Último "auto de fé" em Portugal

Durante uma visita de estudo a Monsanto senti-me muito impressionada com a atmosfera geral da cidade e particularmente nesta rua e diante desta casa.

Deixei o grupo de professores meus colegas se afastar, para tentar compreender, ser só sentidos.

E foi silêncio, e o tempo como que parado, e uma estranha sensação de perigo latente.

Bati a foto e saí quase correndo. Os meus amigos perguntaram se me sentia mal ao me verem tão alterada.

Dias depois, já em casa, lembrei-me duma antiga notícia de jornal em que era referido o último "Auto de Fé" na Beira Alta, em Portugal (1931).

Em breves palavras lembravam como naquela vila aparentemente pacífica, o povo queimara uma jovem acusada de bruxaria.

E aí, revi a serra agreste, as casas de granito fechadas, como fechados e agrestes eram os rostos das mulheres de negro que encontramos.

Não havia crianças nem risos, apenas o vento corria solto pela cidade trazendo os cheiros bravios da serra.

Eugénia Tabosa
Enviado por Eugénia Tabosa em 18/02/2007
Reeditado em 15/10/2009
Código do texto: T385053
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.