DOM OU DESENVOLVIMENTO?

Eliane Arruda

O ser humano traz consigo qualidades inatas: inteligência, poderes de reflexão, dedução, indução, interpretação, linguagem... Sendo, por isso, diferente das outras espécies animais. E tanto que, se for desenvolvida pelo menos, uma de suas faculdades, ele pode se tornar um gênio, embora contribua o fator “vontade”. As pessoas normais possuem a capacidade de expressar-se oralmente, contudo se o indivíduo não possuir vontade de ser um orador, apenas o desejo de comunicar-se, através da fala, nunca será um deles, a não ser que um professor consiga encorajá-lo à oratória.

O orador grego, Demóstenes, conforme consta na Wikipédia, ”invejou a glória de Calístrato ao ver a multidão escoltá-lo e felicitá-lo, mas ficou ainda mais impressionado com o poder da palavra, que parecia capaz de levar tudo de vencida. Assim, alimentou a esperança de se tornar um grande orador - sonho que parecia impossível devido à sua gagueira. Após treinamento que demandou enorme esforço, Demóstenes venceu a gagueira e se tornou o maior orador da Grécia”.

E os grandes escritores, será que o foram apenas por dom, faculdade inata da linguagem? Claro que não! Amavam o ofício de escrever, por isso mesmo, dedicaram-se às leituras, ao treino com a palavra escrita, ao estudo da gramática, à observação dos acontecimentos locais e relativos à natureza, a toda sorte de informação... Além dessa abertura interior, precisa haver o gosto da pessoa pelo ofício, e a ajuda da criatividade, outro potencial humano.

Há quem acredite piamente em dom, porém cientistas e pensadores já comprovaram que a linguagem só se desenvolve no convívio social e dizia Descartes: “se uma criança for criada entre lobos, ela não desenvolverá a linguagem, mas, se voltar ao convívio humano, tudo volta ao que deveria ser, e ela aprende a falar. Já um macaco, mesmo que seja criado apenas entre humanos, jamais desenvolverá a linguagem, que nele não é inata”. O chamado dom, portanto, todos os homens possuem, restando ser estimulado e desenvolvido, não surge, milagrosamente do nada.

Já existe, aqui e ali, alguma escola, algum professor que compreendem o que foi levantado acima e promovem instantes apropriados à leitura, à produção textual, ao contato com a música, a pintura, feiras de ciências, oratória, elaboração de jornaizinhos... São poucas essas escolas, esses professores, mas existem e, agindo assim, estão desenvolvendo, nos alunos, a propensão congênita da qual dispõem!

Vivemos em um país, sobretudo em um estado, em que não se valorizam as belas artes, o conhecimento, quase nada... Diante disso, ninguém deve se desmotivar. Quem sabe não será ,futuramente, reconhecido em outro estado, outro país? O que é bom de fato não morrerá, viverá sempre e, às vezes, cruza a fronteira da transcendência

ELIANE ARRUDA
Enviado por ELIANE ARRUDA em 30/07/2011
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