QUANDO NASCE UMA CRIANÇA

QUANDO NASCE UMA CRIANÇA

A mulher inesclarecida comprou umas injeções para provocar abortos e as levou a uma conhecida pedindo-lhe o obséquio de lhe aplicar; a colega no entanto não considerava legal o expediente da visitante a explicou-lhe que “de certo modo ela estava assinando o próprio filho; que seria o mesmo que estar eliminando sua filhinha de quatro anos – que estava ali no momento, acompanhando a mãe); e a senhora – prosseguiu a amiga – teria coragem de liquidar a sua filha ai? E apontou a garotinha. Claro que não! Respondeu a outra, aterrada; - pois eliminar uma criança antes de nascer é bem pior, é crime mais hediondo. – Por que? Indagou a visitante. – Porque o filhinho que ainda não nasceu não tem sequer voz para se defender; se fosse essa daí e apontou a menininha que brincava inocente, perto de ambas – ela ainda podia gritar, correr e até quem sabe, comover seu coração dissuadindo-a da agressão criminosa; mas o indefeso ser que ainda palpita no seu ventre não poderá nem mesmo gemer para comovê-lo; ele teria melhor sorte se nascesse e fosse atirado a um esgoto, pois assim quem sabe uma alma caridosa se apiedasse dele e o recolhesse para o conforto de um berço e para a benção de um afeto; seria melhor do que fosse destruído antes de nascer pelas mãos da própria mãe que possivelmente ele saberia amar como um filho grato e bom – chega, Dona, ousa. Interrompeu a mulher acometida de abençoado remorso. – Vou atirar fora essas ampolas e nunca mais pensarei nisso; afinal; se tenho quatro filhos e os vou criando muito bem, porque não acrescentar mais este? E saiu agradecida e confortada

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Ext. de o Revelador – out. 1972 – Iron Junqueira

Pedro Prudêncio de Morais
Enviado por Pedro Prudêncio de Morais em 22/12/2011
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