NEYMAR NA PLACAR: BANALIZAÇÃO DO SAGRADO

A capa da revista Placar do mês de outubro traz o jogador Neymar crucificado, com os braços estendidos, sem camisa e com um lenço amarrado na cintura com o emblema do Santos. A chamada de capa diz: “A crucificação de Neymar- chamado de ‘cai-cai’ o craque brasileiro vira bode expiatório em um esporte onde todos jogam sujo”. O diretor da revista, Maurício Barros, explicou que não pretendia fazer nenhuma provocação de cunho religioso. Talvez esteja falando a verdade.

Em primeiro lugar, fico feliz que uma imagem deste tipo cause uma indignação não violenta aos cristãos. Enquanto escrevo estas linhas não sei se algum líder evangélico se pronunciou sobre a referida capa. A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) publicou nota nesta sexta-feira em repúdio à capa da revista. Um trecho diz: "Reconhecemos a liberdade de expressão como princípio fundamental do estado e da convivência democrática, entretanto, que há limites objetivos no seu exercício. A ridicularização da fé e o desdém pelo sentimento religioso do povo por meio do uso desrespeitoso da imagem da pessoa de Jesus Cristo sugerem a manipulação e instrumentalização de um recurso editorial com mera finalidade comercial".

Nestes dias, pessoas foram mortas por extremistas muçulmanos por causa de um vídeo em que Maomé é ridicularizado. Entretanto, para os cristãos a violência não é um meio lícito para defender sua fé ou sua causa. Pressionado a apelar para luta armada durante os protestos pelos direitos civis dos negros, Martin Luther King afirmou: “Não podemos permitir que nosso protesto criativo degenere em violência física. A cada momento, precisamos alçar às alturas majestosas para defrontar a força física com a força da alma.”

No entanto, há uma indignação justa contra a profanação, a banalização do que é puro. Há coisas tão sagradas que temos que “tirar nossas sandálias” para mencioná-las. Quando Jesus expulsou os vendilhões do templo ele disse: “A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores” (Mt. 21:13). Ou seja, eles mancharam a pureza daquele local, que era reservado para a adoração.

Colocar Neymar crucificado, assim como esteve Cristo, é banalizar uma imagem indizivelmente sagrada e deve ser repudiada com veemência, mas de forma pacífica.

George Gonsalves
Enviado por George Gonsalves em 28/09/2012
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