POLÍCIA MATA CRIANÇA (o caso Juan)


“Precisamos de uma revolução democrática dentro e fora da polícia – uma verdadeira revolução cultural”    
                               Deputado Chico Alencar



O MENINO Juan foi morto numa operação policial, que possivelmente tinha outros alvos. Para escapar da Mídia, algumas vítimas foram falsamente acusadas de traficantes. Como Juan era pequeno demais para ser acusado de estar trocando tiros com a polícia resolveram desaparecer com seu corpo.

A enorme reação da Mídia e da Sociedade não permitiu que o Estado se omitisse de investigar o caso e o corpo da criança foi encontrado, mesmo com a afirmação de um Perito de que se tratava do corpo de uma adolescente do sexo feminino, logo depois foi constatado que o corpo era do menor Juan.

O caso Juan não é um caso isolado, tudo indica que as mortes pela polícia do Rio são em parte por confrontos legítimos ou por execuções sumárias. Em uma sociedade civilizada, as primeiras devem ser
minimizadas e as outras eliminadas.

No Rio quando uma ação policial resulta em morte é lavrado um “Auto de Resistência”, auto criado no auge da Ditadura para proteger os policiais suspeitos de homicídio, da prisão em fragrante. Um dos suspeitos da morte do menino Juan possui em sua folha treze Autos de Resistência, o que é no mínimo estranho. O Auto de Resistência só existe no Estado do Rio de Janeiro, não existindo em nenhum outro Estado da Federação.

Em geral não há perícia porque os cadáveres são levados para os Hospitais, diante da argumentação de que o lugar da ocorrência é de alto risco e as testemunhas não são ouvidas, pois as mesmas têm medo de falar. O delegado e o Ministério Público são omissos e em geral solicitam o arquivamento do processo e o judiciário em geral acolhe o arquivamento. Em resumo: estas mortes não são investigadas.

O número de mortes reconhecidas pela Polícia do Rio é elevadíssimo, muito superior ao de estados com níveis de violência parecidos com os do Rio. O governo do Rio incluiu recentemente o “Auto de Resistência” como morte violenta, que é uma meta da polícia. Não resta dúvidas que é um avanço, mas são necessários maiores avanços.

Não podemos esquecer que este Estado já premiou os policiais que mais matavam (gratificação faroeste) e ele deve à sociedade fluminense uma orientação contrária.

Recentemente um policial foi morto em Costa Barros local tradicionalmente violento. A polícia fez uma operação no local e matou seis pessoas. O placar sinistro de 6 a 1 diz bem o que seja lavar a honra do grupo, em um sentido totalmente diferente de uma POLÍCIA MODERNA .

A pacificação não pode se resumir a algumas ilhas de excelência no território fluminense. Enquanto a família de Juan vive em um programa de proteção do estado, as testemunhas uma situação anômala, pois a família de Juan está protegida pelo Estado contra o próprio Estado. Espera-se que a morte de JUAN, não tenha sido em vão.

A frase abaixo resume bem o que seja violência seja ela qual for:


“A violência, seja qual for à maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota”.
            Jean-Paul Sartre                                       

        








Ruy Silva Barbosa
Enviado por Ruy Silva Barbosa em 15/09/2011
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