O que é reencarnação?
Reencarnação é o fenômeno superinteligente da transmigração do espírito de um corpo humano para outro corpo humano, através das ações de nascer, crescer, morrer e renascer dos corpos humanos que se sucedem para dar abrigo ao mesmo espírito. Assim forma-se cada ser humano, que é a síntese vital de um mesmo espírito com cada novo corpo antropomórfico, até a suficiente evolução para a desnecessidade de novas experiências terrenas.
O tempo e o espaço da dimensão espiritual circunterráquea são iguais aos daqui da crosta, inclusive com o mesmo Sol iluminando ambos os lados. As doenças, os gostos, as preferências continuam tudo igual na passagem de uma dimensão para outra. O nosso espaço espiritual é uma extensão territorial do próprio planeta Terra. O tempo e sua forma de cálculo são os mesmos. Por isso que a reencarnação entre nós é perfeitamente natural, uma rotina da biogenética quântica compatível com nossas realidades interparalelas.
 
A reencarnação é interpretada por várias religiões, filosofias e ciências, cada uma a seu modo. Quem aprofunda mais a questão é a Doutrina Espírita. É uma verdade universal, doa na crença em sentido contrário de quem doer. [A cada instante e em toda época, cultura e lugar habitado por gente acontece um encontro a três, para que um novo ser humano nasça. E quem são esses três? Um espermatozoide bom de corrida e um óvulo, que se encontram horizontalmente, e um espírito que chega de cima, embora não seja novinho em folha. É algo que já encarnou, desencarnou e reencarnou milhares de vezes aqui na Terra (embora possa às vezes vir também de outro mundo ou “morada da casa do Pai”).]
O livro "A Reencarnação na Bíblia", de Hermínio Correa de Miranda, tem a análise de várias passagens bíblicas que evidenciam o fenômeno biológico da reencarnação ou volta dos espíritos para a materialidade terrena renascendo em novos corpos físicos. Eu creio que isso é uma realidade natural, compreensível com o auxílio da Ciência e da Filosofia.
O ser humano é uma substância resultante de uma reação psicofisioquímica que se opera no nascimento intrauterino. Já a cisão ou separação corpo físico-mente espiritual ocorre com a chamada morte. Morreu, acabou. Ou seja, acabou a substância unificada. Por isso se diz biblicamente que a alma morre com o corpo. Se definirmos alma como sendo o espírito enquanto encarnado ou como substância resultante da reação espírito-corpo, sim, a alma morre, ou, melhor dizendo, se dessubstancia. Com essa dessubstância, o espírito ou essência puramente espiritual volta para o reino dos espíritos, ainda que levando o perispírito ou o biblicamente chamado “corpo espiritual”. Já a última carcaça corporal física se desconstitui no reino mineral. O que volta a viver aqui na crosta terrestre em existência posterior não é mais o mesmo ser humano que já viveu aqui antes. Quem volta é o mesmo espírito de antes, e com o mesmo perispírito de antes. Mas eles vão plasmar um novo corpo físico a partir da contribuição genética de seus novos pais. O corpo físico material antigo, o da última existência terrena, virou pó, não será reconstituído ou reintegrado para receber o mesmo espírito. O ciclo reencarnatório prossegue, mas em corpos físicos materiais diferentes.  
