DELICADEZA DE UMA FLOR

“Futebol é coisa pra homem”

Máxima do futebol

Não concordo com a máxima acima, tendo em vista o bom futebol desenvolvido pelas mulheres nos últimos tempos: o futebol é saúde, é para todos, sem discriminação.

Mas, nas últimas semanas, vimos , pelo menos, duas cenas que tornam incontestável a minha afirmação no título desse texto : o jogador de futebol é delicado como uma flor ( quando quer).

A primeira delas foi a do juiz de futebol Gilson Ramos, atingindo com uma “cabeçada” o goleiro Rafael. Nenhum sangue, nenhum hematoma, e o mesmo atleta que, há poucos minutos, agredira o gandula, atira-se ao chão, dramaticamente, com as mãos no rosto, com estertores dignos de alguém que acaba de receber um tiro fatal.

A outra cena é a do zagueiro Desabato,do Quilmes, da Argentina, que, ao ter colocadas em seu rosto as mãos do atacante Grafite, jogador do São Paulo Futebol Clube, sofre como que um ataque epilético terrível, rola no campo, contorcendo-se em dores, pronto para receber a extrema unção: e o desentendimento , a princípio, era entre Arano e Grafite, nada tinha a ver com ele, o Desabato que desabou.

Também cansamos de ver atletas que se atiram ao chão ao simples toque dos adversários em seus uniformes. É incrível, nos jogos de futebol, o desequilíbrio causado por um pequeno esbarrão ou menção dele: parecem estar todos com labirintite aguda.

Em ambos os casos, apitada a falta ou pênalti , expulso o “agressor” , criada a confusão que leva a torcida ao delírio, a pseudovítima, instantaneamente, coloca-se de pé, e, em muitos dos casos, sai sorridente do acontecido.

É preciso acabar com isso.

Minha sugestão para o fim dessas cenas teatrais é que, dependendo da reação do jogador diante de uma jogada mais ríspida, ele passe por um tratamento de pelo menos quinze minutos, fora do campo, a fim de recompor-se da “violenta agressão sofrida”. Com essa medida , tenho a certeza de que nós, torcedores, ficaremos livres dessas irritantes e constrangedoras demonstrações de atores de quinta categoria.

São considerados esportes de contato o judô, o boxe, a luta greco-romana, mas, no futebol, o contato é parte do jogo, e a reação que alguns jogadores brasileiros têm tido, quando acossados ou impedidos de realizar jogadas, não é a mesma nos jogos , por exemplo, de campeonatos europeus cujas jogadas, em geral , ríspidas, não dão margem às representações baratas a que estamos assistindo nos campos brasileiros.

Vale até a sugestão de alguns torcedores em sites da internet : jogador que não gosta de ser encostado é melhor ficar em casa, fazendo tricô, passando, lavando e cozinhando, qual uma moça prendada.

Tórtoro
Enviado por Tórtoro em 12/07/2005
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