ELEIÇÃO E A CRISE DE RISOS

" Pesquise antes e não dê ao teu voto uma conotação de cumplicidade, pois mesmo que involuntariamente, é este o sentimento que tomará tua alma, quando o amanhã te revelar que tipo de meliante favoreceu".
                           IvanTeorilang                                      

No dia das eleições para o primeiro turno, dia 3 último, saí para votar. Ao chegar à portaria disse ao porteiro:
- Esta é a última vez para Presidente. Antes da outra faço 70 anos e vou queimar o título.

Ele olhou para mim e disse:
- Para que queimar o título, não vale mais nada?

Aí eu pensei: engraçado, o título é exigido para muita coisa, como tirar passaporte, pegar empréstimo no Sistema Habitacional dentre outras, só não vale para votar. Mas como a burocracia não falha, vão inventar já um novo título com foto e exigível nas eleições (como era antes). Sai rindo e parti para minha seção eleitoral já sabendo que ia ficar na fila bastante tempo.
 

Entrei na cabine e comecei a rir. Na verdade dei um verdadeiro ataque de risos, não conseguia parar, olhando os três candidatos. Era como se estivesse em um mundo surreal, estava certo votar na Marina, já que ela não tinha nenhuma condição de ganhar e a meu ver era a melhor, mas eu vi só os outros dois candidatos e veio a minha cabeça. E se fossem só os dois? Tive um terrível acesso de risos, pois me vi como um palhaço no picadeiro. Pensei que se tivesse o segundo turno, eu teria que votar novamente e escolher entre estes dois e comecei a rir numa crise incontrolável.


No dia seguinte encontrei com um amigo e ele disse:
- Viu? Transferiram nossa comemoração, mas dia 1 de novembro é certo, quando disse a ele:
- Como comemoraríamos no meio do feriadão, se até os funcionários dispensara. Não tenho trabalho, as secretárias que tomam conta de minha casa já foram dispensadas.Todos já fizeram planos, nenhum deles vai votar, só eu e vou comemorar o quê?


Não quero comemorar resultado algum, pode dar o resultado que der tudo é mera formalidade, as tetas continuam as mesmas, só vai mudar quem vai mamar e eu que pertenço ao povo brasileiro vou pagar o leite.


Não vou comemorar resultado algum, eles que comemorem. Chega, basta de ser otário. Eles entram no bem – bom e eu vou ficar como bobo alegre comemorando ? Eu já tinha me preparado todo para este momento, minha última eleição,  para Presidente da República.


Mas o meu maior problema é de sensibilidade. Eu me considero uma pessoa sensível e meu pai sempre incutiu nos filhos o senso de ridículo.
O velho sempre nos passou um grande senso de ética e da liturgia do cargo que se exerce.

 A eleição é apenas para carimbar  autorizando que eles se locupletem às nossas custas , não importa o que falem, temos que prestar atenção no que fazem e não no que falam .

Ainda existem por aí uns caras que se dizem de direita e esquerda. Qual a diferença entre os dois? Simples. A turma de esquerda mete a mão esquerda no pirão, os de direita a mão direita e os do centro metem ou as duas ou a boca direto no prato e nos povo brasileiro pagamos o pirão. A função do eleitor é somente  de carimbar a autorização. Ainda por cima,o comparecimento é obrigatório, temos que tomar parte na presepada mesmo que não queiramos. Nem a liberdade de recusa a fazer papel de besta temos, é a suprema humilhação.


A frase abaixo resume bem todo o problema:


" Eu penso estudo, trabalho, voto, pago impostos, mas não tenho opinião. Só existo como coisa pública, para pagar impostos. Descobri que penso, mas não existo".
                                                             Sir Hob

         










Ruy Silva Barbosa
Enviado por Ruy Silva Barbosa em 18/10/2010
Reeditado em 18/10/2010
Código do texto: T2563024
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