A ESPERA

Quem gosta de esperar? Eu não gosto. Fico impaciente e ansiosa quando alguma coisa ou alguém que espero demora a chegar. Um telefonema, uma mensagem avisando porque está demorando, já alivia um pouco a tensão e faz muito bem. Esperar não é nada bom, especialmente pelo que não depende da nossa vontade. Assim diz minha mãe: Quem não tem paciência não se salva, eu respondo: Então não vou me salvar.

Esperar é um teste de paciência. Se for por uma causa nobre até que vale a pena.

A espera, é dos sentimentos mais estranhos que se deparam perante nós quando vamos de encontro a esta situação. Todos os cenários possíveis e imaginários passam pela nossa cabeça levando-nos a presenciar os estados mais excitados, repletos de conotação positiva, otimismo extremo, felicidade duradoura, mas também o negativo, a tristeza, a desilusão. Pode ser quase equiparada como a passagem repentina do Céu ao Inferno. Mas atenção, pois não é a mesma coisa. É raro alguém num determinado momento, conseguir viver essa experiência tão perturbadora, tão degradante para a condição humana. O insensível chora, o mais forte fraqueja, o mais corajoso acovarda-se, o poeta deixa de amar e a sua chama viva esmorece e extingue-se nos campos da solidão. É nessa altura que as questões irrompem por todos os poros pelos quais respiramos a vida. Todas surgem, independentemente da estupidez que cada uma poderá acarretar. É como que o nosso cérebro descompensasse, buscando desesperadamente respostas, soluções para a ansiedade do esperar.

Quando estamos à espera que algo aconteça, é o momento em que não temos o nosso destino na mão. A vida resume-se a um caminho pelo bosque, onde, de tempos a tempos encontramos bifurcações, nas quais temos de decidir o nosso destino. Ou vamos por um, ou vamos por outro. Somos nós que decidimos. Mas quando esperamos por uma decisão, tome ela a forma que tomar, sentimo-nos pequenos, inseguros, desorientados. É o momento em que algo ou alguém vai decidir por nós. É o momento em que o nosso próprio destino nos escapa das mãos. Sintomatologicamente , o nosso corpo reage, das mais variadas formas que toda a gente já experienciou . A verdade é nua e crua: não podemos fazer nada... a não ser esperar. E mais uma vez diz minha mãe, "quem se apressa come cru".

Mary Josi
Enviado por Mary Josi em 31/10/2012
Código do texto: T3961037
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