COMO A FÉ CRISTÃ IMPORTADA DA EUROPA VEM SERVINDO COMO JUSTIFICATIVA PARA A CONSOLIDAÇÃO DOS PRECONCEITOS?

SANTA IGNORÂNCIA RELIGIOSA

Num primeiro momento eram as prostitutas e os leprosos

Depois foi a vez dos negros

Vocês acreditam que até hoje em seminários, inclusive protestantes é ensinado que a África é um continente maldito? Absurdo, não é?

A visão alienante advinda do cristianismo católico prossegue até hoje e tanto católicos como protestantes acreditam da mesma forma, que os africanos são mesmo descendentes do filho amaldiçoado de Noé.

“E Cão, pai de Canaã, viu a nudez de seu pai, e o contou a seus dois irmãos que estavam fora.

Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na sobre os seus ombros, e andando virados para trás, cobriram a nudez de seu pai, tendo os rostos virados, de maneira que não viram a nudez de seu pai.

Despertado que foi Noé do seu vinho, soube o que seu filho mais moço lhe fizera;

e disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos será de seus irmãos.

Disse mais: Bendito seja o Senhor, o Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.

Alargue Deus a Jafé, e habite Jafé nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.”(Gênesis 9:22-27)

Os versículos acima serviram de apoio para que a Igreja apoiasse não só a escravidão dos negros no Brasil como também para justificar o sofrimento da maioria dos países africanos com a pobreza. A exploração imperialista que recaiu sobre o continente africano desde a época do colonialismo nos séculos XV e XVI e a sua nova faceta neocolonialista iniciada no final do século XIX simplesmente foi e continua sendo descartada pela visão religiosa tanto de católicos como protestantes.

Um mapa do século XII feito por Santo Isidoro de Sevilha elaborado a partir de uma visão religiosa e sem nenhuma base científica mostra que a Ásia é filha de Sem, a Europa é filha de Jafé e a África, coitada, é filha de Cam, o maldito. Mesmo que sem saber, é essa a visão até hoje de muitos evangélicos, e tal teoria ainda é ensinada em seminários e estudos bíblicos, e servem de base para conclusões esdrúxulas sobre a situação de extrema pobreza de grande parte dos países africanos, como Etiópia por exemplo.

O modo de pensar preconceituoso que discriminou o negro do branco, o índio do europeu e o civilizado do bárbaro trazido pela Igreja Católica proliferou-se nos meio evangélico, e até na teologia protestante se aprende que a Europa é filha do filho abençoado de Abrão, o que garantiu o direito a fazer de servos ou escravos os africanos.

“Alargue Deus a Jafé, e habite Jafé nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.” Gn. 9:27

É por conta dessa visão que os europeus, não só se achavam no direito de explorar e dominar África e Ásia, mas também se julgaram promotores do bem, evangelizadores do mundo ocidental, homens a serviço do progresso da humanidade com a missão sagrada de levar o conceito de civilidade aos povos incivilizados, e como não podiam dar o braço a torcer em relação aos outros povos, aproveitando o apoio religioso os europeus se auto intitulavam “raça superior”, os verdadeiros “filhos de Adão”.

"É evidente que também o darwinismo teve e tem mau uso. A idéia de raça superior, é portanto detentora de supremacia sobre outras, levou (e leva) ao cometimento de muitas barbáries, que atestam o quanto os ditos superiores são inferiores" (CHASSOT, 2004, p. 200).

É na prepotência do pensar religioso cristão importado dos europeus católico e protestante que iremos encontrar a raiz dos preconceitos: o antissemitismo, a homofobia, o racismo contra o negro e o índio, o machismo. Tudo isso tem sua raiz na religião! Quando a mulher é citada na Bíblia? Em que momento? Em quais circunstâncias? Fazendo o quê? Em que contexto o sexo feminino é mencionado?

E os homens?

Pra começar, a Bíblia foi escrita do ponto de vista de um homem: Moisés! Já na criação, vemos sutilmente o conceito machista presente no modo da narrativa bíblica:

“Então o SENHOR Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; e da costela que o SENHOR Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada.”

Podemos reparar no trecho de Gênesis 1:21 a 23 que a mulher é um pedaço do homem, dando sentido de ser um ser incompleto, incapaz de viver por sozinha, e o homem, sabendo disso torna-se todo poderoso, indomável e capaz de dominar a mulher. Do mesmo modo, encontramos respaldo na Bíblia para justificar a homofobia, do mesmo modo que a Igreja encontrou no passado para justificar as dominações europeias. Assim a Igreja foi a grande responsável pelos massacres do passado, pelos estupros, pelos castigos impostos aos negros trazidos da África para serem escravos na América. Vemos pelos filmes de bang-bang do velho Oeste americano que os mocinhos assassinos estavam sempre acompanhados por um pastor com a Bíblia na mão, a mesma imagem se repete no resto da América onde vemos o colonizador sempre acompanhado de um padre com a Bíblia em punho, tal como o soldado de cristo empunhando sua espada e cortando a garganta dos pobres “pagãos”. Não dá pra não ver isso na história das dominações, na história do imperialismo. É mentira tentar dizer o contrário. Tentar esconder essa história religiosa é enganar milhares de pessoas no mundo inteiro. Até hoje pensamos do modo como fomos educados a pensar, nossa escola é a escola dos europeus, nosso pensar preconceituoso é protestante e católico, e até o Jesus Cristo dos nossos quadros tem a fisionomia do homem europeu, modelo do mundo ocidental. As Testemunhas de Jeová, os Adventistas também costumam pintar o Cristo em seus livretos, da mesma forma: bonito, cabelos longos, olhos verdes! Os santos católicos inspirados nos deuses gregos e romanos também ressurgem diante dos olhos atentos dos fiéis com o mesmo estilo europeu.

Com que intenção isso foi assim? Claro, para imprimir nas nossas cabeças o modelo do homem civilizado. Para imprimir o conceito de raça superior e levar outros a pensar que índios e negros eram inferiores, incapazes de pensar e de fazer alguma coisa, por conseqüência, este é o mesmo modo de pensar até hoje por parte dos estadunidenses, canadenses, ingleses, e da Europa inteira sobre as nações pobres ou em desenvolvimento como o Brasil. É a mesma visão nutrida até hoje pelo modo de ver os povos mais empobrecidos da África, América e da Ásia. É também o modo de enxergar o outro dentro dessa diversidade cultural em que vivemos, onde alguns idiotas surgem tentando ressuscitar Hitler por ai com apedrejamentos em público como os ataques ocorridos na Avenida Paulista recentemente, onde bandos de idiotas desinformados da História atacam pessoas por conta do seu jeito de ser. Por outro lado, os debates nas religiões parecem ser favoráveis e alimentam esse tipo de atitude. Silas Malafaia é o mais radical nesse sentido, dono da verdade, suas falas ásperas servem de nutrição para os homofóbicos, até mesmo quem não é protestante mas que odeia homossexual encontra grande apoio bíblico nas falas de Malafaia. O homem chega a cuspir quando fala nos microfones, até cospe quando ladra, se irrita, se enche de ira, raiva, e se pudesse, cortaria em pedaços qualquer que julgue supostamente “bicha”. Não é esse o papel da igreja cristã, mas desde que o cristianismo foi incorporado pela cultura européia que o cristianismo passou a agir assim.

Fonte: http://www.webartigos.com/articles/10604/1/O-Determinismo-Biologico-do-Seculo-XIX-e-o-Genetico-do-Seculo-XX/pagina1.html#ixzz15wb2bNAw