É comum viajando num ônibus, passeando pelas ruas, parado em certos locais ou simplesmente tranqüilos nas nossas casas, sofrer o ataque feroz de ondas sonoras as quais ecoam de repente, permanecem e jamais cessam.

Falo das músicas que somos obrigados a escutar num volume alto, uma ocorrência bastante comum nos dias atuais.

Sei que muitos, lendo o que agora vou ressaltar, reacenderão um preconceito o qual alimentam em relação aos nordestinos, porém correrei esse risco.

Em Salvador existe uma biblioteca muito famosa localizada no bairro dos Barris.

Caso escolhamos a sala de leitura de tal biblioteca, seremos surpreendidos com um barulho contínuo que vem do local onde parece ocorrer o condicionamento de ar.

Dentro da sala, chegamos a nos acostumar com aquela zoada teimosa, fininha, lembrando um inseto bem chatinho.

Eu sempre indaguei comigo o porquê da sala de leitura ser ao lado desse barulho. Não poderia ser do outro lado?

Também já me indaguei se isso ocorre, por exemplo, numa biblioteca de Paris.

Mas acredito que, no próprio Brasil, existam bibliotecas nas quais é natural ter silêncio. Talvez os amigos de outros lugares possam esclarecer melhor essa questão.

Certa vez realizava um prova referente a um concurso quando fiquei literalmente sozinho. Aguardavam dois fiscais que se juntaram a outros fiscais, começando uma conversa que me incomodou.
Umas duas vezes pedi para que eles fizessem silêncio.

Recordo, quando visitava as praias daqui mais regularmente, uma vez sentado na areia a observar o mar, um colega passou e ironizou “Está meditando?”.

Caso eu estivesse na mesa em que todos estavam sentados tagarelando com um copo de cerveja na mão, certamente ele nada falaria.

O que podemos concluir disso tudo?

1 Não gostamos do silêncio, o mesmo nos incomoda.

Talvez ele provoque um confronto assustador entre nós com nós próprios.

2 Somos mal-educados quando forçamos alguém a escutar algo que esse indivíduo não pediu para ouvir.

3 Adorando ouvir sons numa altura elevada, certamente prejudicamos nossa audição sem nem sequer apreciarmos a música já que fica difícil perscrutar a beleza de uma melodia em paralelo a um barulho excessivo.

4 Ainda existem estudantes?

Sempre que sobra um tempinho, temos que pôr uma música no volume máximo.

Quando a gente lê um livro, faz uma pesquisa, estuda, enfim, em que momento há o silêncio saudável para realizar uma atividade que pede grande concentração?

Será que admitiremos, então, que estamos lendo pouco e refletindo menos ainda, que estamos enlouquecidos com as opções ensurdecedoras do mundo moderno?

Será?

5 Em paralelo a isso, a novela atual das seis fala nas crianças do terceiro milênio denominadas crianças índigo, seres que estão vindo à Terra para apressar um processo de renovação vigente no planeta.

Oh! Infelizmente somente na ficção existem tais crianças, pois no mundo real devemos temer por aqueles que estão começando uma existência em função de tanta loucura e tamanho desrespeito que governam nossas ações.

O que as crianças em geral encontram aqui não me parece nada promissor.

6 Imaginemos hipoteticamente alguém indo a um deserto ficar alguns dias se preparando para alguma tarefa ou apenas relaxando a mente.

Ele seria considerado um louco repetindo algo tão comum no período em que Jesus visitou nosso globo (o próprio Messias necessitou de quarenta dias no deserto).

Conclusão

Pensando no tema, percebo que, nos tempos atuais, as loucuras são novas, porém o desequilíbrio é crescente e velho.

Triste demais!

Escrevendo esse artigo, escutava forçosamente um apartamento próximo a tocar algo que “bondosamente” a pessoa de tal AP resolveu dividir comigo.

Ontem, durante à tarde, um morador daqui abriu o fundo do seu carro e ligou o som. Não tive outra opção a não ser escutar, escutar, escutar, escutar...


Obrigado!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 06/04/2012
Reeditado em 06/04/2012
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