[Os que já desencarnaram e que são avistados tempos depois, estão apenas no corpo perispirital momentenamente materializado. Isso aconteceu com Moisés e Elias, que se materializaram perante Jesus e sob as vistas dos discípulos deste. Aconteceu também com o próprio Jesus, ao reaparecer materializado para seus seguidores após seu desencarne.
Os chamados milagres da ressurreição, citados nos evangelhos, são reanimações de corpos que estavam em estado de letargia, fenômeno que pode durar até mais de quatro dias, não sendo raro também o apodrecimento parcial do corpo. Quanto à filha de Lázaro, o próprio Jesus pré-afirmara que ela não estava morta, mas apenas dormindo.
O livro “A Gênese”, de Allan Kardec, esclarece esses e outros chamados “milagres”, dentro de uma linguagem desmitificadora e cientificamente convincente. Faz-nos relembrar aquele pensamento de Santo Agostinho: “Os milagres não acontecem em contradição com as Leis da Natureza, mas, sim, em contradição com o que conhecemos destas Leis”.]
A Bíblia prega que os mortos ressuscitarão incorruptíveis ao som da última trombeta. Aí já se trata da nova vida incorruptível moralmente. É para aqueles que viverão aqui após baixar a poeira transicional, portanto já além do ciclo reencarnatório cármico e depurador ainda necessário. A incorrupção não será de corpo físico material, mesmo porque cada um de nós animou sucessivamente milhares de corpos físicos materiais enquanto esteve no ir e vir reencarnatório aqui no orbe terrestre.
Agora, para a maioria de nós, esse ciclo interexistencial, nos moldes e propósitos expiatórios e provatórios, está se encerrando. É a hora do acerto de contas. Cada um de nós ou vai subir, ou vai descer, ou vai ficar. A separação do joio e do trigo já está acontecendo. [Destaquemos, contudo, que tanto os grãos de trigo quanto os joios continuarão suas trajetórias evolutivas e autossalvacionais normalmente, cumprindo a vontade de Deus, que quer que todos se salvem e que venham ao conhecimento da verdade (Timóteo, 2:4), embora cada um fazendo seus estágios na morada planetária que lhe for vibratorialmente compatível.
Na atual supertransição do nosso planeta, muitos continuarão a viver aqui (“nova Canaã”, “Nova Jerusalém” ou “Paraíso Recuperado”), por causa da adaptação vibratorial luminosa que já vêm fazendo antecipadamente. Outros, que retardaram a própria marcha, com o mau uso que fizeram do livre-arbítrio, continuarão seu crescimento em um planeta vibratorialmente mais denso do que a Terra até agora (“trevas exteriores”). E outros, que já estão acima da média dos iluminados terrenos (trigo da melhor cepa), ascenderão a mundos superiores ao que será a Terra (“mundo dos anjos”).]
Não haverá, pois, ressurreição de antigos corpos físicos materiais, que não mais existem, mas, sim, ressurreição de espíritos e seus novos corpos perispirituais purificados, quando então a reencarnação não será mais corretiva. A vida sem dor, sem doenças e sem aflições será “eterna”. Logo, a morte, como fim de trajetórias terrenais sofríveis, dolorosas e moralmente corruptíveis, será vencida, deixará de existir, já que seu principal instrumento de atuação - o pecado - não mais existirá.
 
