A TERRA ESTÁ ESQUENTANDO

“A Terra está esquentando e o homem é o culpado”.

A notícia só não caiu como uma bomba porque quase ninguém deu importância; exceto os cientistas e uma parte da mídia cabocla que produziu escandalosos programas de Tv e sinistras capas de revista. Pois durante os próximos 100 anos haverá transformações catastróficas sobre a face da Terra com o aumento gradativo da temperatura do nosso planeta em até 4,5 graus Celsius. Chama atenção o fato de nós, os seres humanos, sermos os culpados. A afirmação até parece que foi feita por alguém que se encontra a oeste de Júpiter ou em local mais distante. Não creio que culpar os seres humanos seja uma solução para evitar a desgraça; e se isso servir de alerta ou essa tenha sido a intenção, não sei de nenhum mutirão para esfriar a Terra. A Terra esquenta e esfria a bilhões de anos transformando-se, como convém, e modificando tudo sobre ela. Como nada é eterno, é assim que funciona .

O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática divulgou o que avaliou sobre o efeito estufa. A mídia fez uma certa algazarra durante dois ou três dias e mudou de assunto. Deixou, porém, de dizer que o relatório de 2001 fazia previsões bem piores. Deixou também de dizer que os cientistas não separam as ações humanas das ações da natureza e metem tudo numa única caixa de tragédias. E também divergem e até erram. Nesse relatório há a previsão de que até o ano 2100 o nível do mar terá se elevado entre 12 e 58 centímetros, uma disparidade em relação à previsão de 51 a 140 centímetros feita pela revista Science. Como a diferença é enorme os efeitos também devem ser. James Lovelock escreveu um livro chamado A Vingança de Gaia. Nele o professor e cientista Lovelock diz que a sociedade está conduzindo a natureza para uma crise com suas emissões de gás carbônico e outras formas de degradação ambiental. A vida marinha está ameaçada, haverá falta de alimentos, as fontes de água serão contaminadas e hordas de desesperados migrarão para as áreas do planeta ainda habitáveis. O livro causou polêmica no meio científico. Acham que o professor Lovelock exagerou em suas previsões. “A chance é de 1% de essas previsões serem reais” afirmou Chris Rapley, diretor da Britsh Antartic Survey. Hans von Storch, do Instituto de Pesquisas Litorâneas de Geesthacht, na Alemanha, adverte para a necessidade de evitar a divulgação de informações baseadas em “ciência inconclusa” e deu exemplo. “Há alguns anos certos modelos de computadores previam o aumento do número de tempestades. Simulações feitas anos depois em máquinas mais sofisticadas descartaram essa possibilidade”. Nosso planeta não é um lugar seguro como se pensa – ou não se pensa a respeito, e muito menos um paraíso. Há belezas sim. Todas elas, porém, atribuídas por nosso conceito de belo. A Terra é mais perigosa do que parece. Os continentes se deslocam e flutuam sobre o magma, uma bola incandescente. As cordilheiras do Himalaia, dos Andes e dos Alpes, são o resultado gigantesco dos movimentos de placas tectônicas. Isso, porém, resultou em coisas maravilhosas, como a neve branquinha, para esquiarmos, os hotéis maravilhosos para nos abrigar confortavelmente enquanto bebemos vinho diante de uma lareira aquecedora. As ilhas são o resultado de uma violência sísmica no fundo mar. Mas também são paraísos isolados, para férias deliciosas ou para esconder dólares duvidosos. Há milhões de anos, as ilhas e os continentes não estavam onde estão.

Abaixo de nós tudo está em constante movimento e os terremotos são mais freqüentes do que imaginamos. Só nos Estados Unidos ocorrem 35 terremotos por dia, aproximadamente, uns 13 mil por ano. Sem falar nos ciclones,tufões e tornados que aparecem e destroem o que encontram todos os anos. Os efeitos dos terremotos, além da vibração da terra, causam deslizamentos, tsunamis e mudanças na rotação do nosso planeta. Em 2004, um terremoto na Ásia, mudou a rotação da terra. Cientistas da Nasa informaram que o terremoto aumentou ligeiramente a rotação da terra diminuindo em 2,68 microssegundos a duração do dia.Não é muito, mas não é isso o que importa. Os terremotos causam efeitos devastadores; além da perda de milhares de vidas, e de altos prejuízos financeiros e sociais, como o desabrigo de populações inteiras, a proliferação de doenças e a fome.

O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática – IPCC foi criado pela ONU em l988 e a cada 5 ou 6 anos divulga suas avaliações. Elas baseiam-se em informações fornecidas por centenas de cientistas e por executivos, funcionários de indústrias, que seriam prejudicadas se fossem tomadas medidas radicais para não permitir que as ações humanas influenciassem, de maneira danosa, sobre o clima. Nesses últimos 19 anos não houve nada além de previsões e embates entre alarmistas e céticos de 154 países. Com a temperatura da Terra elevada em mais 5 graus nosso mundo já não será o mesmo. Cidades como Tóquio, Nova York, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Canoa Quebrada e Porto de Galinhas, por exemplo, irão desaparecer encobertas pelo mar. Porém, como se calcula que mais da metade da humanidade viva junto aos oceanos e também tudo o que ela é capaz de produzir, a devastação será muito mais pavorosa. Entre 3 e 4 bilhões de pessoas morrerão de fome de sede e de doenças diversas sistematicamente pois a temperatura da Terra não se elevará de uma só vez e por todo o planeta de maneira uniforme. Tudo isso irá acontecer aos poucos e ao longo dos próximos 100 anos e apenas quem viver verá. Esses são alguns dos efeitos dessas previsões, todas feitas com simulações e cálculos lógicos por cientistas e ambientalistas. Porém devemos pensar que, para essa tragédia acontecer, será preciso que nada mais ocorra no planeta a partir de agora. A ciência terá que estagnar; nada será descoberto, nada será inventado, o conhecimento e o saber desapareceram e a humanidade, em estado de estupidez contemplativa, aguardará o armagedom. A ciência não pára, não estaciona, nem nunca jamais deixará de buscar alternativas de vida e de morte. Nós, os humanos, assim como inventamos artefatos mortais, também criamos técnicas, medicamentos e instrumentos para nos livrar da morte. A busca e a curiosidade são constantes na trajetória humana. Queremos mais sempre, e teremos o que quisermos ter e ser num constante descobrir, aparecer e desaparecer; nascer e morrer. Daqui a 100 anos não seremos os mesmo e desejamos que assim seja. Nosso planeta está em permanente mutação, como de resto todo o universo, porque tudo está sempre em movimento. Viver nesse planeta já foi muito mais perigoso e nem conhecíamos o perigo. Houve um tempo em que não sabíamos nem falar, nem pensar.

