecido.

Não estou defendendo o governo Lula, estou falando apenas de um fator positivo em seu governo.

Tem um juiz federal, no Rio de Janeiro, chamado William Douglas, que é nacionalmente conhecido por suas palestras e cursos pra concursos. Homem de inteligência reconhecida e admirada, mas que veio de uma família pobre, o qual admite que se fosse à época do império, seria fatalmente condenado à pobreza pra sempre, pois naquela época os cargos públicos eram distribuídos entre as famílias ricas e nobres.

Existem muitos exemplos de pessoas que conquistaram muitas coisas, mesmo fazendo parte de uma “casta” inferior ou raça considerada inferior.

A inteligência é algo individual e não está relacionada com a origem social do indivíduo ou sua raça.

É fácil observar isso através de muitos estudantes universitários, pois muitos acreditam que o curso superior acrescenta inteligência ao estudante, mas não é verdade, acrescenta apenas informação. O sujeito pode ter formação superior e trabalhar de empregado com salário baixo pra quem não tem curso superior, isso é comum.

O estudo é igual a um treinamento físico, ou seja, deixa o cérebro treinado e pronto para ação, mas se o indivíduo não nasceu um Pelé, então não importa o quanto treine, nunca será um.

Pessoas com inteligência não pertencem às castas, raças ou níveis sociais específicos, mas estão em todos os lugares.

Foi isso que Hitler não entendeu, por isso, pessoas como Einstein fugiram da Alemanha.

É isso que os indianos não entendem, por isso, sua sociedade é dividida em castas e muitos talentos são desperdiçados.

É isso que o Brasil também não entende, por isso, apesar de não ser oficial, também temos um sistema de castas onde os mais “favorecidos” (pessoas que tiveram a sorte de receber uma boa herança) inibem, podam e humilham os menos “favorecidos”, que também são pessoas de capacidade, mas sem as mesmas chances ou a mesma “sorte” (afinal, bons estudos e comida conseguem-se com dinheiro e não talento, então lhes faltam dinheiro e não talento, necessariamente).

O que se conclui disso?

O preconceito não é sinal de inteligência, pessoas que fecham suas mentes e dividem as pessoas em grupos não compreendem o ser humano, de fato. E, na maioria dos casos, acreditam cegamente em seus supostos modelos de superioridade, tornando-se, assim, manipuláveis.

Como ocorre em nossa sociedade.

O Brasil seria muito melhor se seus talentos não fossem desperdiçados por causa de preconceitos tolos incentivados pelo orgulho igualmente tolo e destrutivo.

É isso.

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