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Religiosamente, o fenômeno da evolução das almas pelo processo biológico natural da reencarnação era normalmente aceito pelos católicos (ainda que com as formas de acreditar e de interpretar rudimentares daquela época). Todavia foi condenado oficialmente pelo Segundo Concílio de Constantinopla (o Quinto Concílio Ecumênico da Igreja), em 553, e todas as suas referências diretas na Bíblia foram retiradas. [A Bíblia era um livro exclusivo da Igreja Católica, inclusive porque foi por ela montado, a partir dos textos da Torah e dos evangelhos e seus respectivos livros complementares. Portanto, o Alto Clero achava-se no direito de inserir, excluir e alterar trechos inteiros das Escrituras, de acordo com as mudanças nos seus postulados e dogmas. Isso pelo menos até a Reforma Protestante.] Só não tirou as citações indiretas. Mas estas dependem de interpretação. Deste modo, um antirrencarnacionista nunca vai interpretar as mesmas passagens bíblicas comentadas por Hermínio Miranda a favor da existência do fenômeno reencarnatório. O que se sabe é que depois do tal Concílio, os gigantes cofres do Vaticano começaram a se apinhar.
 
Como a maioria nunca fez regressão de memória para “voltar” consciencialmente para antes do nascimento na atual carne, geralmente é difícil, para não dizer impossível, se provar que a reencarnação existe.
Normalmente, a gente interpreta qualquer texto muito de acordo com nossas ideias preconcebidas. É como se diz: os olhos veem o que a mente quer ver. O ideal é cada um tentar ler ou ver os fenômenos espirituais nu, ou seja, sem carapaças ideológicas, mesmo porque o fenômeno biológico da reencarnação não tem nada a ver com crenças de quem quer que seja, nem mesmo da Doutrina Espírita. É um fenômeno que atinge a todos, indistintamente. [Na Índia, a propósito, é um fenômeno naturalmente reconhecido por todos, considerando que lá o sistema religioso é o Hinduísmo, que prega a reencarnação, há milhares de anos, e todos a veem como regulador de comportamentos baseados na lei de causa e efeito (para eles, lei do Karma).]
Certamente, no atual contexto de transição terráquea, de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração, a simples crença na reencarnação vai ajudar milhões de seres humanos a se salvarem da queda no grande precipicio após o "juízo final" de cada um. Outros, mesmo crendo, não vão se salvar, é claro, porque, via de regra, não é a crença subjetiva que salva. É a crença convertida em fé e em obediência às leis divino-crísticas que salva. [Quanto a crer no Espiritismo como um todo, como se diz popularmente, “aí são outros quinhentos”. Mas, “deixa queto"! Crendo na reencarnação, e, principalmente, tirando bom proveito moral disso, já “é jogo”.]
 
Por enquanto, para a maioria de nós crentes e não crentes nesse fenômeno, é uma discussão estéril e não vale a pena se gastarem neurônios com isso. Cada um tem sua descrença, inclusive baseada em interpretações bíblicas, e outros têm suas crenças baseadas igualmente na mesma Bíblia, além de estudos em fontes literárias científicas e nas reflexões filosóficas espíritas, rosacrucianas, teosóficas etc.
Quem tiver curiosidade no assunto, leia também o livro "Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação", do cientista Dr. Ian Stevenson, que se baseou em centenas de regressões de memória que ele fez pelo mundo afora, com pessoas de várias crenças e até com crianças.
 
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"Ninguém verá o reino de Deus, se não nascer de novo"
 
Eu sou dos que creem que essa afirmativa de Jesus explica mesmo é a reencarnação, e sou induzido nesse sentido, inclusive pela tradução bíblica da Torre de Vigia, que assim traduz: “A menos que alguém nasça de novo, não pode ver o reino de Deus”.
Segundo nota da “Tradução do Novo Mundo”, dessa versão da Bíblia, das Testemunhas de Jeová, a expressão “nascer de novo”, citado no versículo 3 do capítulo 3 do Evangelho de João, seria traduzida literalmente como “ser gerado de cima”.
E, indagado por Nicodemos, que não entendeu o sentido do que acabara de ouvir, Jesus explicou(em João, 3:5): “A menos que alguém nasça de água e espírito, não pode entrar no reino de Deus” (segundo a mesma tradução suprarreferida). Isso me induziria à conclusão de que para essa passagem bíblica podem caber as duas interpretações religiosas mais comuns: a de que se trata do batismo pela reforma íntima, principalmente a partir do arrependimento e despertamento de novo patamar consciencial, bem como de que se trata da menção crística ao fenômeno biológico natural da palingenesia ou reencarnação. Ocorre que não podemos, aqui e agora, dois mil anos depois, dentro uma cultura e de um idioma totalmente diferentes, entender ou forçar um entendimento distinto daquele que teve o próprio Nicodemos. Ele entendeu claramente de que Jesus falava de nascer de novo no sentido material, tanto que ele se espantou, estranhando e questionando sobre como poderia alguém entrar de novo na barriga da própria mãe para voltar a nascer. Quer dizer, pelo menos na língua em que eles dialogavam, (Grego? Aramaico? Hebraico?), Jesus foi claro em relação ao tipo de renascimento, qual seja, renascer da carne, senão outro teria sido o entendimento de Nicodemos, que não era nenhum analfabeto, mas, pelo contrário, era um homem culto.
O “nascer de cima”, na interpretação da Torre de Vigia e de muitas outras traduções bíblicas, pode ser entendido como nascer do mundo espiritual; é quando o espírito, que é o sopro divino, desce e se acopla ao zigoto que vai se gerar no ventre materno, numa substância líquida (a placenta, daí a parte do “nascer da água”, isso para não refletir também que o corpo, que é composto de sessenta por centro de água, seja a “água” referida por Jesus). No versículo seguinte, Jesus fecha a questão: “o que nasce da carne é carne; e o que nasce do espírito é espírito”.
 