Calcula-se que a vida na Terra tenha aparecido há mais de 3 bilhões e meio de anos. Nós, estamos aqui a apenas uns 200 mil anos. Aparecemos nas savanas da África com o nome de Homo sapiens, descendentes do Homo erectus, e nos deslocamos para a Eurásia e Oceania onde chegamos a pouco mais de 40 mil anos; essa caminhada levou um bocado de tempo e só chegamos nas Américas ainda ontem, uns 10 mil anos. Nós descobrimos nossa própria história. Considerando a idade da vida na Terra, 3,5 bilhões de anos, e se, em paralelo, isso significasse 10 dias, o homem teria aparecida na África no último minuto, na Eurásia e Oceania há um segundo e nas Américas há apenas ¼ de segundo; um piscar de olhos diante do tempo infinito. Durante bilhões de anos a Terra tem se modificado constantemente e também tudo o que há sobre ela. Nós não somos culpados de nada. Somos um grão de areia num deserto; com uma só e linda Lua, enquanto Júpiter tem 63, todas igualmente lindas, suponho. Nosso planeta é uma gota dágua num oceano.Se o Sol tivesse 22 cm de diâmetro, tamanho de uma bola de futebol, nessa escala a terra teria apenas 2mm de diâmetro. Nossa Terra faz parte de um sistema solar localizado numa galáxia, a Via Láctea, uma fantástica estrutura constituída de cerca de 300 bilhões de estrelas. Se pudéssemos viajar a 257 mil km/hora, levaríamos 17.600 anos para chegar à estrela mais próxima, nossa vizinha Centauri, distante 40 trilhões de quilômetros. E se saíssemos de nosso Sistema Solar e nos aventurássemos a disparar um raio de luz para cruzar nossa galáxia a 300 mil km/s, que é a velocidade da luz, que percorre 9,46 trilhões de quilômetros por ano, ele demoraria 100 mil anos para cruzá-la. Esses números impressionantes, incluindo-se a idade do sistema solar, formado há apenas 5 bilhões de anos, só os conhecemos recentemente, no século XX dessa última contagem de tempo.

No universo, na totalidade das coisas, a matéria primordial é o hidrogênio, que deu origem a tudo o mais que existe, formado por catastróficas explosões. Entre elas a vida, entre a vida, o homem; que já foi muito mais estúpido do que é hoje. Fico com Nietzsche, que na sua teoria do Eterno Retorno, propõe que no Universo todos os acontecimentos se repetem e se repetirão eternamente da mesma forma."E se um dia, ou uma noite, um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes. E não haverá nela nada de novo; cada dor e cada prazer, cada pensamento, cada suspiro e tudo o que há de indivizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar. E tudo na mesma ordem e sequência...a eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!".

Na teoria do Eterno Retorno cada uma das escolhas do ser humano sempre vêm com um peso enorme. Das mais banais até as mais complexas. O Eterno Retorno também diz respeito aos ciclos repetitivos da vida. Assim, estamos sempre presos a um número limitado de fatos, fatos estes que se repetiram no passado, ocorrem no presente, e se repetirão no futuro, como por exemplo, as guerras, as epidemias, etc mas sempre, porém, de maneira diferente. Civilizações desapareceram e outras surgiram para desaparecer e voltar de outra forma. O universo é animado por um movimento circular sem fim. Não devemos confundir essa teoria com a crença na vida após a morte ou na ressurreição, que Nietzsche condenava. Para ele o homem aqui está preso pelas suas crenças, inventadas e colocadas acima do real. Portanto, acredito que não devemos nos voltar para o “além” e para o “eterno”, porque são essas mistificações que reduzem o homem à condição de escravo e ainda elimina dele as fontes mais profundas da vida. O Universo se alterna criando e destruindo; entre o bem e o mal.

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Advertência

1)Uma metáfora - E não será porque alguém vai namorar só daqui a uma semana que até lá não vá escovar os dente, tomar banho, cortar as unhas, depilar-se ou barbear-se, conforme o caso- ou em ambos-passar desodorante nas axilas, pentear-se, beber, comer, trabalhar, estudar e divertir-se. Essas atitudes e esses cuidados devem ser tomados todos os dias por toda a vida.

2) Um silogismo - Tudo no universo está em movimento e em constante mutação. A Terra é parte do Universo. Logo, a Terra está em movimento e em constante mutação.

CESAR CABRAL
Enviado por CESAR CABRAL em 23/02/2007
Código do texto: T390068
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