O CÉU DE JESUS

O CÉU DE JESUS

O Cristianismo diverge de todas as demais religiões. É fruto de uma revelação continua, progressiva, eclética, enquanto as outras são concepções humanas, cristalizadas em postulados e fórmulas, cujo valor e prestígio refulgem em dada época, esmaecendo e ofuscando-se depois, à medida que a razão humana vai firmando o seu império.

Jesus é a luz do mundo. O Cristianismo é um sol que não tem acaso; acompanha a Humanidade em sua evolução, cujo surto, através dos séculos, determina, regula e promove, mantendo o espírito do homem em constante novidade de vida.

O Céu de Jesus-Cristo é diferente de todos os outros céus. Nada tem em comum com os Campos Elísios dos gregos, nem com o Nirvana dos hindus, nem com o seio de Abraão dos judeus, nem com a mansão dos privilegiados da graça, nem com os tabernáculos de beatitude inerme, cujas portas se abrem mercê de cerimonias mercantilizadas.

O Céu de Jesus-Cristo é um campo de ação, e um teatro de atividades, é um meio onde a vida se ostenta sob aspectos cada vez mais intensos.

E, por ser assim, ele o compara, em seu Evangelho, com a semente e com o fermento. A semente contém em seu âmago fortes energias latentes, que só aguardam ocasião propícia para entrar em ação. O fermento, a seu turno, é uma força condensada que leveda, que põe em atividade a massa em cujo seio é introduzida, determinando seu crescimento. A semente e o fermento são, pois, imagens, de potencias ocultas, de poderes latentes, tal como se verifica no espírito do homem.

O Céu de Jesus é o reinado do Espírito, é o estado da alma livre, que, emancipando-se de cativeiro animal, ergue altaneiro voo sem encontrar mais obstáculos ou peias que a restrinjam.

Jesus assemelhou também o Céu à parábola dos talentos (moedas), onde figura certo senhorio afazendado, distribuindo entre seus servos, consoante a capacidade de cada um, determinadas importâncias em dinheiro. Decorrido algum tempo, o senhor chama esses servos à prestação de contas. Eles atendem, apresentando o fruto dos seus labores.

O que havia recebido dez moedas, entrega vinte, sendo as outras dez o produto do emprego dado ao capital recebido. O que recebeu cinco, e o que recebeu duas moedas fizeram o mesmo.

Aquele, porém, que havia recebido uma só, trouxe-a desacompanhada de lucro, alegando incompetência, e receio de a por em giro. O senhor louva o proceder dos primeiros, prometendo confiar-lhes, oportunamente, maiores somas; e censura o último pela sua negligência e ociosidade.

Tal a ideia do Céu, que o Filho de Deus nos dá, nesse apólogo, e em outros congêneres. Semelhante Céu, como se vê, é o contraste dos outros Céus, visto como, longe de ser a região da inércia, da estagnação e da beatitude passiva, é um meio de ação, de atividade franca, de porfia acirrada na conquista dum bem maior, dum estado melhor cujo antegozo nos vai sendo dado fruir desde logo, à guisa de incentivo.

Qual a consciência livre, qual a razão esclarecida capaz de trocar este Céu, o Céu de Jesus-Cristo, pelo Céu de qualquer das religiões do mundo?

Qual a inteligência lúcida, qual o senso amadurecido na experiência da vida, capaz de trocar a verdade encarnada no Ungido de Deus, pelas fantasias e quimeras forjadas pelas paixões humanas?

NAS PEGADAS DO MESTRE - VINÍCIUS

Pedro Prudêncio de Morais
Enviado por Pedro Prudêncio de Morais em 24/11/2011
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