“Se um homem não é de novo parido, ele não pode ver o reino de Deus”. – João, 3:3
 
A tradução esperanta das Escrituras clareia mais ainda a questão e me induz ainda melhor à crença no fenômeno da reencarnação: “Se homo ne estas denove naskita, li ne povas vidi la regnon de Dio”, o que se traduz assim, literalmente: Se um homem não é de novo gerado (ou parido) (no sentido de particípio passivo passado), ele não pode ver o reino de Deus. [Em Esperanto, a raiz vocabular “nask-” representa a ideia de parir, de gerar de dentro de algo para fora, de fazer algo surgir, de dar à luz. Quando se diz em português, por exemplo, que a mãe gerou o filho, diz-se em Esperanto: “la patrino naskis la filon”.]
Mas, enfim, como busca de uma estética agradável ao Olho Invisível que tudo vê integralmente, no presente, no passado e no futuro, devemos sempre fazer o bem ou tentar fazê-lo. Procuremos sem cessar nos livrar do mal, inclusive daquele que jaz dentro de nós mesmos, e inclusive do mal que podemos chamar de síndrome de pecador.
A prática das ações boas já possibilita alguma (re)generação antecipada, mesmo ainda se sendo um errante estradante. Claro que quem puder só fazer o bem e nunca mais voltar a pecar, melhor ainda (batismo consciencial). Nasce-se de novo mais cedo, mais iluminado. E nascer melhor a cada momento, seja na atual carne (dando-se a si mesmo à luz crística), seja na carne futura (quando for dado novamente à luz solar, por sua futura genitora), é o que mais importa, não é mesmo?
O mais importante nestes fins de tempo não são tanto nossas crenças nos fenômenos espirituais sejam quais forem, mas, sim, o que fazemos de bom uns para os outros a partir de nossas crenças ou independentemente delas. Eu penso que esta nossa atual existência na carne é a mais decisiva de todas. A esta altura, para onde vamos depois do juízo final e se vamos voltar para aqui em espírito na nova era, ainda que animando outro corpo físico, ou se vamos para outros destinos, acho que só o futuro dirá. É como diz lá em Pedro I, 4:7-8: “Mas o fim de tudo aproxima-se; sede vigilante em orações, antes de tudo tendo intenso amor uns pelos outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados” (Pedro I, 4:7-8).
A ideia maior a esta altura da evolução planetária não é se converter para o Espiritismo nem para religião nenhuma, mas é se converter para o Cristo, no sentido de seguir os ensinamentos dEle (humildade, amor, caridade, perdão...). É isso que salva (do expurgo planetário que se avizinha) e garante a vida eterna, ou seja, a vida sem mais necessidade de reencarnar para sofrer, expiar, ser provado etc.
Crer no Cristo, através de pensamentos, palavras e ações crísticas, vale muito mais do que nossas crenças sobre os fenômenos da vida imortal e cósmica e sobre os dogmas e postulados das nossas religiões.

 
Josenilton kaj Madragoa
Enviado por Josenilton kaj Madragoa em 12/03/2011
Reeditado em 16/11/2013
Código do texto: T2842998
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