Ficção e realidade.

O desenrolar da história mostra que a presença da mulher foi inevitável. A espécie humana não prevaleceria sem a ela. Durante milênio sua imagem esteve atrelada a submissão; foi moeda de trocas, fonte de união e discórdia entre os reinos. Por outro lado, oculta pela aparente paz entre os casais, crescia os mitos e ícones femininos ganharam fama. O segmento religioso ungiu Sara, Betsabéia, Ruth, Raquel, Maria de Nazaré. O mundo contemporâneo formatou a imagem das bruxas, Joana Darc, princesa Isabel, Benazir Bhuto, Tereza de Calcutá, Anna Nery, lady Diana e tantas heroínas que vivem no anonimato registrando a sua biografia.

Paralela a realidade, desenvolveu-se o erudito a outras mulheres, principalmente no mundo imaginário. Uma das mais conhecidas é a Mulher Maravilha criada nos pós- guerra com o intuito de enaltecer o poder americano e a beleza feminina. Mas essa personagem é fundamentada numa lenda conhecida em todo o mundo: “As Amazonas”, suposta tribo de guerreiras independentes em relação ao sexo oposto, que desconheciam os perigos e- munidas de braceletes, laços mágicos, de força descomunal, habilidade nas armas e no poder de sedução-, subjugavam os homens em defesa de seu território.

Com o passar dos tempos, o que era alegoria ganhou representante no cotidiano. Com as mudanças dos hábitos, as prendas domésticas buscaram a sua alforria. A queda dos tabus, a liberdade sexual, a independência financeira, a necessidade e a busca por uma identidade promoveu o avanço social e os espaços masculinos estão sendo tomados por uma classe que cresce sem perder o charme. Em todos os postos lá estão elas: Marinha, Exército, nas grandes empresas, nos cargos subalternos, nas diretorias, profissionais liberais, nas atividades informais...

O terceiro milênio consolida suas conquistas. São donas de seus destinos errando e acertando ao escolher o quê e quando fazer. Como as guerreiras amazonas elas manejam suas armas; o laço das amizades, a força em forma de resignação na luta contra o temor e a solidão aflorando um mundo promissor então desconhecido.

Em 2010, o Brasil se rendeu a força de uma delas. Participante de movimentos estudantis foi oposição aos desmandos ditatoriais sendo presa e perseguida por seus ideais. Munida de tolerância, de persistência, aguardou o momento fazendo se conhecida e se aliando os detentores do poder. Quando a nação buscou por representantes, ela se impôs blindada na justiça e o povo a conduziu ao cargo mais alto. Entronizada no Palácio da Alvorada, na presença de sua mãe, também tem sua princesa e quatro danos para mostrar a sua liderança. Semelhante as amazonas, nomeou outras mulheres entre seus assessores e dispensa a companhia de um marido. Como todo cargo público, sua ascensão é em meio à controvérsia, seus feitos como guerreiras estão publicados, resta conhecer o afago maternal que essa mulher de temperamento forte reserva a uma nação imensa e cheia de contraste.