Do Bep-bop ao Third Stream...

Charlie Parker que me perdoe, mas o surgimento do estilo cool foi essencial para que o Jazz tomasse um rumo mais harmônico e cerebral do que aqueles solos e síncopas nervosas do bep-bop que tanto me irritam. É como se o disco girasse numa rotação superior, coisa para virtuoses e neuróticos. Graças a Miles Davis, que também deve ter se irritado com isso, a harmonia volta a ser resgatada e só assim voltamos a ter contato com esse som maravilhoso do verdadeiro Jazz.

Foi Miles Davis que mais tarde inovou e ajudou a criar o Fusion ou Jazz Rock, controverso entre os Jazzistas, mas de extremo bom gosto comparado ao Bep-bop. É claro que esse estilo foi corrompido com o surgimento de sintetizadores eletrônicos e coisas do tipo. Mas tanto Miles como Charlie eram músicos além de seu tempo e continuaram a ajudar na evolução do Jazz, resgatando mais uma vez a verdadeira essência com o estilo Third Stream, onde se encaixa o incrível Dave Brubeck. Que maravilha fizeram eles, uniram de vez a música clássica ocidental com o Jazz de raiz rítmica.

Conta a lenda que esses grandes músicos de Jazz sempre brincaram com a união da música clássica ao improviso do Jazz, mas isso sempre foi som para poucos. Eles se reuniam em grupos, tocavam uma peça clássica e cada um tinha o seu momento de improvisação, devendo voltar a peça clássica no tempo certo. Os que não conseguiam esse feito paravam de tocar e ficavam de fora da roda só escutando os que realmente conheciam da arte... Quem me dera estar sentado num lugar desses tomando um belo copo de wisky e apreciando a verdadeira essência deste estilo musical tão maravilhoso.

Jack Rocha
Enviado por Jack Rocha em 29/07/2005
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